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Novo comandante japonês pede desculpas por texto sobre guerra
Reuters/Brasil Online - Isabel Reynolds - Via O Globo
O novo chefe da Força Aérea do Japão pediu desculpas nesta sexta-feira por seu antecessor, demitido na última semana por negar que o Japão tenha sido um agressor na 2a Guerra Mundial, e prometeu restaurar o orgulho de suas tropas.
Kenichiro Hokazono, 57 anos, substitui Toshio Tamogami, que rejeitou a história e incitou a ira na China e na Coréia do Sul, onde muitos sofreram sob as agressões dos japoneses durante a guerra.
"Eu peço sinceras desculpas por uma pessoa que, com cargo importante na Força Aérea, ter prejudicado a confiança das pessoas ao expressar publicamente uma opinião diferente da visão do governo", disse Hokazono a jornalistas em sua primeira entrevista coletiva.
"Eu pretendo assumir a liderança e criar uma Força Aérea ativa, repleta de confiança e orgulho", disse ele.
A opinião de Tamogami também é partilhada entre alguns políticos e estudiosos de direita. No entanto, o governo anunciou um pedido oficial de desculpas em 1995 e endossado pelo primeiro-ministro Taro Aso.
Oficiais japoneses se negam a pedir desculpas por 2a Guerra
Reuters/Brasil Online - Por Isabel Reynolds Via: O Globo
Mais de 70 oficiais da Força Aérea japonesa escreveram textos argumentando que o país não deveria ter se desculpado por suas ações na 2a Guerra Mundial, provocando mais uma polêmica a respeito do passado militarista japonês.
O chefe do Estado-Maior da Força Aérea foi demitido na semana passada após ter apresentado a um concurso um ensaio em que dizia que o Japão não foi a parte agressora na guerra, algo que provocou indignação na China e na Coréia do Sul, onde muita gente sofreu sob a ocupação japonesa.
As opiniões do brigadeiro Toshio Tamogami são compartilhadas por alguns políticos e historiadores direitistas, mas contradizem o pedido formal de desculpas feito em 1995 pelo então primeiro-ministro Tomiichi Murayama.
O texto de Tamogami foi premiado no concurso, organizado por uma imobiliária, e foi publicado em um site na Internet. Na quinta-feira, o Ministério da Defesa disse que 78 membros da Força Aérea, sendo 74 oficiais, inscreveram ensaios no concurso.
Toshio Motoya, executivo-chefe da imobiliária Apa Group, disse por telefone à Reuters que todos os textos contêm opiniões semelhantes às de Tamogami.
"A opinião do governo e a declaração de Murayama estão erradas, e isso está sendo distorcido pela imprensa", disse Motoya. "Todos os 230 inscritos disseram que o que está sendo ensinado e transmitido pela mídia está errado. Não houve ensaios manifestando uma visão contrária. Foram todos próximos do senhor Tamogami."
Motoya disse participar de um "grupo de amigos" ligado a uma base aérea, mas negou ter promovido o concurso nos quartéis e disse ter ficado surpreso ao ver Tamogami entre os inscritos.
"Nós nos perguntamos se seria correto publicar. Entramos em contato com ele, e ele disse que mantinha firmemente sua opinião e bravamente disse que poderíamos divulgar seu nome e patente."
O ensaio critica as duras restrições impostas aos militares do Japão pela Constituição pacifista do país, promovida pelos EUA após a 2a Guerra Mundial. O brigadeiro pede aos leitores que "recuperem a gloriosa história do Japão".
"A mídia japonesa está dizendo todo tipo de coisas terríveis, mas acho que ele é um samurai com opiniões sensatas", disse Motoya.
O primeiro-ministro Taro Aso está ansioso para encerrar esse assunto, pois dentro de algumas semanas participará de uma cúpula com China e Coréia do Sul no sul do Japão.
O próprio Aso já foi criticado por comentários aparentemente elogiosos à colonização japonesa na península da Coréia (1910-45). Mais recentemente, porém, ele disse concordar com o pedido de desculpas de Murayama.
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