Peça de foguete que caiu no Brasil é devolvida
Fonte: Agência FAPESP
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) devolveu nesta quinta-feira (5/3), ao governo dos Estados Unidos, a peça do veículo lançador Atlas encontrada no dia 25 de março de 2008 em uma fazenda na cidade de Montividiu, em Goiás.
A restituição da peça atendeu ao artigo 5 do Acordo Internacional sobre Resgate de Astronautas, Retorno de Astronautas e Retorno de Objetos Lançados ao Espaço Exterior, em vigor desde 3 de dezembro de 1968, e à Nota Diplomática nº 383, de 25 de agosto de 2008.
Depois de examinado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que constatou não haver nenhuma carga radioativa, o artefato foi enviado para o Laboratório Associado de Combustão e Propulsão (LCP) do Inpe, em Cachoeira Paulista (SP).
Segundo o instituto, a análise técnica revelou que o objeto é um tanque de nitrogênio de alta pressão utilizado em sistemas auxiliares de propulsão líquida, comum em foguetes e satélites. Em uma de suas extremidades havia um dispositivo com características de um aquecedor, utilizado nesse tipo de tanque para compensar a diminuição da pressão interna que ocorre na medida em que o nitrogênio é consumido.
Com formato esférico, o objeto estava envolto em fibras de carbono. Segundo os técnicos, essa cobertura estava se descolando, sob a forma de pó, porque foi afetada na reentrada do objeto na atmosfera. Foram realizados testes de níveis de concentração de substâncias tóxicas ou inflamáveis, como hidrazina, monometil-hidrazina, dimetil-hidrazina assimétrica, entre outras, todos com resultados negativos. Apenas nitrogênio foi observado em maior concentração.
Mais informações: www.inpe.br
Na foto, técnicos do Inpe analisam objeto encontrado no mês passado em Goiás. Conclusão é que se trata de um tanque de foguete, possivelmente do Atlas 5 da Nasa. Não foi permitida a divulgação de imagens do artefato
Agência FAPESP – Foram divulgados os resultados das primeiras análises de um artefato espacial, de formato esférico e envolto em fibras de carbono, que caiu há pouco mais de um mês em uma fazenda próxima ao município de Montividiu, no interior de Goiás.
De acordo com o coordenador de gestão tecnológica do instituto, Marco Antônio Chamon, o pesquisador responsável pelas análises no Inpe, o objeto, que tem cerca de 80 centímetros cúbicos, é um tanque de nitrogênio de alta pressão utilizado em sistemas de propulsão líquida, comum em foguetes e satélites.
“A hipótese mais provável é a de que se trata de um tanque de propulsão utilizado por um foguete da Nasa. Essa ainda não é uma informação oficial, mas chegamos a essa conclusão preliminar porque os Estados Unidos já solicitaram a posse do tanque com uma reivindicação que confirma essa nossa conclusão“, disse Chamon à Agência FAPESP. “Ao que tudo indica o tanque pertencia ao foguete Atlas 5, de propriedade da agência espacial norte-americana”, conta.
Segundo ele, a suspeita inicial de que se tratava de um material reentrado, ou seja, uma peça do espaço que reentrou na atmosfera, foi confirmada. “Esses objetos, chamados de lixo espacial, são resíduos ou partes de foguetes ou satélites que ficam, sem uso, flutuando no espaço. Calcula-se a existência de cerca de 10 mil objetos desse tipo circulando ao redor da Terra. O espaço é realmente bastante sujo”, explica o engenheiro.
Antes de ser levada para o Laboratório Associado de Combustão e Propulsão do Inpe, em Cachoeira Paulista (SP), onde se encontra atualmente, a peça foi examinada in loco, logo que foi encontrada por moradores locais de Montividiu, por pesquisadores da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para a identificação de possíveis cargas radioativas.
Na ocasião foram feitos testes de níveis de concentração de substâncias tóxicas, como a hidrazina, cujos resultados foram todos negativos. “Na ocasião, por meio de detectores de gases, foi comprovado que não havia nenhum tipo de radiação ionizante na peça. A hidrazina, por exemplo, um produto químico usado na propulsão de satélites, era o que mais nos preocupava por ser altamente tóxica e letal ao ser humano. Apenas resíduos de nitrogênio foram encontrados na peça”, conta Chamon.
O Brasil é signatário de convenções internacionais para a devolução de objetos espaciais a outros países. “Como o país reclamante precisa provar que o objeto é de sua propriedade, ainda estamos aguardando uma manifestação norte-americana mais específica. Enquanto isso, os tratados internacionais não nos permitem fazer nenhum tipo de teste destrutivo no objeto. Devemos devolvê-lo tal como ele foi encontrado”, afirma.
“Apesar de a peça estar totalmente fora de uso, normalmente esse tipo de resgate se justifica para a realização de investigações de falha de missões espaciais. Isso deverá ocorrer nesse caso, se realmente for comprovado que o artefato realmente pertencia ao Atlas 5”, disse Chamon.
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