Projeto nuclear da Síria não traz risco de bomba, diz El Baradei

Da Reuters Por Mark Heinrich - Via G1

A busca da Síria por auxílio na construção de uma usina nuclear não representa risco de proliferação de armas, e a decisão do Ocidente de bloquear o projeto poderia desacreditar o órgão de supervisão nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), disse o diretor da instituição em comentários divulgados nesta terça-feira.

Potências ocidentais querem que o projeto seja desconsiderado porque a Síria está sendo investigada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU. A inteligência norte-americana afirma que o país tentou encobrir a construção de um reator nuclear destinado à produção de plutônio para bombas atômicas.

A pressão encontrou resistência em um conselho de diretores da AIEA. Países como Rússia, China e outras nações em desenvolvimento não vêem espaço para a "politização" da AIEA sem provas de que um país tenha violado as regras de não-proliferação.

Um relatório da AIEA divulgado na semana passada afirmou que uma construção na Síria destruída por um ataque aéreo israelense no ano passado tinha semelhanças com um reator nuclear. O local apresentava também partículas de urânio, possivelmente resquícios de combustível nuclear antes do enriquecimento.

Mas o órgão salientou que as descobertas são preliminares, e que mais visitas ao local e mais documentos com provas da versão do governo sirio são necessários para se chegar a alguma conclusão.

O diretor da AIEA, Mohamed El Baradei, disse que a intervenção de potências ocidentais contra a Síria não tem base legal e que não há como a Síria usar o projeto --um estudo sobre a viabilidade de uma usina nuclear-- com fins militares.

Impedir a ajuda da AIEA a um país com base em acusações sem provas "não faz parte do nosso léxico, não faz parte do nosso estatuto", disse em uma sessão do conselho da agência, composto por 35 países, de acordo com uma transcrição divulgada por seu gabinete.

ESTUDO "INÓCUO"

O projeto de 350 milhões de dólares é um estudo de "viabilidade técnica e econômica e de escolha de lugar" para uma usina nuclear na Síria. Ele seria realizado entre 2009 e 2011.

El Baradei afirmou que todos os equipamentos que seriam fornecidos à Síria sob os olhos da AIEA "seriam relevantes para o projeto e... de natureza inócua".

"Nenhum deles requer qualquer salvaguarda", acrescentou ele, em referência à supervisão feita pela AIEA para evitar a produção de bombas nucleares.

Ele alertou que se o projeto da Síria for bloqueado por "considerações políticas", a AIEA perderá credibilidade nos países em desenvolvimento que buscam a energia atômica pacífica e isso desencorajaria a cooperação nos Estados sob investigação.

Diplomatas disseram que um acordo está em discussão. Nele, um grupo liderado pelos Estados Unidos abriria mão de se opor ao projeto, permitindo sua aprovação por consenso, desde que a AIEA prometesse arranjar o projeto de forma a garantir que nenhum equipamento seja introduzido até o final.

"Algumas potências ocidentais querem que El Baradei recue, mas ele não irá", disse um diplomata que preferiu não se identificar.

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Israel atacou instalação nuclear Síria ?


Aumentam as dúvidas sobre o verdadeiro objectivo do ataque israelita


ÁREA MILITAR

Segundo fontes citadas pelo jornal norte-americano The New York Times, o ataque de Israel contra a Síria na passada semana poderá ter tido objectivos diferentes daqueles que inicialmente tinham sido apontados.

Inicialmente considerou-se que a incursão tinha ocorrido com o objectivo de testar as defesas da Síria, para posteriormente, e depois que os Sírios protestaram e tornaram público o ataque, ser aventada a possibilidade de Israel ter conduzido um ataque contra instalações ou colunas de abastecimentos do movimento Hezbollah.

Parte destas afirmações são de carácter especulativo, no entanto nos Estados Unidos fontes ligadas ao pentágono e citadas pela estação de televisão CNN e também pela CBS, confirmaram no inicio da semana que de facto tinha ocorrido um ataque por parte de aeronaves de Israel em território Sírio.

Num acontecimento relacionado, a Turquia pediu explicações a Israel pelo facto de aeronaves F-15 terem atingido território turco durante a sua progressão para norte, tendo ali alijado os seus tanques de combustível.

Suspeitas
No entanto as suspeitas não ficaram por aqui.
Mais dúvidas começam a levantar-se a partir do momento em que passada quase uma semana da ocorrência, não há qualquer informação sobre imagens do local do acontecimento.

A Síria, afirmou que tinha ocorrido um ataque, protestou e ficou irritada por a maior parte do mundo não ter pura e simplesmente dado importância ao assunto, mas não divulgou imagens do local onde foram feitos os ataques, o que seria normal, dada a gravidade do acontecimento.

Não sendo nunca demais frisar o carácter especulativo das informações que vão sendo avançadas pelas mais diversas fontes, é no entanto de realçar a estranha condenação por parte da Coreia do Norte, país que normalmente não se pronuncia sobre este tipo de questões.

Entretanto, e segundo o jornal New York Times, fontes próximas da casa branca afirmaram que Israel acha que haverá a possibilidade de existirem instalações nucleares na Síria e que Israel tem provas fotográficas tiradas por satélite de instalações nucleares onde se podem manusear dispositivos atómicos.

Fontes em Israel afirmam que existe a possibilidade de a Coreia do Norte se estar a tentar ver livre do material físsil que produziu nas suas centrais nucleares e que a Síria e o Irão poderão ser os compradores preferenciais. Técnicos da Coreia do Norte poderão estar na Síria em missões de apoio e o ataque de Israel contra aquelas instalações poderia explicar a estranha reacção norte coreana ao ataque efectuado pela força aérea israelita.

Sabe-se que durante o ataque, ocorreram fortes interferências nas comunicações, as quais foram notadas no Líbano, onde a rede de telefones móveis foi afectada.

Entre outras especulações, Israel poderá ter enviado um sinal aos Sírios de que sabe perfeitamente onde estão as instalações e que pode agir de forma mais forte sobre elas. Avisar a Síria poderia ainda servir como aviso ao Irão, que tem em curso um programa de enriquecimento de urânio que, depois de enriquecido, só tem utilidade prática para fins militares.