Clarice Lispector formou-se em Direito mas nunca advogou. A autora vivia de uma maneira simples, ocupando-se ela própria dos afazeres domésticos e vendo novelas na TV. Queixava-se de que não tivera a sorte de encontrar boas editoras. A escritora consagrada, com 15 livros publicados e parte deles traduzidos para 5 idiomas, não conseguia manter-se somente com o pagamento dos direitos autorais. Sustentava-se com o trabalho de jornalista e de tradutora.
O jornalismo foi a profissão que ela exerceu até dois meses antes de sua morte. A primeira matéria de Clarice, Onde se ensinará a ser feliz, foi publicada em 1941, no Diário do Povo, de Campinas ((SP), e relatava a visita da primeira-dama da República, Darcy Vargas, a um orfanato para meninas. No ano seguinte, a escritora foi contratada como redatora de A Noite e obteve seu registro profissional. Assinou colunas femininas durante quase duas décadas até ingressar no Jornal do Brasil, em 1967. Alberto Dines, a pedido de Otto Lara Resende, convidou-a para trabalhar no recém-criado Caderno B. A seção de cultura saía de terça a sexta e, ainda não havia um cronista para a página 2. Clarice escreveu durante seis anos para o JB, na mesma época de Carlos Drumond de Andrade.
A partir de 1968, veio o sucesso como entrevistadora na Revista Manchete e, depois, na Revista Fatos & Fotos, onde sua última colaboração saiu em outubro de 1977.
Método de costurar pensamentos
A ucraniana de origem judaica, que chegou ao Brasil com dois meses de idade, influenciou praticamente todos os escritores brasileiros, que vieram depois dela. Clarice dizia que o seu método de trabalho era o de "costurar para dentro". A técnica, que inventou, consistia em anotar as frases que lhe vinham a cabeça durante todo o dia, para em uma segunda fase, reunir os pensamentos e idéias "nascidos aos pedaços."
As primeiras anotações deram origem, em 1944, ao livro Perto do Coração Selvagem. em seguida, O Lustre, 1946.
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