Parceria viabiliza produção de míssil nacional

Gazeta Mercantil - Via Investnews

A Mectron, empresa do pólo de São José dos Campos (SP) e primeira fabricante de mísseis da América do Sul, será responsável pelo processo de industrialização de um míssil específico para o Exército nacional e firmará nos próximos meses uma parceria com a Marinha para o fornecimento de um produto semelhante e de características próprias.

As negociações com o Exército foram acertadas no último trimestre do ano passado. Com o Comando da Marinha faltam apenas detalhes e será concluído dentro de dois meses, no máximo. Os investimento somam, nestes dois casos, cerca de R$ 50 milhões. Serão foguetes inteligentes guiados para ataque a blindados, como tanques, e um antiembarcações.



Na busca pela dianteira dentro deste disputado mercado, a Mectron firmou uma associação com a Britanite Defence System. Essa parceria tem o apoio do Comando da Aeronáutica, por meio do Comando Tecnológico de Aeronáutica (CTA), e integra a política de incentivo às exportações. O produto será uma bomba guiada por satélites, embarcada em aeronave e acompanhada por um sistema de guiagem.O artefato será guiado com o auxílio da rede de satélites Global Position System (GPS), pertencente aos Estados Unidos, ou pela rede Glonass, da Rússia. Esta é a primeira vez que um produto desta categoria é lançado e fabricado na América Latina. As primeiras bombas serão entregues ao Comando da Aeronáutica em 2010.

Faro externo

Apesar de ser considerado o mais estratégico dos mercados, o setor bélico pretende comportar a competição de grandes companhias e conglomerados internacionais. A Federação das Indústrias Italianas para o Espaço Aéreo-AIAD, Defesa e Segurança assinalou que pretende participar ativamente desta nova etapa de militarização da América do Sul.

O interesse principal é pelo Brasil, considerado como um mercado atraente, para empresas de grande porte como a Finmeccanica, Avio Propulsione Aerospaziale e Fincantieri. O interesse no momento é negociar alianças estratégicas, transferir tecnologia e estreitar ainda mais os laços comerciais com o Brasil.

A Avio firmou no final de 2007 um contrato de 80 milhões de euros para a manutenção de motores dos aviões AMX da Força Aérea Brasileira (FAB). O acordo contempla a criação de uma linha de produção de motores aeronáuticos no Rio de Janeiro.

Enquanto isto, a Iveco, do grupo Fiat, por meios de sua subsidiária no Brasil, finaliza a produção de 18 protótipos de um veículo blindado para o transporte de tropas, denominado Urutu 3, encomendados pelo Ministério da Defesa. Porém se pretende difundir o uso deste veiculo junto aos países vizinhos.

Entre os focos da indústria italiana o setor naval é tido como especial. As possibilidades de negócios com a Marinha são grandes, particularmente na construção de fragatas e navios patrulha. As negociações estão em andamento junto ao Ministério da Defesa, que avalia a capacidade instalada de indústrias e estaleiros nacionais.

A European Aeronautics Defence and Space Company (EADS) tem mostrado nos últimos anos um elevado interesse no mercado latino-americano e brasileiro. Além do contrato para a construção e venda de 51 helicópteros EC725, a ser produzido em Itajubá (MG) pelo consórcio Helibrás - Eurocopter, para as armadas nacionais. O conglomerado europeu pretende ingressar na América do Sul com os veículos aéreos não tripulados (UAVs); satélites e também aeronaves como o avião de transporte militar C295 e o avião tanque A330MRTT, ambos produzidos pela EADS Airbus Military.

O investimento do consórcio para fabricar os helicópteros EC-725 no Brasil é estimado de US$ 350 milhões. O contrato firmado com o governo brasileiro é de R$ 5,9 bilhões. As primeiras entregas estão previstas para 2010 e abastecerá as três forças armadas.

Segundo o diretor-geral da EADS Brasil, Eduardo Marson Ferreira, o país tem longa tradição aeronáutica e representa muito para a empresa européia. "Por esse motivo, nossa presença estratégica aqui não é apenas institucional, mas principalmente de cooperação industrial".

A EADS é líder mundial nos segmentos aeroespacial, de defesa e serviços relacionados. Em 2008, faturou 43,3 bilhões de euros. O grupo inclui a Airbus, maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, a Eurocopter, maior fornecedora mundial de helicópteros, além da EADS Astrium, que opera em programas espaciais.