A fabricante russa Sukhoi fez o primeiro voo em público com seu novo avião, o Superjet 100, nesta semana, durante a feira de aviação de Paris. A primeira aeronave comercial russa desde o fim da União Soviética veio para brigar com o brasileiro Embraer 190. Embora líder de mercado neste segmento, a empresa nacional pode sofrer com o lançamento.
Segundo André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company, a Embraer corre risco de perder espaço no mercado russo e nos países próximos, por exemplo, no leste europeu. "A Embraer está muito bem posicionada com os jatos, mas vai enfrentar concorrência maior, porque sempre tem um componente político nas compras. Ela terá que fortalecer seu esforço comercial, lobby e assistência no pós-venda, principalmente nos mercados mais próximos da Rússia. Da mesma forma que o governo brasileiro estimula a compra de jatos da Embraer para promover empregos no País, os outros também devem fazer", disse Castellini.
A Sukhoi, que faz parte da United Aircraft Corporation (UAC), contou com a cooperação de empresas americanas e europeias como a americana Boeing, a italiana Alenia Aeronautica e a canadense Honeywell, durante o projeto do Superjet 100. A aeronave pode ter de 75 a 98 assentos, o que enquadra o modelo em um dos segmentos que mais cresce no mundo devido à relação custo/benefício, já que gastam menos combustível e podem ser alternados com aviões maiores em horários de menos movimento e manter a taxa de ocupação alta.
Embora a Sukhoi tenha anunciado durante a Paris Air Show que fechou um acordo de US$ 1 bilhão para vender 30 unidades do Superjet 100 à aérea húngara Malev, a Embraer diz que o projeto não apresenta inovações que possam ameaçar a liderança da empresa brasileira.
"Este avião (Superjet 100) está em fase de ensaios e é de uma tecnologia equivalente aos E-Jets (da Embraer). Ele não traz nenhuma novidade tecnológica que assegure vantagens competitivas. Não prevemos no curto prazo uma penetração mundial expressiva deste avião. Claro que com passar do tempo vai acontecer, mas temos a liderança e um programa forte de desenvolvimento de tecnologias para manter a ponta mesmo com a entrada de novos participantes", afirmou o vice-presidente executivo de aviação comercial da companhia, Mauro Kern.
A Sukhoi diz que espera alcançar 15% de participação no volume de vendas até 2024, com 800 Superjet 100 entregues. Atualmente, a Embraer possui a liderança em vendas acumuladas neste segmento, com cerca de 46% do mercado, seguida pela canadense Bombardier.
Segundo Kern, China e Japão também desenvolvem modelos para entrar no segmento até 2014. "Mesmo com o desenvolvimento de um avião nacional chinês, ele não terá condição de atender a toda demanda do mercado no país, que é muito grande. Temos 55 aviões da família 190 já vendidos para China", apontou o executivo da Embraer. "O mercado chinês é o que vai crescer mais, por isso é importante manter a parceria. São ordens de médio e longo prazo e vão ter novos componentes para dividir a torta", completou Castellini.
O mercado de jatos regionais
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