Paraguai diz seguir manobras militares do Brasil com atenção
País mobilizou 10 mil homens na fronteira para treinamento;
Lugo afirma que protestará contra excessos
Reuters -Via Estadão
ASSUNÇÃO - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse nesta terça-feira, 21, que seu governo acompanha com atenção os exercícios militares realizados pelo Exército brasileiro na região de fronteira, e advertiu que protestará em caso de excessos. O Brasil começou no dia 13 a chamada Operação Fronteira Sul 2, para a qual mobilizou cerca de 10 mil homens nas fronteiras com Paraguai, Argentina e Uruguai, como treinamento contra atividades ilegais.
As manobras, que irão até o dia 24, geraram mal-estar entre moradores do lado paraguaio da fronteira, que viram no fato uma demonstração de força contra ameaças de camponeses de ocupar propriedades de agricultores brasileiros. Em entrevista coletiva, Lugo disse que as manobras são normais e que o Brasil tem direito de realizar exercícios militares no seu território sem com isso violar a soberania de ninguém.
"A postura do governo é clara: a soberania nacional não foi quebrantada, a independência e a autonomia do nosso governo não foram violentadas. Nesse sentido, oficialmente não fizemos nenhuma reclamação por esses exercícios . Mas nem um milímetro do território e da soberania do país pode ser molestado. Se isso ocorrer, a reação paraguaia não se deixará esperar", afirmou.
Lugo admitiu que a presença das tropas "desperta a sensibilidade do paraguaio", mas que outros países realizam exercícios perto de fronteiras "sem maiores repercussões". O embaixador brasileiro em Assunção, Valter Pecly, que está deixando o cargo, afirmou que as relações bilaterais são boas e que a operação é rotineira.
"Essa operação é feita duas vezes por ano na fronteira sul, é algo muito natural, e é feita também na Amazônia, na fronteira com Colômbia, Venezuela, Bolívia, e não acontece nada", disse o diplomata a jornalistas depois de reunião com Lugo.
Pecly disse que Brasília vê com preocupação as ameaças aos seus cidadãos, mas "confia em que as instituições correspondentes no Paraguai vão atuar dentro da lei."
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