Button vence e Barrichello faz dobradinha histórica da Brawn GP

Portal Terra

A Brawn GP fez história neste domingo, no GP da Austrália de Fórmula 1, em Melbourne. Com o inglês e pole position Jenson Button, a equipe - estreante na categoria - repetiu o feito da Wolf, extinta equipe que venceu o GP da Argentina de 1977, e mostrou que os ótimos resultados obtidos nos testes da pré-temporada não foram por acaso. O outro piloto da escuderia, o brasileiro Rubens Barrichello, teve problemas na largada e contou com uma batida entre o polonês Robert Kubica e o alemão Sebastian Vettel para fechar a corrida na segunda colocação e garantir a dobradinha da ex-equipe Honda.

A Brawn GP atingiu outro feito na Austrália, já que desde 1954 uma equipe não fazia uma dobradinha em sua estréia na Fórmula 1. A última escuderia a atingir tal feito foi a Mercedes, naquele ano, com Juan Manuel Fangio e Karl Kling, no GP da França.

Barrichello caminhava para um quarto lugar em Melbourne quando Kubica, então terceiro colocado, brigou pela segunda posição com Vettel. Os dois se chocaram e o polonês logo saiu da prova, enquanto o alemão viu seu eixo dianteiro entortar.

Principal esperança brasileira na prova, Barrichello saiu mal de sua segunda posição no grid de largada e foi ultrapassado por cinco carros. Já seu colega de equipe, Button, não deu chances para o azar e se manteve a frente dos rivais, sendo acompanhado por Vettel e o brasileiro Felipe Massa, da Ferrari - este que largou em sexto na pista de Albert Park.

Na largada, Barrichello bateu sua Brawn GP e teve parte de sua asa dianteira danificada. Depois, ao tentar ultrapassar o finlandês Kimi Raikkonen, da Ferrari, o brasileiro voltou a bater a frente de seu carro, tendo que modificar a peça na 20ª volta.

Massa, por sua vez, se manteve na briga pelas primeiras colocações, menos quando teve de ir aos boxes e retornou à pista atrás da zona de pontuação, mas abandonou a prova na 47ª volta, com problemas mecânicos.

Outro brasileiro na pista, Nelsinho Piquet também deixou a disputa mais cedo. O competidor da Renault largou em 14º na primeira prova da temporada da Fórmula 1, estava em sétimo quando perdeu o controle do carro e saiu da pista na 25ª volta.

Atual campeão mundial, o inglês Lewis Hamilton, da McLaren, largou na 18ª posição e fez uma boa prova de recuperação, alcançando o quarto lugar ao fim das 58 voltas no circuito de Albert Park com a confusão envolvendo Vettel e Kubica.

Pilotos e equipes terão agora poucos dias para descansar, já que a próxima etapa do Mundial de Fórmula 1 está marcada para o dia 5 de abril - no próximo domingo -, no circuito de Sepang, na Malásia.

Confira a classificação do GP da Austrália:

1. Jenson Button (GBR) Brawn GP - 58 voltas

2. Rubens Barrichello (BRA) Brawn GP - a 0s8

3. Jarno Trulli (ITA) Toyota - a 1s6

4. Lewis Hamilton (GBR) McLaren - a 2s9

5. Timo Glock (ALE) Toyota - a 4s4

6. Fernando Alonso (ESP) Renault - a 4s8

7. Nico Rosberg (ALE) Williams - a 5s7

8. Sebastien Buemi (SUI) Toro Rosso - a 6s

9. Sebastian Bourdais (FRA) Toro Rosso - a 6s2

10. Adrian Sutil (ALE) Force India - a 6s3

11. Nick Heidfeld (ALE) BMW - a 7s

12. Giancarlo Fisichella (ITA) Force Indian - a 7s3

13. Mark Webber (AUS) Red Bull - a 1 volta

14. Sebastien Vettel (ALE) Red Bull - a 2 voltas

16. Robert Kubica (POL) BMW - a 3 voltas

13. Kimi Raikkonen (FIN) Ferrari - a 3 voltas (problema mecânico)

17. Felipe Massa (BRA) Ferrari - a 13 voltas (problema mecânico)

18. Nelsinho Piquet (BRA) Renault - a 34 voltas (escapada)

19. Kazuki Nakajima (JAP) Williams - a 41 votas (batida)

20. Heikki Kovalainen (FIN) McLaren - a 58 voltas (suspensão)

Veja aqui o compacto da corrida (video com 5 minutos):



F-1: análise da dobradinha Button-Barrichello na Austrália


Livio Oricchio, de O Estado de S. Paulo, analisa a vitória da estreante Brawn GP na primeira corrida da temporada 2009, direto de Melbourne. Por Milton Pazzi Jr.

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Estamos longe de poder chamar a Brawn GP de campeã

Estadão por Livio Oricchio

Ross Brawn comentou com um grupo de jornalistas que conversava com ele, ontem, no início da noite, no circuito: “Vocês vão ver como os carros evoluirão de forma impressionante este ano. O regulamento está muito fresco ainda, nós apenas começamos descobrir os caminhos a serem seguidos”. Disse em resposta à pergunta sobre o desenvolvimento dos carros das equipes adversários, se eles chegariam na Brawn.

Outro engenheiro, Aldo Costa, responsável com Nikolas Tombazis pelo modelo F60 da Ferrari, comentou algo semelhante: “Este ano vamos assistir a impressionante diferença de performance entre o início e o fim do campeonato. Se trouxessemos nosso carro para cá depois da prova de Abu Dhabi (última do calendário, dia 1.º de novembro), seríamos impressionantemente mais rápidos que hoje”.

Por que escrevi isso? Para dizer que a vantagem da Brawn GP é extraordinária, o projeto é de um refinamento pouco comum, mas muita coisa vai mudar ainda no campeonato. Pessoalmente estou adorando ver um time novo, diferente dos que quase sempre monopolizam as vitórias, se impondo na competição. É saudável. Mas não creio que as demais 17 etapas serão como a daqui em Melbourne.

Apostaria até que no próximo domingo a Brawn possa impor uma vantagem maior que na corrida de ontem, por causa das características da pista de Sepang, com suas curvas longas e velozes e mudanças rápidas de direção. Mas a hora que chegarmos à Barcelona, para a etapa do dia 10 de maio, assistiremos quase que a um novo início do campeonato.

Boa parte da soluções que os projetistas viram de bom na concorrência na Austrália, e agora na Malásia, China e em Bahrein será de alguma forma incorporada a seus carros. Se o Tribunal de Apelações da FIA, dia 14, confirmar a legalidade dos difusores da Brawn, Toyota e Willliams, como acredito, a maioria das escuderias adotará solução semelhante, já em estudos.
Por isso muita coisa irá mudar no andamento do Mundial e a ordem de forças entre as escuderias exposta no circuito Albert Park pode ser alterada substancialmente.