Foto mostra o avião Airbus A330-200, matrícula F-GZCP, que desapareceu nesta segunda-feira (1) sobre o Oceano Atlântico, estacionado no aeroporto George Bush, em Houston, no estado americano do Texas. (Foto: AP)

Air France divulga nota sobre relatório do voo 447

Empresa diz que leva em conta as análises da investigação e mostra as medidas que já foram tomadas

Estadão

A Air France divulgou na tarde desta quinta-feira, 2, uma nota sobre o primeiro relatório do Escritório de Investigações e Análises para a Aviação Civil (BEA) acerca do acidente com o Airbus A 330-200, que caiu no dia 31 de maio no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. A empresa informa que levará em consideração os pontos levantados pelo BEA e lista as medidas que já havia tomado em termos de segurança de voo antes do acidente.

Segue a íntegra da nota:

"A Air France acompanhou com especial atenção o primeiro relatório da BEA divulgado hoje acerca do acidente do voo AF 447. Este relatório, apresentando os fatos iniciais, constitui em uma importante etapa das investigações.

Da mesma forma, ele é um elemento de grande importância para as famílias que, assim como a Air France, estão ansiosas em entender melhor as circunstâncias desta tragédia.

Para a Air France, ainda é primordial que se encontrem os registros de voo - as caixas pretas - que permitiriam conhecer as causas deste acidente - sejam quais forem. Para a companhia não devem ser poupados esforços para este fim, e a Air France agradece as autoridades francesas por continuarem as buscas, nesta operação sem precedentes. Da mesma maneira, a companhia agradece as autoridades brasileiras pelas buscas realizadas no local do acidente.

Todos os pontos da investigação levantados pelo Escritório de Investigação e Análise francês - BEA - serão imediatamente levados em consideração pela companhia. A segurança de voo é a preocupação primordial da Air France, que busca permanentemente meios de aprimorar cada vez mais todos os seus aspectos.

Por ocasião da divulgação do relatório da BEA, a Air France gostaria de apontar o seguinte:

- na recomendação da Airbus, de novembro de 2008, que substituía outra, de setembro de 2007, a solução para o problema de congelamento ("givrage") não figurava mais como motivo de troca do pitot Thalès AA pelo pitot Thalès BA;

- em 15 de abril de 2009, a Airbus propôs à Air France uma avaliação, em situação real, dos resultados de uma série de testes de laboratórios do pitot Thalès BA;

- em 27 de abril de 2009, sem esperar esta avaliação, a Air France decidiu equipar toda sua frota de Airbus A330 e A340 com os pitots Thalès BA.

Evidentemente, a Air France continuará a cooperar plenamente com as autoridades e reitera seu compromisso total com a transparência para com os investigadores, seus passageiros e o público em geral".


Voo 447 da Air France não se partiu no ar, diz relatório preliminar

IG - com agências internacionais

O avião da Air France que fazia o trajeto entre Rio e Paris e que caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo há um mês não se partiu em pleno ar, informou nesta quinta-feira o Escritório de Investigações e Análises (BEA, em francês) da França, encarregado de investigar a queda do voo 447. "O avião estava inteiro no momento do impacto", indicou Alain Bouillard, líder da investigação.

De acordo com o relatório, o primeiro a ser divulgado sobre o acidente, a aeronave teria caído verticalmente e os coletes salva-vidas dos passageiros não estariam inflados, o que indica que as vítimas não estavam preparadas para a queda. A hipótese de uma explosão no ar foi descartada no relatório.

"A análise visual dos destroços do avião mostram que a aeronave não foi destruída em voo. Parece ter se chocado com a superfície da água com uma forte aceleração vertical", afirmou Alain Bouillard, da BEA, ao apresentar à imprensa o relatório preliminar das investigações.


Sensores de velocidade

A investigação realizada por técnicos do Escritório de Investigações e Análises indica também que uma possível falha nos sensores de velocidade do Airbus, conhecidos como "pitot", teria sido "mais um fator", e não a causa decisiva do acidente. "Nós estamos bem longe de determinar as causas do acidente", disse a jornalistas Alain Bouillard, chefe das investigações.

De acordo com a Air France, defeitos de funcionamento das sondas Pitot do A320 levaram a Airbus a editar em setembro de 2007 uma recomendação de troca das sondas.

Ainda segundo a empresa aérea, a recomendação de trocar as sondas teria sido aplicada nos A320, onde tais incidentes por ingestão de água a baixa altitude foram observados, mas não nos A340/330 "por não terem sido constatados tais incidentes".

A partir de maio de 2008, a Air France afirma ter observado incidentes de perda de informações anemométricas nos A340 e A330. Estes eventos teriam sido, então, analisados junto à Airbus.

No primeiro trimestre de 2009, os testes em laboratório teriam mostrado que a nova sonda poderia trazer uma melhoria significativa aos problema nos sensores. Para confirmação final, a Airbus teria proposto uma experimentação em vôo, em situação real. Sem aguardar esta experimentação, a Air France afirma que decicidiu trocar todas as sondas pitot Thalès AA pelas pitot Thalès BA de sua frota A330/340 a partir de 27 de abril de 2009. Após o acidente com o voo 447, mas "sem pressupor uma ligação com as causas do acidente", a Air France afirma que acelerou a troca.

Divulgação
O trabalho de buscas durou 26 dias
Alain Bouillard afirmou também que a França ainda não tem os resultados das autópsias dos corpos das vítimas do acidente. De um total de 51 corpos encontrados pelas equipes de busca do acidente, 35 já foram identificados pela força-tarefa composta pela Polícia Federal (PF) e pela Secretaria de Defesa Social (SDS) em Pernambuco.


Buscas pela caixa-preta

Os investigadores que apuram as causas da queda do Airbus afirmaram ainda, durante a divulgação do relatório preliminar sobre o acidente, que as buscas pela caixa-preta da aeronave vão continuar até o dia 10 de julho.

"Nós nos aproximamos do fim da missão acústica de busca das balizas. Esta primeira fase de buscas termina no dia 10 de julho. Depois desta data, passaremos para uma segunda fase. Estas buscas não serão acústicas e sim mediante exploração sistemática através de sondas", declarou.

Um navio de exploração submarina prosseguirá com as buscas com veículos submarinos e um sonar de rastreamento. Os registros dos dados do voo, gravados nas caixas-pretas, são determinantes para explicar o acidente, insistiram os especialistas.

As caixas-pretas estão conectadas a balizas que emitem sons por pelo menos 30 dias. A tarefa de busca é complexa por causa da profundidade do local da queda do avião, estimada entre 3.000 e 3.500 metros, e pelo relevo de difícil acesso do Oceano Atlântico na zona da tragédia.

O avião que fazia o voo AF447 caiu depois de decolar do Rio de Janeiro no dia 31 de maio. Todas as 228 pessoas a bordo morreram.

* Com AFP, AP e Reuters

Voo 447 da Air France