A Renúncia de Collor
Primeiro governo civil brasileiro eleito por voto direto desde 1960 e escolhido de acordo com as regras da Constituição de 1988, com plena liberdade partidária e eleição em dois turnos. Tem curta duração: de 15 de março de 1990 a 2 de outubro de 1992, quando o presidente é afastado para responder ao processo de impeachment.
Fernando Collor de Mello derrota Luís Inácio Lula da Silva, líder da esquerda, no segundo turno da eleição presidencial de 1989. Collor conta com amplo apoio das forças conservadoras e entre suas promessas de campanha estão a moralização da política e o fim da inflação. Para as elites, oferece a modernização econômica do país conforme a receita do neoliberalismo, com a redução do papel do Estado na economia.
Plano Collor e corrupção – No dia seguinte ao da posse, o presidente lança seu programa de estabilização, o Plano Collor, baseado em um inédito confisco monetário. Além de eliminar a inflação, estabelece medidas para modernizar a economia e abri-la à competição internacional.
Já em 1991, as dificuldades enfrentadas pelo plano, que não acaba com a inflação e aumenta a recessão, começam a minar o governo. A situação se agrava com o surgimento de suspeitas de envolvimento de ministros e altos funcionários em uma grande rede de corrupção. Até a primeira-dama, Rosane Collor, é acusada de malversação do dinheiro público e de favorecimento ilícito de seus familiares.
As suspeitas transformam-se em denúncias por meio da imprensa. Em 25 de abril de 1992, Pedro Collor, irmão do presidente, dá uma entrevista à revista Veja, na qual fala sobre o "esquema PC" de tráfico de influência e irregularidades financeiras, organizado pelo empresário Paulo César Farias, amigo de Fernando Collor e tesoureiro de sua campanha eleitoral. Em 26 de maio, o Congresso Nacional instala uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). Logo depois, a revista IstoÉ publica uma entrevista com Eriberto França, motorista da secretária de Fernando Collor, Ana Acioli. Ele confirma que as empresas de PC fazem depósitos regulares nas contas fantasmas movimentadas pela secretária. Todas essas informações atingem diretamente o presidente.
Impeachment – Depois da comprovação das acusações e da mobilização da sociedade, o Congresso Nacional vota o impeachment presidencial. Primeiro, a Câmara dos Deputados autoriza a abertura do processo em 29 de setembro de 1992. No dia 2 de outubro, Collor é afastado e seu vice, Itamar Franco, assume interinamente. Durante o julgamento do impeachment no Senado, em 29 de dezembro, Fernando Collor renuncia. Mesmo assim, a sessão prossegue, e, no dia seguinte, ele tem os direitos políticos cassados por oito anos.
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