Blindado alemão penetra num dos subúrbios de Stalingrado.

Cerco em Stalingrado

Por Desconhecido - Fonte: Portal Segunda Guerra Mundial

Nos primeiros dias de setembro, quando os alemães procuravam romper as linhas russas no Volga e o destino de Stalingrado era dos mais duvidosos, os russos começaram, com notável confiança, seus preparativos de contra-ofensiva. A tarefa de guarnição de Stalingrado era de resistir o mais possível e inflingir o máximo de perdas aos atacantes. A noroeste da cidade foram lançados numerosos ataques russos, em parte para aliviar a pressão, mas também para conter o flanco alemão nessa zona e garantir posições favoráveis a futuras operações. Mais a oeste, foram estabelecidas numerosas cabeças de ponte através do Don, na região em torno a Kletskaya. Enquanto estavam em progresso tais esforços, as grandes forças que haviam sido conservadas em reserva avançaram para a zona de Serafimovich a fim de atacar a ala esquerda alemã. Em novembro, preparativos semelhantes eram realizados no flanco sul. Através do Volga que se congelava lentamente, e com a travessia dificultada pelos blocos flutuantes de gelo, foi transportada uma força, protegida pela escuridão. Noite após noite as tropas foram transportadas por pontões, barcaças e botes, e concentradas por detrás das colinas de Ergeni, esperando a hora do assalto.

Bateria alemã abandonada. Junto a ela jazem os soldados alemães que a manejavam. “Resistir até o último homem”.


O golpe foi planejado para o momento em que as forças alemães tivessem sido obrigadas a dar o máximo de seus esforços. O enfraquecimento do assalto e a preocupação sobre a situação que se seguiu à invasão aliada do Norte da África tornou evidente, em meados de novembro, que havia chegado o momento favorável. Durante as semanas anteriores os russos haviam cuidadosamente localizado as posições de artilharia alemã e limpado pacientemente um caminho através dos profundos campos de minas que protegiam as defesas nazistas. A 19 de novembro, sob a cobertura de pesada barragem de artilharia, os russos lançaram-se num movimento de tenazes, procedentes do norte e do sul contra as forças romenas e alemães diante de Stalingrado.

O exército vermelho vai fervorosamente ao encontro dos alemães.

O avanço principal procedente do norte partiu das proximidades de Serafimovich. Deslocando-se diretamente para o sul, os russos lançaram duas colunas de flanco, sendo que a do oeste tinha por fim estabelecer o controle ao longo do rio Chir, e a coluna que marchava para leste avançava na direção de Kletskaya enquanto o grosso progredia a fim de cortar a estrada de ferro a oeste de Stalingrado, em Surovikhino. Mais a leste outras formações avançaram em duas colunas para oeste, dentro da curva do Don em direção a uma possível junção com a força que avançava sobre Kletskaya. A outra progrediu para o sul, atravessando o Don acima de Kalach e capturando a cidade, abrindo-se então em leque em várias direções contra a retaguarda dos exércitos alemães entre o Don e o Volga. Ainda mais para leste uma força secundária atacava diretamente a jusante do Volga a fim de cortar o saliente alemão que havia alcançado o rio, e fazer junção com a guarnição na parte de Stalingrado.

Ao sul da cidade o outro braço do movimento de pinças desenvolveu-se igualmente em várias direções. O golpe principal foi desfechado detrás das elevações de Ergeni na direção da estrada de rodagem e de ferro que corre para sudeste partindo de Stalingrado, e ao mesmo tempo em que apoiava os ataques mais ao sul, contribuía para o lançamento de uma cunha que obrigasse os alemães mais ao sul a deslocar-se de suas linhas de comunicação. A ferrovia foi cortada em Abganerova pela força principal. Enquanto parte da mesma continuou a avançar a fim de fazer junção com o braço norte da tenaz, e a ala direita voltava-se na direção de Stalingrado, a ala esquerda avançava para sudeste, ao longo da linha férrea, enquanto as forças mais para o sul convergiam também para a área de Kotelnikov.

Quatro dias depois do começo do avanço, o objetivo inicial fôra atingido. Fôra lançado um anel em torno das forças alemães situadas entre o Don e o Volga. O corredor entre essas forças e o grosso das tropas alemães era alargado cada vez mais à medida que parte das forças russas se voltavam para Stalingrado, fazendo pressão do oeste sobre o 6o Exército alemão, enquanto a parte restante estabelecia uma frente ao longo do rio Chir e prosseguia na missão de liquidar as guarnições alemãs cercadas na curva do Don. De acordo com o comunicado russo, dez divisões romenas e quatro alemães haviam sido destroçadas e mais três divisões alemães haviam sofrido seriamente, além das vinte e duas isoladas diante de Stalingrado. As duas principais estradas que serviam essa zona haviam sido cortadas, e através das brechas abertas nas defesas alemães os russos tinham avançado em certos pontos até 150 km.

O êxito conseguido nessa fase inicial não era, entretanto, decisivo. Os alemães, passada a surpresa do primeiro choque, reorganizaram-se e aumentaram a resistência. No começo de dezembro as pontas de lança ocidentais haviam sido obrigadas quase a deter-se em conseqüência dos contra-ataques locais cada vez mais fortes, enquanto a aviação intervinha cada vez mais ativamente a fim de apoiar a resistência. Embora o anel inicial tivesse sido forjado em torno de Stalingrado, o círculo maior com sua orla ocidental apoiada no rio Chir não fôra ainda fechado, permanecia a possibilidade de que um contra-ataque alemão pudesse atacar violentamente a fim de restaurar as comunicações com o 6o Exército entre o Don e o Volga.


Pilha de corpos de soldados alemães.

Foi essa a operação que os alemães desencadearam na segunda semana de dezembro. Reunindo suas forças em Kotelnikov, atacaram a 12 de dezembro com poderosa formação de choque com três divisões de infantaria, três divisões de tanques e duas divisões de cavalaria. Durante os primeiros dias conseguiram repelir os russos e criar uma situação extremamente perigosa. Empregando seus tanques em pequenos grupos, von Manstein desferiu uma série de golpes em diferentes lugares numa rápida sucessão. A ameaça atingiu seu clímax entre os dias 15 e 17, quando pareceu que os alemães poderiam romper as linhas e envolver a força russa. Isso foi evitado pela tenaz resistência dos flancos, mas ao cabo de doze dias de sua ofensiva os alemães tinham conseguido avançar 60 km. Na véspera de Natal, entretanto, chegaram reforços para os russos, que passaram imediatamente à ofensiva; três dias mais tarde recuperaram o terreno perdido e reiniciaram seu avanço para Kotelnikov.

Os últimos alemães se entregam. Em torno da trincheira jazem alguns companheiros.

Foi este um êxito da mais alta importância. Em certo sentido completou a vitória de Stalingrado. A força de von Manstein, que havia perdido a metade de seus efetivos blindados numa vã tentativa de salvar o 6o Exército, foi forçada a retirar-se protegida pelos remanescentes de seus tanques, que se esforçavam para deter a perseguição russa. Em face deste revés os alemães foram obrigados a abandonar qualquer esperança de restaurar a situação na curva do Don e tiveram de fazer frente a um drástico reajustamento de toda a situação a fim de poder enfrentar os golpes que os russos continuavam desferindo.

O resultado tornou-se duplamente certo quando foi lançada a ofensiva partida da zona do curso médio do Don, em meados de dezembro. Destinava-se a aproveitar o peso do avanço inicial partido de Stalingrado, cujo ímpeto diminuía depois de quatro semanas de luta. Em realidade, a operação foi desfechada quando se encontrava no máximo o contra-ataque alemão em torno de Kotelnikov, e o êxito russo em repelir o ataque foi dificultado pelo novo perigo à retaguarda das forças que permaneciam na curva do Don.

O objetivo do avanço era atravessar a ampla base do saliente do Don, fortalecendo desta forma o anel inicial que fôra lançado em torno dos alemães diante de Stalingrado e reforçado no fim de dezembro quando outro anel se fechou na junção do Don e do Chir. A operação foi lançada por duas colunas principais. Uma, ao comando do general Golikov, lançou duas pontas de lança para o sul, de um lado e de outro de Boguchar. A outra, ao comando do general Vatutin, atacou para oeste partida de posições dentro da curva do Don, nas vizinhanças de Borovskaya. Atacando a 16 de dezembro, as duas forças cortaram as defesas alemães, que em certos pontos eram escalonadas em quatro linhas, tendo uma profundidade de 16 km. Uma vez atravessadas essas fortificações, o caminho ficava aberto para um rápido avanço destinado a cortar a estrada de ferro Moscou-Rostov, e avançar para o sul, na direção de Rostov. Numa dura luta, a força do general Golikov irrompeu através de uma frente de 100 km, enquanto Vatutin abria uma brecha de 18 km a fim de efetuar o cerco e a captura de Boguchar e tomar parte num avanço combinado em direção à importante cidade ferroviária de Millerovo.

Nas duas semanas seguintes o avanço progrediu consideravelmente. A captura de Chertkovo, num violento combate travado a 27 de dezembro, deu aos russos um forte ponto de apoio na estrada de ferro acima de Millerovo e, a esse tempo, uma parte da força que avançava rumara para o sul, ultrapassando a cidade e cortando a ferrovia situada mais adiante. Esta ponta de lança continuou avançando e tomou Tatsinskaya, com seus importantes aeródromos nos quais foram capturados 300 aviões imobilizados por falta de combustível ou por que estavam presos ao solo pela neve. Simultaneamente as alas se desdobraram tanto para leste como para oeste da ferrovia para alargar o corredor e auxiliar no processo de liquidação das forças alemães dentro da curva do Don, e ainda outra base aérea nazista caiu em poder dos russos com a captura de Chernishkovskaya, a meio caminho entre Stalingrado e a estrada de ferro Moscou-Rostov. Tratava-se de duas das principais bases das quais o 6o Exército estava sendo abastecido pelo ar, e sua queda em poder dos russos aumentava as dificuldades da manutenção da resistência da força cercada.

Entrementes o reinício do avanço russo a sudoeste de Stalingrado se desenvolvia no sentido de fazer junção com as tropas que se encontravam no curso médio do Don. Enquanto outra coluna atacava a estrada de ferro Stalingrado-Tikhoretsk, outra mais ao norte avançava ao longo do curso inferior do Don. O objetivo imediato da primeira dessas pontas de lança era Kotelnikov. Esta era uma importante base avançada para os exércitos ao sul de Stalingrado e dentro da curva do Don, as suas defesas foram fortalecidas pelos remanescentes das três divisões blindadas de von Manstein, que recuaram depois do fracasso do contra-ataque alemão. Aí também o avanço soviético ultrapassou a cidade e cortou as comunicações, apoderando-se da cidade, por assalto, a 29 de dezembro. Uma semana mais tarde, a coluna do general Rokossovsky, avançando a jusante do Don, alcançou e capturou Tsimlyansk. As operações ao sul achavam-se em processo de coordenação com as do curso médio do Don, numa ameaça concêntrica à base-chave de Rostov.

A 31 de dezembro, os russos emitiram um comunicado em que apresentavam os resultados obtidos desde o começo da ofensiva de 19 de novembro. 36 divisões tinham sido destruídas ou destroçadas, incluindo 6 divisões blindadas, enquanto 17 outras haviam sofrido graves perdas. Noticiou-se que as baixas alemães atingiam 175.000 mortos e mais de 137.000 capturados, tendo as formações italianas e romenas sofrido pesadas perdas. A maior parte do território dentro da curva do Don fôra recuperado; e a oeste de Stalingrado permaneciam os remanescentes de 22 divisões alemães e romenas cujo destino estava agora definitivamente selado pelas vitórias russas.

Por ocasião do Ano Novo não havia mais qualquer esperança de salvar o 6o Exército. Todas as comunicações com o grosso das forças do Eixo tinham sido, havia muito, cortadas. Enviados pelo ar, os abastecimentos alcançavam, com crescente dificuldade, as tropas cercadas, à medida que as bases aéreas mais a oeste caíam em mão dos exércitos soviéticos e quando as defesas aéreas russas começaram a castigar severamente os aviões alemães de transporte. As forças cercadas se haviam concentrado entre o Don e o Volga numa área que se estendia originariamente por cerca de 130 km de norte a sul e 65 de leste a oeste. Nessa área os nazistas trataram de organizar suas defesas para uma resistência prolongada, esforçando-se ao mesmo tempo no sentido de aliviar a pressão exercida pelo anel que os constringia. Apesar desses esforços, eram empurrados para limites cada vez menores. Dentro das ruínas de Stalingrado os alemães se aferravam obstinadamente a seus pontos de apoio, mas nas planícies a oeste dessa cidade estavam desabrigados contra os persistentes ataques russos lançados de várias direções, acompanhados por incessantes bombardeios de artilharia e de aviação. Na primeira semana de janeiro, o efetivo inicial de 300.000 homens (incluindo unidades de polícia e de engenharia) havia sido reduzido para 200.000 e fôra comprimido para uma área de 50 km de comprimento por 30 de largura.

Foi significativo o fato de que o 6o Exército não fez nenhum grande esforço ou mesmo auxiliou o contra-ataque realizado com a intenção de salvá-lo. Houve esforços locais para aliviar a pressão, mas estes contribuíam apenas para aumentar o desgaste das tropas. A falta de combustíveis e de abastecimentos adequados parece ter reduzido o 6o Exército a um papel apenas defensivo e de dependência dos esforços externos para salvar as tropas cercadas. Quando tais esforços fracassaram, tudo foi organizado no sentido de fazer com que a força cercada vendesse a vida tão caro quanto possível. Aferrando-se às suas posições, podia distrair consideráveis efetivos soviéticos e impedir que os russos fizessem completo uso das estradas de ferro que ligavam as regiões do Cáucaso e do curso inferior do Don ao interior da Rússia. Assim, segundo Berlim "o comando alemão ganhou tempo, bem como a possibilidade de tomar medidas de cuja execução depende o destino de toda a Frente Oriental". Esta afirmação bem revelava a desesperadora situação em que então se encontrava o alto comando alemão.

Mas embora o 6o Exército procurasse agir como se fosse um "ouriço", seus recursos e suas defesas eram inadequadas para o cumprimento dessa missão. Tivera pouco tempo para fortificar suas linhas fora de Stalingrado, e a perda da elevação de Mamayev Kurgan nos primeiros dias de janeiro privou-o de um ponto de grande valor como posto de observação e posição de artilharia. O 6o Exército alemão ficou desta forma cego e preso dentro de uma área que diminuía inexoravelmente.

A 8 de janeiro os russos apresentaram seu ultimato. Acentuando as crescentes dificuldades do abastecimento pelo ar, a derrota decisiva do esforço de salvamento, e as terríveis condições hibernais que ainda estavam por chegar, os soviéticos colocavam os sitiadas na alternativa da rendição ou do aniquilamento. Não tendo recebido resposta, desencadearam o ataque a 10 de janeiro, num resoluto esforço para esmagar o inimigo cercado.

A 16 de janeiro o fim se aproximava rapidamente. Ataques lançados do oeste e do sul fizeram recuar as linhas alemães. A área cercada ficou reduzida da metade. Um dos principais aeródromos em Pitomnik fôra capturado e a guarnição alemã ficou reduzida a 50.000 homens aproximadamente. Durante a semana seguinte, esse efetivo foi reduzido ainda mais. Com a captura de Gumrak, as alemães perderam o último aeródromo importante. Um pesado ataque foi lançado do sudoeste, com o apoio de ataques secundários do oeste e do norte e de uma pressão sobre a zona de Stalingrado ainda em poder dos alemães. A 22 de janeiro os alemães anunciaram que havia sido cravada uma cunha em suas posições. No dia 26 restavam apenas 12.000 defensores, divididos em dois grupos e precariamente abastecidos com mantimentos lançados pelo ar.

Os russos haviam agora libertado as estradas de ferro nos arredores de Stalingrado e deram início ao ataque final. A 31 de janeiro obtiveram a vitória decisiva. As tropas alemães na parte central de Stalingrado renderam-se e entre os prisioneiros contavam-se 16 generais. Incluíam o comandante, von Paulus, que havia substituído von Hoth nos primeiros dias de janeiro, e cuja promoção ao posto de marechal de campo fôra anunciada naquele mesmo dia pelo alto comando alemão. Restavam apenas uns poucos milhares de alemães que defendiam a fábrica de tratores na parte norte da cidade. Um violento bombardeio seguido de um ataque noturno esmagou-os a 2 de fevereiro, levando a epopéia de Stalingrado a um fim triunfante. Mesmo não considerando o número de baixas, a perda alemã de material, segundo se crê, foi maior do que as perdas inglesas nas campanhas de Dunquerque, Noruega e Grécia. Em Berlim, as autoridades decretaram três dias de luto pela perda do 6o Exército, cujo sacrifício fôra tão necessário aos seus camaradas que se encontravam mais a oeste, e eram tão duramente acossados pelos russos. Para os soviéticos, o resultado final da heróica luta de Stalingrado e o golpe esmagador desferido no prestígio do arrogante inimigo constituíram motivo de justificado júbilo.



a Batalha de Stalingrado

Estalinegrado foi um ponto de mudança na Segunda Guerra Mundial, e é considerada uma das batalhas mais violentas da história. A batalha foi marcada pela sua brutalidade e pelo desrespeito por baixas civis em ambos os lados. A batalha inclui o ataque Alemão na cidade do sul da Rússia, Estalinegrado (hoje Volgogrado), a batalha dentro da cidade, e a contra-ofensiva Soviética que eventualmente emboscou e destruiu as forças Alemãs e do Eixo (história) dentro e à volta da cidade. O total das baixas em ambos os lados é estimado em cerca de 2 milhões de pessoas, incluindo civis. As forças do Eixo perderam um quarto do total dos seus homens na Frente de Este, e nunca se recuperaram da derrota. Para os soviéticos, que perderam mais de um milhão de soldados e de civis durante a batalha, a vitória em Estalinegrado marcou o ínicio da libertação da União Soviética, culminando com a vitória sobre a Alemanha Nazi em 1945.

A 22 de Junho 1941 a Alemanha e os seus aliados (Eixo) invadiram a União Soviética, avançando rapidamente para dentro de território Soviético. Tendo sofrido derrota após derrota no Verão e Inverno de 1941, as forças Soviéticas contra-atacaram em larga escala nos portões da capital Soviética, na batalha de Moscovo, a Dezembro 1941. Os Alemães, exaustos, mal equipados para guerra no Inverno e com as linhas de suporte muito longas, foram arrastados do alcance de Moscovo.

Os Alemães estabilizaram a sua frente na Primavera de 1942. Não obstante, as baixas da campanha de 1941, mais as perdas de blindados e de material militar, tornavam impossível a retomada de uma ofensiva em todo o front oriental, obrigando Hitler a ter como ponto de partida uma ofensiva apenas setorial em 1942. Planos para lançar uma segunda ofensiva contra Moscovo foram rejeitados, não apenas porque o Grupo Central do Exército tinha sido demasiadamente enfraquecido para um ataque, mas porque, além disso, tal ataque seria "demasiado óbvio", contrariando a filosofia da Blitzkrieg, que era atacar onde o inimigo menos esperava, para que ganhos rápidos pudessem ser obtidos antes que uma defesa pudesse ser criada. Por este motivo novas ofensivas no norte (Leningrado)e sul (Ucrânia) foram consideradas.Os alemães mantiveram-se no controle, não obstante, de dois salientes nas proximidades de Moscou, de maneira a permitir um blefe que tornasse crível a possibilidade de uma ofensiva no fronte central.

No fim, o Grupo Sul do Exército, que previamente tinha conquistado a Ucrânia e a Criméia - a queda desta península, completada após o cerco e a queda da fortaleza de Sebastopol, evitava a possibilitade de um contra-ataque soviético na retaguarda alemã - foi selecionado para um rápido avanço para a frente através do sul soviético para o Cáucaso, a fim de capturar vitais campos de petróleo Soviéticos, assim como abrir a possibilidade de uma entrada na Turquia na guerra ao lado dos alemães, criar a possibilidade de um futuro movimento de tenazes no Oriente Médio em apoio ao Afrika Korps, e eliminar a Esquadra Soviética do Mar Negro. A ofensiva no Verão teve como codinome "Fall Blau"" ("Caso Azul"). Iria incluir o 6º e 7º Exércitos e a 4ª e 7ª divisões Panzer.

Hitler interveio, contudo, no plano estratégico, ordenando ao Grupo do Exército se dividir em dois. Grupo Sul do Exército (A), sob o comando de Erich von Manstein e Ewald von Kleist, iriam continuar a avançar para sul em direcção do Cáucaso como planeado (planejado). Grupo Sul do Exército (B), incluindo o 6º Exército de Friedrich Paulus e a 4ª divisão de Panzer de Hermann Hoth, deveria se mover para leste em direcção ao rio Volga e à cidade de Estalinegrado.

A captura de Estalinegrado era importante para Hitler por diversas razões. Era uma principal cidade industrial, localizada no rio Volga, que era uma rota de transporte vital entre o Mar Cáspio e o norte da Rússia. Sua captura iria assegurar o flanco esquerdo dos exércitos Alemães enquanto avançavam para o Cáucaso. Mas - num sinal patente da crescente fraqueza do exército alemão - a possibilidade de Estalinegrado poder ser tomada mediante um movimento de tenazes blindadas jamais foi sequer considerado, já que as tais unidades blindadas eram simplesmente inexistentes; a tomada da cidade teve de ser tentada mediante combates de infantaria, casa a casa. O contínuo desgaste das forças alemães determinou que fossem utilizadas, no front de Estalinegrado, uma quantidade crescente de forças militares de outros membros do Eixo (italianos e romenos) de fraco valor militar e pouco confiáveis. Finalmente, o facto que essa cidade tinha o nome do inimigo de Hitler, Josef Stalin, fez a captura da cidade ser também motivo de propaganda.

Tal acabou por fazer com que Stalin - que durante muito tempo persistiu em acreditar na ofensiva alemã em direção a Moscou - acabasse por pensar do mesmo modo. Entrementes, o exército alemão chegou a tomar, em feroz combate casa a casa, o equivalente a nove décimos de Stalingrado; mas este combate de rua o desgastava, impunha baixas cada vez maiores de homens e equipamentos produzidas por franco-atiradores e armas anti-tanque, e impedia que o seu comando -e acima de tudo, Hitler - conseguisse pensar em outra coisa senão tentar, com persistência insana, em finalmente tomar Stalingrado.Hitler, fiel aos seus costumeiros projetos megalômanos e ao costume de subestimar o adversário, em nenhum momento pensou em reduzir a velocidade da ofensiva em direção ao Cáucaso, de forma tal que o flanco esquerdo de toda a operação - que se situava pecisamente em Stalingrado -pudesse estar garantido. Bem verdade, no entanto, que, como sempre, toda a estratégia hitlerista baseava-se em correr contra o tempo, e uma maior lentidão do ritmo de operações apenas daria tempo aos aliados de organizarem o abastecimento das tropas soviéticas por via da fronteira iraniana, retirando o petróleo do Cáucaso para sempre do acesso alemão. Resumindo: como já em 1941, o Exército Alemão tinha-se colocado objectivos muito além de sua capacidade. Tal deu ao Estado Maior soviético o tempo necessário para concentrar uma enorme reserva - cinqüenta divisões - atrás da frente e preparar uma operação de contra-ataque: a "Operação Urano".

Fonte: wikipedia