Chrysler declara concordata e firma aliança com Fiat
Da EFE - G1
A montadora Chrysler se viu forçada hoje a declarar concordata devido à postura de um pequeno grupo de credores e, por outro lado, assinou uma aliança com a italiana Fiat que lhe permitirá sair da moratória nos próximos 30 ou 60 dias.
Apesar das palavras tranquilizadoras do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e dos principais executivos da empresa, alguns fornecedores da fabricante de automóveis decidiram deixar de mandar peças, o que provocou o fechamento imediato de várias fábricas e mandou muitos trabalhadores para casa temporariamente.
Obama acusou um pequeno grupo de credores da Chrysler de provocar a concordata da companhia ao se negarem a aceitar a oferta realizada pelo Governo dos EUA para trocar os valores da dívida, mas advertiu que estes não aproveitariam o processo em seu favor.
"Ninguém deve se confundir sobre o que este processo significa. Esta não é uma demonstração de fraqueza, mas mais um passo no caminho de recuperação de Chrysler", afirmou o presidente.
Segundo Obama, "era inaceitável que um pequeno grupo de especuladores pusesse em perigo o futuro da Chrysler ao rejeitar fazer sacrifícios, como todo mundo".
Obama se referia a uma fração dos 46 bancos e fundos de investimento aos quais a Chrysler deve US$ 6,9 bilhões.
Um pequeno grupo rejeitou a oferta do Departamento do Tesouro americano de trocar essa dívida por US$ 2,25 bilhões em dinheiro, o que desencadeou a declaração de quebra.
Embora nem a Casa Branca, nem a Chrysler, tenham identificado esses "especuladores" publicamente, o jornal "Detroit Free Press" disse que são as sociedades Oppenheimer Funds, Perella Weinberg Partners e Stairway Capital.
Após as palavras de Obama, a companhia anunciou que tinha apresentado o pedido de concordata perante um Tribunal de Falências de Nova York e que apresentará uma moção perante o juiz para solicitar a rápida aprovação da aliança com a Fiat e a venda de seus ativos principais à nova companhia.
A Chrysler disse que em 30 ou 60 dias deve surgir uma nova empresa "mais concentrada" e que provavelmente manterá o mesmo nome.
A firma deve suspender todas suas atividades de fabricação no próximo dia 4 até que saia da moratória.
Enquanto isso, seus principais executivos asseguraram que as concessionárias têm automóveis suficientes para responder à demanda dos consumidores.
Washington vai conceder US$ 3,3 bilhões à companhia para que possa continuar operando durante a concordata. Assim que a nova Chrysler se formar, as autoridades americanas darão outros US$ 4,7 bilhões.
Além disso, o Governo canadense vai liberar uma quantia equivalente a um terço da cifra dada pelos EUA.
A Chrysler disse que a quebra só afeta suas operações nos Estados Unidos e não a suas subsidiárias no Canadá e no México.
O executivo-chefe da empresa, Bob Nardelli, confirmou que abandonará a companhia assim que esta superar a concordata, mas indicou que não sabe quem será seu substituto, que terá que ser eleito pelo novo conselho de direção do fabricante.
O presidente da Chrysler, Tom LaSorda, também anunciou que abandonará seu cargo, mas ainda não decidiu quando.
Outra das consequências da reestruturação do setor é a possível fusão dos braços financeiros da Chrysler (Chrysler Financial) e da General Motors (GMAC), ambas sob o controle do fundo de investimentos Cerberus.
Nardelli explicou que as duas empresas estão em negociações para se unirem e criar "uma das maiores instituições financeiras do setor do automóvel".
A aliança com a Fiat prevê que a empresa italiana permita o uso "de toda sua propriedade intelectual" para capitalizar a Chrysler em troca de 20% do capital da nova empresa.
A fabricante italiana terá o direito de assumir mais 15% se a Chrysler atingir uma série de metas, como a produção de um veículo nos EUA que consuma 40 milhas por galão (5,88 litros por cada 100 quilômetros).
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