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O Iridium reconquista o espaço
Depois de quase quebrar, empresa de telefonia via satélite investe US$ 2,7 bilhões em novo projeto global

Isto é Dinheiro

m dos maiores fiascos da história corporativa dos Estados Unidos está de volta. OIridium, o megaprojeto de celular mundial via satélite que desde 1998 gerou perdas de mais de US$ 10 bilhões, apresentou recentemente um novo plano estratégico que prevê uma nova investida espacial. Até 2014, a empresa quer colocar em órbita uma segunda frota de satélites ao custo de US$ 2,7 bilhões. Ovalor cor-responde à metade do investimento feito em 1997, quando 88 satélites foram enviados ao espaço naquele que seria, segundo um anúncio veicu-lado à época, “a maior conquista tecnológica da humanidade”. Aambição de levar o telefone para os lugares mais remotos dos planeta, do deserto do Saara ao coração da Floresta Amazônica, sucumbiu em poucos me-ses, deixando uma imagem negativa que o Iridium tenta agora recuperar.

O Iridium renasceu pelas mãos de Daniel Colussy, ex-presidente da Pan Am (a propósito, outra empresa que ruiu de forma estrondosa), que até agora tem conseguido colocar a empresa nos trilhos. Os números demonstram a recuperação. No ano passado, o Iridium lucrou US$ 54 milhões, depois de torrar fortunas nos anos anteriores. Colussy colocou em prática um plano ousado. Entre suas primeiras medidas estava a redução do preço dos aparelhos e do custo das ligações tele-fônicas. Ao ser lançado, o Iridium cobrava US$ 3 mil pelo equipamento e indecentes US$ 5 por minuto de ligação. Embora fosse destinado a um público selecionado, ninguém estava disposto a gastar tanto para falar ao telefone. Novos aparelhos, mais baratos e menores, foram desenvolvidos e Colussy cortou pela metade o custo das ligações. Ele pretende que, até 2014, uma pessoa pague no máximo 25 centavos de dólar para conversar via satélite. Ovalor é competitivo em relação aos preços cobrados pelas operadoras de celular.

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O crescimento brutal da telefonia móvel foi o grande responsável pelo naufrágio do Iridium. Se há dez anos a ideia de um telefone que pudesse ser usado em qualquer lugar do mundo era realmente inovadora, hoje isso se tornou corriqueiro para os usuários de celulares comuns. Com uma vantagem: os aparelhos móveis passaram a oferecer uma infinidade de serviços – câmera fotográfica, câmera de vídeo, navegação na internet, jogos interativos – a preços bastante acessíveis. OIridium só oferece ligações e ainda assim falha com uma frequência irritante. No início de sua operação, nem sequer funcionava se o usuário estivesse dentro do carro. Opresidente do Iridium garante que esses problemas não existem mais e diz que sua tecnologia tem um diferencial inigualável: é realmente planetária. Uma pessoa no meio do Atlântico consegue fazer uma ligação se possuir o aparelho. Colussy afirma que 84% da Terra não tem cobertura celular, incluindo na conta os oceanos. É nesse espaço que o Iridium entra.

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Em suas palestras, o executivo tem sido convincente. Apenas em 2008 ele fez sua base de clientes saltar 23%, para 320 mil pessoas. É uma miséria diante do mais de um milhão de usuários esperados para os primeiros anos de operação, mas representa um tremendo avanço para uma empresa que entrou em concordata e que viu seu principal acionista, a Motorola, deixar o negócio depois de perder quase US$ 1 bilhão. No ano passado, o Iridium ganhou fôlego extra. Uma injeção de capital feita por um grupo de investidores privados colocou US$ 591 milhões na companhia, dinheiro que será aplicado no Iridium Next, como foi chamado o projeto de lançamento da nova frota de satélites em 2014. No Brasil, a paranaense Inepar foi a empresa licenciada inicialmente para explorar os telefones via satélite, mas desistiu depois de acumular perdas de US$ 35 milhões. Desde 2001 a representante da Iridium no País é a Omnilink, sediada em São Paulo e que não soube informar o número de brasileiros que possuem o aparelho.