Chinês a bordo
Marinha da China vai aprender no Brasil

Fonte: Area Militar

Um acordo entre o Brasil e a China, poderá permitir a oficiais chineses treinar a bordo do porta-aviões brasileiro São Paulo.

O acordo preliminar a que Brasil e China chegaram, está relacionado com a intenção chinesa futuramente operar porta-aviões, a qual tem vindo a ser defendida por algumas das mais importantes figuras das forças armadas chinesas e especialmente na marinha do país.

Recentemente a China afirmou a sua intenção de operar e mesmo construir porta-aviões, afirmando que a China era o único dos principais países do mundo que não possuía esse tipo de armamento.

Os chineses adquiriram de forma pouco ortodoxa o porta-aviões Varyag, da antiga União Soviética e que estava semi-construído na Ucrânia. A China adquiriu o porta-aviões para o transformar num casino flutuante, mas posteriormente o navio apareceu nos estaleiros de Dalian no nordeste da China, onde está a ser objecto de uma completa modernização.

Embora o antigo Varyag possa vir a ser o primeiro porta-aviões chinês, a China não possui experiência nem na construção nem na operação deste tipo de navio.


A opção pelo Brasil como parceiro neste projecto, os ensinamentos que a China poderá obter do Brasil têm que ver essencialmente com a manutenção e operação logística que permitem manter operacional um navio cuja guarnição pode facilmente atingir 2.000 militares.

A China não têm nenhum navio com estas características e os factores como a logística, gestão de pessoal, gestão de material, manutenção interna, que implicam manter em funcionamento um pequeno aeroporto flutuante são importantes para uma força que não tem experiência neste ramo.

Já quanto à parte militar existem diferenças significativas entre o São Paulo e um eventual futuro porta-aviões Chinês, nomeadamente o antigo Varyag.

A primeira grande diferença prende-se com o facto de o A-12 São Paulo ser um porta-aviões convencional, em que as aeronaves são projectadas por meio de catapultas. O antigo Varyag não dispõe deste tipo de sistema, porque a antiga União Soviética nunca foi capaz de produzir catapultas suficientemente potentes para a dimensão das aeronaves.

De qualquer das formas a gestão de espaço e as operações combinadas em que o porta-aviões está simultaneamente a receber aeronaves e a lançar outras, são especialmente importantes e a marinha brasileira, que já opera porta-aviões desde os anos 60 tem experiência na matéria.

Esta experiência tem no entanto os seus limites porque o anterior porta-aviões brasileiro o A-11 «Minas Gerais» era essencialmente utilizado como uma plataforma para a luta anti-submarina, pois a marinha do Brasil estava condicionada a operar aeronaves de asa rotativa.

A experiência brasileira na introdução de aeronaves de combate é recente e por isso é provavelmente mais útil que a de outras marinhas que já resolveram esse tipo de problema há muitos anos.

Os chineses vão deparar-se com problemas que a marinha brasileira teve há apenas alguns anos e as pessoas que os resolveram e trabalharam na sua resolução estão disponíveis.


O Brasil é com a França e os Estados Unidos o único país do mundo a operar aeronaves de asa fixa convencionais. A Rússia possui um porta-aviões convencional, que não tem catapultas para projectar aeronaves e os restantes países como o Reino Unido, Espanha, Itália e Índia possuem porta-aviões que operam com aeronaves de descolagem vertical.

O A-12 São Paulo é o antigo Foch da marinha francesa, que foi retirado de serviço quando a França incorporou o porta-aviões Charles De Gaulle de propulsão nuclear.