A participação das unidades agressoras na Cruzex IV demonstrou mais uma vez o alto nível operacional da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira. Embora utilizando aeronaves defasadas tecnologicamente, a FAB possui hoje ao lado do Chile, os melhores pilotos de combate da América do Sul.
Conforme já veiculado em Defesanet, o 1°/14º GAV – Esquadrão Pampa -, operando uma esquadrilha de quatros aeronaves para cumprir a missão de Defesa Aérea do País Vermelho, conseguiu um índice superior de abates sobre aeronaves da Força de Coalizão. Os combates que aconteciam, geralmente, na proporção de três aviões da Coalizão para cada Agressor surpreenderam a Direção do Exercício.
Em vários momentos, caças F-5 EM do Esquadrão Pampa conseguiram derrubar os Mirage 2000 da Armée de L’Air, deixando os pilotos franceses literalmente, no chão. Embora difícil de coordenar ações de Defesa Aérea com um número grande de aeronaves, principalmente sem a utilização do R99a, pode-se afirmar que se o País Vermelho estivesse com um número de aeronaves igual ou superior ao da Coalizão, teriam repelido todos os ataques, podendo inclusive, alcançar a superioridade aérea sobre o País Azul.
O resultado inesperado da operação fez com que a FAB procurasse desesperadamente esconder o jogo, principalmente por temer que seu desempenho pudesse influenciar de alguma forma no programa FX-2. Segundo fontes de Defesanet, no debrifing final com os oficiais-generais estrangeiros, a FAB alterou todos os dados referentes às vitórias obtidas pelas unidades agressoras, com o intuito de mostrar a eles que a Força de Coalizão conseguiu uma vitória fácil.
Após os sucessos obtidos na Cruzex III e na Red Flag, onde mostrou que seus pilotos atingiram o “estado da arte”, a FAB decidiu restringir a ação do Pampa, atualmente sua principal unidade de caça, de forma a não mostrar toda sua capacidade de combate. Com todas as limitações operacionais impostas pela Direção do Exercício, eles superaram as ações obtidas anteriormente, desta vez não só na arena BVR, mas também na de curta distância.
A vitória dos F-5 sobre os M2000 trouxe à tona uma velha questão que é responsável pela divisão de parte da aviação de caça brasileira: o duelo de plataformas: M2000= autonomia + manobrabilidade versus F-5M= aviônica + tática. Essa briga interna de doutrina de emprego operacional da FAB está sendo levada em conta na decisão do F-X2.
As unidades agressoras responsáveis por cumprir missões de ataque ao solo, o 3º/10º GAV – Esquadrão Centauro, e o 1º/4º GAV – Esquadrão Pacau, tiveram ação limitada, pois não puderam efetuar ataques à Base Aérea de Natal devido à existência de tráfego aéreo civil. Como o Pampa se restringia à Defesa do Espaço Aéreo Territorial, Centauro e Pacau voavam sem escolta. Nas missões de ataque, geralmente uma das esquadrilhas era interceptada pela Defesa Aérea Azul, sendo que a outra conseguia alcançar os alvos. Caso as duas esquadrilhas possuíssem aeronaves de escolta, o índice de objetivos alcançados poderia ter sido superior.
As Cruzex IV, enquanto manobra de integração regional, de longe foi um sucesso e mostrou que as asperezas entre as nações sul-americanas continuam incomodando. A desistência Argentina de última hora deveu-se a incapacidade de participar com um vetor capaz de cumprir a missão desejada. Da mesma forma o Peru, que habitualmente participa com os A-37 Dragonfly teve sua participação negada pelo Congresso Nacional. A razão disso foi à vinda do Chile com o F-5 Tiger III, que fez com que seus vizinhos do norte e do sul se sentissem intimidados.
Numa operação multinacional, o estrangeiro nunca mostra o que tem de melhor. A Venezuela e Uruguai fizeram as participações já esperadas, e a França mostrou seu desejo de estar melhor inserida no subcontinente ao qual também faz parte, conhecendo os vizinhos e principalmente o Brasil, seu principal aliado regional na defesa da Guiana Francesa e do Centro Espacial de Kourou.
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