Eurocopter assume liderança mundial e busca novos locais para produção

Por Valor Econômico

É em um cenário de cinema que os pilotos da Eurocopter fazem seus testes de vôo. A matriz da companhia está situada bem ao lado das chamadas "Calanques", uma fileira de quase 20 quilômetros de imensos penhascos enfileirados ao longo da costa sudoeste de Marselha, no Mar Mediterrâneo.

Nessa fábrica trabalham 10 mil pessoas, envolvidas em operações que vão do desenvolvimento do produto ao serviço ao cliente.

Os turistas que querem chegar próximos das "Calanques" recorrem a barcos que diariamente saem do porto de Marselha. Mas para quem diariamente executa os testes de vôo, parece até banal circular entre as paisagens que mais aparecem em cartões postais vendidos na região de Provence. Mais interessante para alguns funcionários das empresas do grupo EADS na França é saber como é viver em uma cidade como São Paulo, apontada como a dona da maior frota de helicópteros do mundo.

A Eurocopter é a divisão de helicópteros controlada pelo grupo EADS que também engloba a área espacial e a fabricante de aviões da Airbus. O grupo, inicialmente era chamado de consórcio europeu, por envolver três países (França, Alemanha e Espanha), surgiu de fusões entre empresas, há 16 anos. Hoje é visto como um símbolo da cooperação industrial européia.

Nos últimos anos, a Eurocopter conseguiu roubar a liderança da americana Bell. A companhia européia é dona hoje de 53 % do mercado mundial. Com 17 subsidiárias, tem 40 mil funcionários em todo o mundo e novas vagas serão abertas nos próximos meses por conta de expansões.

A carteira global de pedidos da Eurocopter saiu de 3,52 bilhões de euros em 2005 para 6,60 bilhões de euros, no ano passado. Em 2007, o faturamento cresceu 10% em comparação com o ano anterior, num total de 4,17 bilhões de euros. Na Helibras, a fábrica brasileira do grupo, a receita passou de US$ 59 milhões em 2006 para US$ 91,9 milhões, no ano passado. A carteira de pedidos da filial brasileira ficou em US$ 187,1 milhões em 2007, quase três vezes mais que a de 2005.

Em Marignane, as aeronaves, fabricadas em seis linhas de montagem, ainda recebem apelidos de animais - Colibri, Esquilo, Golfinho, Puma. Foi aliás um Esquilo - montado também no Brasil - o único helicóptero que conseguiu, há dois anos, aterrissar no Monte Everest, batendo recorde de maior altura em aterrisagem e decolagem. Mas a globalização começou a mudar o hábito de apelidar helicópteros com nomes de animais. Alguns nem sempre são conhecidos em determinados países, explica Cécilie Vion-Lactuit, porta-voz da empresa.