A Conquista de Cingapura

Por Sir W. Churchill* - Clube dos Generais

Em seu posto de comando do forte Canning, o General Percival, chefe da guarnição de Cingapura, estuda a defesa da ilha. As gigantescas fortificações que defendem a margem meridional não podem prestar nenhum serviço, pois o ataque japonês virá pelo norte, através do estreito de Johore. Percival resolveu resistir aos desembarques na praia e desloca a totalidade de suas forças, mais de 86 000 soldados, ao longo da costa setentrional.

A 9ª divisão australiana e uma brigada indiana tomam, a seu cargo, a defesa do setor ocidental. No extremo leste estão localizadas as tropas da 11ª Divisão Hindu e a 18ª Divisão britânica. Aparentemente, todas estas tropas constituem um poderoso exército. Contudo, na prática, são um agrupamento desordenado de tropas extenuadas, desprovidas de elementos blindados, apoio aéreo e armas anti-tanques. Yamashita, ao contrário, dispõe de quase 60 000 soldados perfeitamente equipados, centenas de tanques e absoluta superioridade aérea.

Às 10:30 da noite de 8 de fevereiro de 1942, começou a batalha de Cingapura. Amparados pela escuridão, centenas de lanchas, pontões, botes de borracha, carregados de soldados japoneses aproximam-se do extremo noroeste da ilha. Mais de 15000 homens intervém no assalto. Para enfrentá-los naquele setor, havia apenas 2500 infantes australianos. Protegidos pelo fogo devastador das baterias localizadas na margem oposta do estreito, os nipônicos desembarcam e travaram encarniçada luta contra as tropas australianas. O combate prolongou-se durante toda a noite. Ao despontar do dia, os nipônicos conseguiram consolidar sua cabeça de ponte e iniciaram sua penetração pela base aérea de Tengah e às 8 da manhã o aeródromo caía em suas mãos.

Os britânicos imediatamente enviaram reforços, mas não conseguiram deter o avanço japonês. Na tarde do dia 10, as unidades de vanguarda de Yamashita aproximaram-se da localidade de Bukit Timah, onde se encontravam os principais depósitos de munições e abastecimentos dos ingleses. Naquele ponto, travou-se um furioso combate. Durante 48 horas, os australianos rechaçaram um após outro, os fanáticos assaltos nipônicos. Mas sua resistência não podia durar. Acossados pelo fogo da artilharia, bombardeiros de picada e tanques, os australianos retiram-se para os subúrbios de Cingapura.

Na cidade a situação era desesperadora. Os bombardeiros nipônicos atacavam incessantemente, faltava água, milhares de feridos jaziam amontoados nos hospitais e igrejas. O fim já estava próximo. O General Percival enviou uma dramática mensagem ao General Wavell, instalado em seu posto de comando em Java, assinalando a impossibilidade de continuar a resistência naquela espantosa condição. Seguindo as ordens dias antes dadas por Churchill, Wavell respondeu a Percival concitando-o a prosseguir na luta até o último soldado.

Entretanto, em Londres, Churchill compreendeu a inutilidade de prolongar por mais tempo o heróico sacrifício dos defensores de Cingapura. Em 14 de fevereiro, enviou um cabograma a Wavell, autorizando-o a permitir a Percival a rendição da praça. No dia seguinte, Wavell enviou uma mensagem a Percival, comunicando-lhe que, a partir daquele momento, estava em suas mãos decidir a oportunidade de por fim a luta.

No dia 15, Percival recebeu a notícia de que o sistema de águas correntes deixara de funcionar. Só restavam reservas de água potável para vinte e quatro horas. Imediatamente, reuniu seus oficiais e comunicou-lhes que se propunha a iniciar, nessa mesma tarde, as negociações da rendição. Naquele preciso instante, chegava a mensagem de autorização de Wavell. Já não havia obstáculo para dar por terminada a tragédia de Cingapura.

Às 04:45 da tarde, Percival dirigiu-se às linhas japonesas, onde foi recebido pelo Tenente Coronel Sugito, que o conduziu ao prédio da fábrica de automóveis Ford, situada ao norte da localidade de Bukit Timah, onde Yamashita instalara seu posto de comando. Depois de trocarem fria saudação, ambos os chefes iniciaram as discussões para cessar o fogo. Yamashita exigiu rendição imediata e incondicional. Percival tentou adiar sua decisão para o dia seguinte, mas diante da irredutível atitude do chefe nipônico, não teve sucesso. Às 19:50 do dia 15, a ata de capitulação foi assinada. Uma hora depois, cessou a luta em todas as frentes. Pouco depois, no topo do forte Canning, os soldados japoneses içaram bandeira vermelha e branca do Império do Sol Nascente.

Couraçado "Prince of Wales"

Couraçado "Repulse"

Batalha de Cingapura


Origem: Wikipédia

O Cerco de Cingapura, ou Batalha de Cingapura, foi uma Batalha da Segunda Guerra Mundial que ocorreu entre 31 de Janeiro e 11 de Fevereiro de 1941.

Desde os década de 20 do século XX que a Inglaterra fizera desta ilha, entre o Oceano Pacífico e o Oceano Índico, a sua principal base naval no Extremo Oriente. Fortaleza inexpugnável, assim se pensava, cujos acessos estavam defendidos pelo mar e pela selva, Singapura era uma peça-chave no tabuleiro de xadrez britânico.

A guarnição militar compunha-se na altura de soldados ingleses, escoceses, australianos, "sikhs" indianos, muçulmanos, "gurkhas", malaios e voluntários chineses. Previa-se que estes contingentes seriam ainda reforçados por alguns batalhões de infantaria canadense e pelos couraçados "Prince of Wales" e "Repulse", juntamente com uma escolta de "destroyers", deslocados pelo comando aliado para Hong-Kong. Na costa nordeste da ilha encontrava-se a grande base naval, cuja construção demorara quase vinte anos, e compreendia cerca de 60 km² de fundeadouro para navios de grande calado. Mas aquilo que se julgava impensável aconteceu.

Repreasentação do ataque japonês ao Couraçado "Prince of Wales"


A destruição da frota americana do Pacífico a 7 de Dezembro de 1941 e o afundamento dos citados couraçados ingleses a 10 do mesmo mês pela Força Aérea Japonesa, abriu o caminho ao avanço nipónico. Além disso, o exército invasor estava muito bem preparado para a guerra na selva (chegando, inclusivamente, a infantaria a usar bicicletas que se cotaram como um meio eficaz de locomoção; utilizaram barcos pneumáticos e balsas indígenas feitas de bambu para percorrer rios infestados de crocodilos; tinham equipamento para se proteger das picadas de insecto, logo, das doenças tropicais) e não hesitou em atacar este importante ponto estratégico.

Couraçado "Repulse" repousando no fundo do Pacífico

O cerco de Singapura começou num sábado, dia 31 de Janeiro. Durante quase duas semanas os sitiados resistiram como puderam aos assaltos nipónicos. Contudo, dada a intensidade dos bombardeamentos aéreos, as constantes vagas de assalto que permitiam a infiltração de um cada vez maior número de soldados japoneses, o esgotamento dos defensores e o fracasso dos contra-ataques aliados, já se previa que o resultado final seria a rendição.

Couraçado "Repulse" repousando no fundo do Pacífico

A 11 de Fevereiro uma aeronave japonesa lançou panfletos assinados pelo comandante Tomoyuki Yamashita aconselhando a rendição; os Aliados ainda resistiram mais alguns dias, durante os quais procuraram sabotar e destruir todas as principais estruturas que os inimigos pudessem aproveitar (a doca seca, a maior do Mundo, foi completamente destruída) e, por fim, desistiram da luta.

A bandeira do Sol Nascente passava a dominar a ilha; depois de uma marcha através de 700 km de selva julgada impenetrável, os japoneses podiam vangloriar-se do resultado alcançado. A queda de Cingapura abria-lhes a estrada das Índias Orientais Holandesas. No terreno, passa a organizar-se uma tenaz resistência que produzirá heróis como Lim Bo Seng. Só no dia 6 de Setembro de 1945 será libertada pelos britânicos.