Fonte: Uol
O Iraque e os Estados Unidos assinaram nesta segunda-feira um acordo negociado durante meses que prevê a manutenção das tropas americanas no país até 2011. O pacto obteve neste domingo (16) a aprovação do gabinete de ministros do premiê Nouri al Maliki, mas ainda deverá ser aprovado pelo Parlamento iraquiano para começar a valer.
Apesar de simbólica, a assinatura do pacto pelo ministro das Relações Exteriores, Hoshiyar Zebari, e pelo embaixador americano Ryan Crocker encerra um longo debate sobre os termos do acordo entre os EUA e o governo iraquiano.
"Definitivamente, hoje é um dia histórico para as relações entre o Iraque o os Estados Unidos", disse Zebari aos jornalistas. Ele assinou também um plano estratégico que reforça a cooperação dos países em outras áreas.
A aprovação do pacto de permanência militar, no entanto, é visto como fundamental para garantir a segurança do Iraque, já que no fim do ano termina o prazo concedido pela ONU para retirada das tropas.
Pelo pacto assinado, Washington se compromete a retirar suas forças, que contam com cerca de 150 mil militares, até 31 de dezembro de 2011. Para os negociadores iraquianos, a marcação de uma data certa representa uma vitória depois que a administração do presidente dos EUA, George W. Bush, relutou em estabelecer um cronograma exato para a retirada.
Aprovação
Os parlamentares iraquianos tiveram acesso ao documento e devem iniciar as discussões para sua aprovação na próxima semana. "A palavra final será do Parlamento, mas a atmosfera política é positiva", disse Zebari.
O pacto dá ao governo do Iraque autoridade sobre a missão dos Estados Unidos pela primeira vez, ao substituir o mandato do Conselho de Segurança da ONU que regula a presença americana desde o início da invasão em 2003, que derrubou o regime de Saddam Hussein.
Pelo acordo, as tropas americanas irão deixar as ruas das cidades e vilas iraquianas em meados de 2009 e deixar todo o Iraque no fim de 2011. O acordo também prevê um sistema para que as cortes iraquianas possam julgar soldados americanos por crimes cometidos fora de serviço, mas sob condições bastante estritas.
Ele também proíbe Washington de usar o território iraquiano para lançar ataques nos vizinhos do Iraque, como Síria e Irã.
A aprovação pelo Parlamento não está totalmente garantida, apesar das declarações feitas hoje. Seguidores do clérigo xiita Moqtada al Sadr se opõem ao plano e o maior bloco sunita no Parlamento defende que ele passe por referendo popular para ser aprovado.
Já a administração do presidente Bush diz que o pacto não precisa de passar pelo Congresso americano.
Segurança
Alguns políticos iraquianos afirmam que ficou mais fácil apoiar o pacto depois da eleição de Barack Obama para ocupar a Presidência no lugar de Bush. Obama prometeu retirar todos os soldados até meados de 2010, enquanto que o adversário na campanha John McCain se opôs ao estabelecimento de uma data.
O governo iraquiano ganhou confiança na habilidade de manter a ordem com o declínio da violência no último ano. Conforme dados oficiais, o mês de outubro foi o menos violento, com o menor número de mortes desde a invasão. A derrota de milícias xiitas na cidade de Basra e arredores é vista como um grande passo na segurança para o governo.
Os promotores do acordo, que incluem os ministros do Interior e da Defesa, dizem, no entanto, que uma presença militar americana contínua ainda é necessária até que as forças iraquianas estejam preparadas para assumir a segurança do país.
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