Fonte: Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3 Por Júlio Ottoboni (SP) - Via Investnews e Gazeta Mercantil
T-27 Tucano - Se a RAF vai modernizá-lo por que a FAB não faria o mesmo?
Os militares chegaram a admitir a hipótese de comprar aeronaves européias para substituir o bimotor. Porém, a robustez da estrutura do Bandeirante fez que se buscasse recuperar as aeronaves produzidas pela Embraer. Com a modernização, a frota da FAB ganhará entre 20 a 30 anos de vida útil.
O total do contrato de modernização é estimado em US$ 16 milhões será firmado com a Embraer, que fará o gerenciamento do processo. No entanto, as inovações nos sistemas aviônicos dos aparelhos será definido até o final deste ano entre um consórcio brasileiro e a Elbit Systems, de Israel.
Os aviões receberão desde piloto automático, displays, sistemas de controle e informação de vôo, um novo projeto de elétrica e eletrônica de bordo e a troca integral dos painéis. Praticamente será utilizada somente a estrutura do avião, pois os equipamentos de vôo serão todos trocados.
Atualmente, os mecânicos aeronáuticos da FAB encontram dificuldades para manter os Bandeirante com funcionamento integral. Além de obsoletos, os equipamentos de vôo deixaram de ser produzidos e os sistemas de navegação aérea estão ultrapassados para os padrões de exigência em vigor.
Em 18 anos de produção saíram 498 Bandeirantes da fábrica de São José dos Campos. O aparelho, um sucesso mundial presente em 36 países, teve encerrada sua produção em 1991, em meio a uma das piores crises da Embraer. A última aeronave foi entregue ao governo do Amazonas em 1995. Ainda estão em operação 320 Bandeirante.
O Brasil foi o maior comprador deste avião, com um total de 253 aparelhos. A FAB adquiriu 156 unidades e outras 97 foram destinadas a operadores nacionais. Os restantes 245 aviões foram exportados, principalmente para os Estados Unidos.
O Bandeirante foi o projeto aeronáutico que levou à criação da Embraer. Concebido e construído no antigo Centro Técnico da Aeronáutica (CTA), o avião fazia parte de um programa nacional da FAB para criar um aparelho que unisse a boa performance com uma alta resistência para enfrentar as mais diversas dificuldades impostas dentro do território nacional.
O avião foi concebido para atender as missões de alto grau de dificuldade, como pouso e decolagem em pistas de terra, vôos em locais de clima adverso, transporte de tropas e equipes médicas para áreas inóspitas, inclusive de selva , patrulhamento de fronteiras entre outras. O desempenho foi tão positivo que acabou por se tornar um produto comercial, voltado para abastecer o mercado nacional e internacional.
Homenagem a Ozires Silva
No último domingo, a direção da Embraer comemorou o 40º aniversário do vôo inaugural do avião. O ponto alto do evento foi a homenagem prestada pelo atual presidente da companhia , Frederico Fleury Curado, ao fundador e primeiro dirigente geral da empresa, o coronel-aviador e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e articulista da Gazeta Mercantil, Ozires Silva.
Fonte: CECOMSAER - FAB
Há 40 anos, numa pista de vôo sem pavimentação, decolava o primeiro protótipo do Bandeirante, no então Centro Técnico Aeronáutico, hoje Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA).
A aeronave deu origem à Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) que se tornou referência no mercado de aviação mundial. Essa e tantas outras conquistas no setor aeronáutico brasileiro foram comemoradas neste domingo (19), na Embraer, em São José dos Campos (SP), com a presença do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Junito Saito, oficiais-generais do Alto Comando, autoridades civis e integrantes da empresa.
Em discurso, o Comandante da Aeronáutica construiu um paralelo do sucesso da Embraer com o grande inventor da aviação. “A genialidade e o espírito empreendedor do brasileiro Santos-Dumont permitiram à humanidade a conquista do espaço (...) A mesma genialidade, igualmente o mesmo espírito empreendedor, aflorados num visionário grupo de brasileiros, permitiram ao Brasil decolar para um altaneiro vôo, o primeiro vôo do Bandeirante”.
O Comandante ainda comentou a versatilidade em atuar como “catalisador” da pesquisa e do desenvolvimento e possuir um parque industrial aeronáutico mundialmente reconhecido.
Para a construção do primeiro protótipo do Bandeirante, identificado pela sigla IPD-6504, foram necessários três anos e quatro meses, num total de 110 mil horas de trabalho, que contou com cerca de 300 pessoas lideradas pelo engenheiro aeronáutico, à época o Major Ozires Silva.
“Pela sua importância na criação da indústria aeronáutica brasileira, o avião Bandeirante é um dos marcos de um bem-sucedido projeto estratégico de longo prazo empreendido pelo Governo Brasileiro, que culminou na criação e na consolidação da Embraer no cenário internacional”, enfatiza o Diretor-Presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado.
Dos três protótipos originais do Bandeirante, o primeiro pertence ao acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL), no Rio de Janeiro. O segundo protótipo, apresentado na comemoração, pertenceu originalmente à Força Aérea Brasileira e hoje faz parte do acervo da Fundação Santos Dumont. A aeronave foi restaurada, em pouco mais de um mês, por uma equipe composta de empregado e ex-empregados. A pintura foi refeita nas mesmas cores e tonalidades (branca, com uma faixa azul no meio, e cinza, na parte de baixo). No nariz do avião foram pintadas as bandeiras dos dez países da América do Sul onde o protótipo realizou vôos de demonstração.
O terceiro protótipo se encontra em exposição permanente no parque Santos Dumont, em São José dos Campos. No final, o Comandante da Aeronáutica foi homenageado pelo Diretor da Embraer com uma maquete do aeronave Bandeirante.
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