Chefe da Força Aérea japonesa destituído por escrever sobre a Guerra Mundial

Da France Presse - G1

O chefe da Força Aérea japonesa, Toshio Tamogami, foi destituído nesta sexta-feira depois de ter publicado um ensaio negando que o Japão tenha tido um papel de potencial agressor na Ásia durante a Segunda Guerra Mundial.

"Essas afirmações são inadequadas para um chefe da aeronáutica. Ele não deve permanecer no cargo", afirmou o ministro da Defesa, Yasukazu Hamada, em coletiva de imprensa.

O general Tamogami fez dois comentários que lhe custaram o cargo em um ensaio que apresentou como "opiniões verídicas sobre a história moderna".

"Mesmo ele tendo se expressado pessoalmente, isso não é adequado", acrescentou à imprensa o primeiro-ministro do Japão, Taro Aso, antes conhecido por suas opiniões conservadoras sobre a questão.

As declarações de Tamogami podem irritar os vizinhos do Japão, principalmente a China e as duas Coréias, com os quais o arquipélago tem relações complexas ligadas à História.


"Até hoje muitas pessoas acham que a agressão de nosso país causou sofrimentos insuportáveis a outros países durante a Grande Guerra do leste da Ásia", escreveu Tamogami. "Certamente esta é uma acusação infundada, dizer que nosso país foi um agressor", acrescentou.

A Grande Guerra do Leste da Ásia é uma expressão empregada no Japão para se referir aos combates da Segunda Guerra Mundial na Ásia.

Taro Aso, ele próprio autor há alguns anos de declarações polêmicas sobre o passado imperialista do Japão, manifestou, ao chegar ao poder em setembro passado, sua vontade de estabelecer a paz e a prosperidade, trabalhando com outros países da região.

Ele deu continuidade assim à política de apaziguamento sobre a questão adotada em 1995 pelo primeiro-ministro da época, Tomiichi Murayama, que apresentou desculpas oficiais pela colonização japonesa passada na Ásia.

Murayama considerou na ocasião que "as ofensivas e conquistas japonesas tinham causado enormes desgastes e sofrimentos", principalmente na Ásia.

A corrente nacionalista, que denuncia o "masoquismo" e o caráter oportunista destas desculpas, perdura no entanto no Japão, como testemunham os propósitos de Tamogami.


"O Japão foi a única grande potência da época que tentou integrar suas colônias à sua própria nação. Comparada à de outros países, a colonização japonesa foi muito moderada", escreveu, antes de pedir a "reconsideração da gloriosa história do Japão, porque "uma nação que nega sua própria história acaba escorregando para o declínio".

As tensões ligadas à Segunda Guerra Mundial ainda não foram completamente eliminadas no Leste da Ásia.

Os coreanos condenam assim os japoneses de terem colonizado sua península na primeira metade do século XX, e os chineses não perdoam Tóquio pela invasão de uma parte da China nos anos 1930 e 40.