A foto ao lado retrata o primeiro blimp, a chegar ao Brasil, o K-84 do Esquadrão ZP-41 a US Navy albergado na "base americana" do Campo do Pici - Pici Field em Fortaleza - Ceará. A aeronave pousou na sede do esquadrão no Campo do Pici, em Fortaleza, em 27 Setembro de 1943. Na foto, do arquivo do Nirez a aeronave sobrevoa a praia do Mucuripe em pleno retorno da atividade de patrulhamento do litoral cearense - para identificar submarinos alemães durante a II Guerra.

Os Blimps (dirigíveis americanos) foram construídos em várias "classes", com a classe "K" é a mais numerosa. A designação Marinha completa para estas aeronaves foi "ZPK" (Z = mais leve que o ar, P = patrulha e K = classe, seguido pelo número da aeronave). Um total de 134 dirigíveis classe "K" foram construídos entre 1938 e 1943. 

O dirigível da classe K é uma classe de dirigíveis (dirigível não rígido), construído pela Goodyear Aircraft Company de Akron, Ohio para a Marinha dos Estados Unidos. Estes dirigíveis eram movidos por dois motores refrigerados a ar radiais de nove cilindros Pratt & Whitney Wasp, foram construídos e configurados para operações de patrulha e de guerra anti -submarino e foram amplamente utilizados em esforços anti submarinos da Marinha nas zonas do Atlântico e do Oceano Pacífico. 



Os dirigíveis eram equipados com o radar Tipo ASG, que tinha um alcance de detecção de 90 milhas ( 140 km), balizas (sondo boias) acústicas , e equipamento de detecção de anomalias magnéticas (MAD). Eram equipados com quatro bombas de profundidade Mk- 47, dois em um compartimento de bombas e dois externamente , e eram equipados com uma metralhadora Browning na parte da frente 0,50 (12,7 mm). Sua tripulação consistia de um piloto comandante, dois co-pilotos, um navegador/piloto, um airship rigger (armador de dirigível) , um ordnanceman (ajudante de ordens), dois mecânicos, e dois operadores de rádio.

Os dirigíveis estavam armados com quatro cargas de profundidade e uma metralhadora calibre .50, mas raramente atacavam diretamente um submarino. O seu principal objetivo era dirigir os navios do comboio para averiguar as anomalias detectadas ou avistadas. Assim eles proviam o navios do comboio de um alerta antecipado.  Alguns podem achar que o dirigíveis eram aeronaves frágeis mas na historia ao que consta somente um foi abatido por um submarino. (aqui) - http://www.defensemedianetwork.com/stories/naval-aviation-centennial-blimp-vs-u-boat/


Suas características gerais eram as seguintes: 
Tripulação: 9-10
Comprimento: 251 pés 8 em ( 76,73 m)
Diâmetro: 57 pés em 10 ( 17,63 m)
Volume: 425.000 ft3 ( 12,043 m3)
Carga Útil: £ 7770 ( 3,524 kg )
Motores: 2 × Pratt & Whitney R -1340 - 2 -AN radiais , 425 cv ( 317 kW) cada
Velocidade máxima : 78 mph (125 km / h)
Velocidade de cruzeiro : 58 mph (93 km / h)
Gama: 2.205 milhas ( 3,537 km )
Autonomia: 38 horas 12 min
Armamento: 1 × 0,50 in ( 12,7 mm) de metralhadora Browning M2 e cargas de profundidade (
4 × 350 £ - 160kg Mark 47). 
Fonte dos dados: Wikipedia
  
A sua missão principal era guerra antissubmarina e tinham autonomia de voo de mais de 24hs. Foram amplamente usados no teatro de operações do Pacífico e do Atlântico, além do Mediterrâneo, onde servia de proteção dos comboios de transporte contra submarinos alemães. Eles também foram usados ​​muitas vezes em missões de busca e salvamento. A operação dos dirigíveis (blimp) no Brasil fez uso intenso da mobilidade, da capacidade de cobrir grandes distancias e da importante capacidade de carga.

 
Marinheiros armam um dirigível de classe K

O Esquadrão ZP-41 (insígnia acima) foi criado para operações na América do Sul. Originalmente tinha a designação ZP-52 em 15 de junho de 1943 - NAS Lakehurst, a sua designação foi alterada para ZP-41 um mês depois, e em setembro, seu primeiro dirigível, K-84, realizou um voo de travessia de
Lakehurst - Nova Jersey - Estados Unidos para Fortaleza - Ceará - Brasil. Tornando-se o primeiro dirigível a cruzar a linha do Equador. A ideia era que fossem operados inicialmente os blimp modelo "K" e, depois, com o modelo M (que nunca foi alocado no Brasil). A partir de 2 de outubro de 1943 foi executada a primeira missão operacional, que era de dar cobertura para um comboio TJ (comboio de travessia do atlântico) - Foto Abaixo.



As sedes administrativas e operacionais desses dois esquadrões ZP-41 e ZP-42 eram mudadas com bastante frequência, mas o importante aqui é de que entre os dois esquadrões foram operados 16 blimps do tipo “K”, com destacamentos de duas aeronaves nas distintas bases em que operavam. Assim os blimps operaram destacados em uma infinidade de lugares (Igarapé Assu, Amapá, São Luiz, Pici (Fortaleza), Recife, Fernando de Noronha, Maceió, Ipitanga, Caravelas, Vitória e Santa Cruz) e os esquadrões alternaram suas sedes entre o Pici (Fortaleza), São Luiz e Maceió.
 
O comando geral obviamente foi centralizado em Santa Cruz, no Rio, onde foram processadas as grandes manutenções e reparos, vale salientar que lá era onde estava o "grande hangar" construído pela empresa Zeppelin e já abrigara o Hindenberg e Graf Zeppelin (foto acima).
 
Em outubro de 1943, K-88 e K-90 ambos foram enviados para se juntar ZP-41. Em janeiro de 1944, ZP-41 mudou sua sede para São Luiz - Maranhão - Brasil, e esse ano, mais quatro dirigíveis se juntaram ao esquadrão. 

O K-73 chegou em meados de novembro de 1943 para iniciar as operações do ZP-42 em Maceió.

Os planos era após a guerra transferir os dirigíveis à propriedade brasileira, mas suspensão do acordo de Lend-Lease (LTA agreement) e o aparente desinteresse brasileiro impediu isso.

Durante o tempo dos esquadrões no Brasil, eles escoltaram um total de 5.608 navios, e não tiveram um único contato com um submarino inimigo. Da mesma forma nenhum dos navios escolta foram atacados ou afundados. O esquadrão era muito ativo, no entanto, em buscas e salvamentos, tanto no mar e nas selvas da América do Sul.

Curiosamente, os blimps destacados na NAF Amapá eram particularmente ativos – especialmente na realização de missões SAR. A primeira dessas missões ocorreu na véspera do Natal de 1943, quando o blimp K-106 foi socorrer a tripulação de um avião de transporte da USAAF que caiu no meio da selva alguns quilômetros do Amapá. 


Breve contexto histórico:

Na estratégia da "batalha do atlântico" durante a segunda guerra mundial os dirigíveis tiveram papel primordial no patrulhamento antissubmarino e escolta de comboios de mercadorias e tropas.
 
http://www.ahimtb.org.br/images2/partmil2gm.gif
Em 1942, tão logo constatou-se a presença de submarinos do eixo (no caso italianos e alemães) em águas brasileiras a USN tratou de desdobrar Unidades de Dirigíveis para o Atlântico Sul. 
 
Em 25 de fevereiro de 1942 o Submarino Italiano "Tazzoli", afundou o cargueiro inglês "Queen City" próximo ao litoral do Maranhão.

Diferentemente dos Alemães que alcunhavam seus submarinos por Letras "U" (Unterseeboot - U-Boat em inglês) seguido do numero de matricula, os italianos designaram seus submarinos com nomes de personalidades históricas. Assim operaram no Teatro do atlântico sul os submarinos italianos: Archimede, Da Vinci, Barbarigo, Colvi, Torelli e o Tazzili.
 
O primeiro encontro de combate ocorreu em 22 de maio de 1942. Durante um voo de patrulha, um B-25 Mitchell, do Agrupamento de Aviões de Adaptação, sediado em Fortaleza e tripulado pelos Cap.-Av. Affonso Celso Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona Pinto, tendo ainda a bordo o 1º Ten. Henry H. Schwane, 2º Sgt. Willian D. Tyler, 2º Sgt. Morris Robinson e 3º Sgt. John G. Yates, estes norte-americanos, surpreenderam às 13h57min um submarino do eixo entre o arquipélago de Fernando de Noronha e Atol das Rocas. 
 
O B-25 estava municiado com 10 bombas de demolição de 100lb, lançando-as em uma única passagem que foram cair próximas do alvo. Devido ao fogo da antiaérea, a aeronave afastou-se da área. Era o submarino Barbarigo, italiano, que torpedeara o navio Comandante Lyra, na tarde de 18 de maio. Saliento que o episódio é considerado hoje o batismo de fogo da nossa Força Aérea e por tal fato é que no dia 22 de maio se comemora o dia da aviação de patrulha.

B-25b FAB 40-2310 at Adjacento Field - Fortaleza AFB - 1942 - Posteriormente o 2310 recebeu o nome 'lero lero'

Cap. Oswaldo Pamplona Pinto, 1º Ten. Henry H. Schwane, Cap. Affonso Celso Parreiras Horta



Texto da pagina by Vinna - Autorizo a divulgação mediante citação da fonte.

As fotos da série abaixo foram tiradas entre 08 de outubro e 14 de 1943, quando o K-84 chegou a sede do esquadrão 4 da USN (Fleet Airship Wing 4) Destacamento 41 após cumprir o mais longo voo de travessia para um dirigível da série "K". No caso um voo desde sua base original (NAS Lakehurst) em Lakehurst - Nova Jersey - Estados Unidos. Ficando baseado inicialmente no Campo do Pici (Pici Field) em Fortaleza - Ceará - Brasil. Nas fotos vemos as equipes trabalhando na manutenção do Dirigivel logo após o voo de travessia. As fotos abaixo foram publicadas em jornais e revistas de época. Grande parte delas eu retirei da site do  uboatarchive.net (AQUI)
 
Equipe de manutenção trabalha no K-84 após o vôo de Lakehurst - Nova Jersey - Estados Unidos para Campo do Pici (Pici Field) em Fortaleza - Ceará - Brasil - Nesta foto fica bem visível a bomba e a redoma do radar.
 Equipe de manutenção trabalha no K-84 após o vôo de Lakehurst - Nova Jersey - Estados Unidos para Campo do Pici (Pici Field) em Fortaleza - Ceará - Brasil - Observe na foto acima a cobertura do motor no chão.
Equipe de manutenção trabalha no K-84 após o vôo de Lakehurst - Nova Jersey - Estados Unidos para Campo do Pici (Pici Field) em Fortaleza - Ceará - Brasil - Observe na foto acima o reabastecimento de gás hélio, provido de uma unidade móvel montada em um caminhão. 
 Equipe de manutenção trabalha no K-84 após o vôo de Lakehurst - Nova Jersey - Estados Unidos para Campo do Pici (Pici Field) em Fortaleza - Ceará - Brasil - Observe na foto acima o reabastecimento de combustível e na fuselagem a adição de lastros em saco e outra em forma de bomba. 
 K-84 sobrevoa um navio escolta de um comboio de travessia (acima)
  K-84 atuava destacado do comboio de travessia (acima)

  Interior da Gôndola do K-84 - Em primeiro plano o mecânico de motores (acima)
   Interior da Gôndola do K-84 - Navegador (acima)
   Interior da Gôndola do K-84 - Observador traseiro (acima)
   Interior da Gôndola do K-84 - Posto de observação frontal - Observe o piloto a direita  (acima)
    Interior da Gôndola do K-84 - Mecânico registra as leituras do painel do motor  (acima)

 Aqui vemos a amarração temporária do Blimp erguida no Pici Field em Fortaleza - Ceará - Brasil - Este foi o primeiro mastro ao sul do Equador foi feita a partir de árvores locais (pesquisei e pelo que levantei deveria ser uma madeira do tipo pau-ferro (madeira mais densa do Brasil).
 Oficial dando instruções em solo para a tripulação - Briefing - no Pici Field em Fortaleza - Ceará - Brasil
 K-84 decola do Pici Field em Fortaleza - Ceará - Brasil para sua primeira no Atlântico Sul. (Acima).
   Interior da Gôndola do K-84 - Em primeiro plano o mecânico de motores (acima)

 Interior da Gôndola do K-84 - Posto de observação frontal - Observe o piloto a direita  (acima)



As fotografias abaixo foram tiradas em 7 de dezembro de 1943, quando o ZP-41 iniciou suas operações a partir de Santa Cruz - Rio de Janeiro - Brasil






 Motor está preparado para remoção (acima)
 Equipe de terra se prepara para a montagem do motor - Este esquadrão uma vez conseguiu uma mudança de motor com o dirigível balançando no mastro (acima)
K-84 and K-88 no hangar
 Reparos Equipe de terra realiza reparos nos cabos do leme e do profundor - Muitas das escadas e arquibancadas visto nestas fotos teve uma vez atendidos os Zeppelin alemães
  Reparos Equipe de terra realiza reparos nos cabos do leme e do profundor - Muitas das escadas e arquibancadas visto nestas fotos teve uma vez atendidos os Zeppelin alemães

K-84 no hangar com varios aviões brasileiros em manutenção. A direita vemos pelo menos 2 Vengeance A-35 Vultee, a esqueda em primeiro plano um Lockheed Hudson A-28 e ao fundo pelo menos outros 2 Vengeance A-35 Vultee.

Na foto abaixo uma miscelânea de aeronaves de Força Aérea Brasileira pode ser visto com um dirigível USN na parte inferior. No primeiro plano um Vengeance A-35 Vultee que utilizou outros modelos como o Vultee BT 15 e 11 V GB (2 tipos).