As empresas mineiras não conseguirão formar um polo para atender a demanda da expansão da fabricante de helicópteros Helibras, subsidiária da francesa Eurocopter, em Itajubá (Sul de Minas), que promete entregar 50 modelos militares EC725 para a Força Aérea Brasileira (FAB) a partir de 2011. Pelo menos não em um primeiro momento. “A empresa precisa já ter o domínio do produto para ser fornecedora. Por isso, não há a menor chance de o polo ser erguido até o início da produção”, disse ontem o vice-presidente da Helibras, Luiz Eduardo Mauad, durante encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Ele explicou que, com a consolidação das atividades da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), foi formado em São José dos Campos (SP) o terceiro maior polo mundial do setor. “Ali estão os principais fornecedores. Mas queremos criar um novo tecido industrial no nosso entorno. Por isso, vamos fazer a ponte entre o sócio europeu e a empresa”, disse. “O polo, uma prioridade do governo de Minas, partirá da demanda. Para as empresas mineiras se adequarem rapidamente, o estado, com a federação das indústrias e organismos financeiros, oferece, inclusive, linha de crédito específica”, destacou o subsecretário de Estado de Assuntos Internacionais, Luiz Antônio Athayde.
A nacionalização de 50% dos componentes, acordada no momento da assinatura do contrato entre os governos brasileiro e europeu, em dezembro do ano passado, será atingida até o fim da entrega da primeira encomenda, em 2016, conforme Mauad. O acordo militar com a França, que envolve cerca de 2 bilhões de euros (cerca de R$ 5,74 bilhões), prevê a construção no Brasil de cinco submarinos, além dos 50 helicópteros. Em ambos os casos, a maior vantagem do negócio é a transferência de tecnologia. Para receber a nova linha, a Helibras vai investir em torno de US$ 300 milhões na expansão.
O projeto está com o “cronograma apertado”, segundo Mauad. “O presidente Lula já sancionou a lei que autoriza a compra dos helicópteros para a FAB, mas faltam documentos das partes. Depois, volta para o Ministério do Planejamento para liberação da primeira parte dos recursos. Em paralelo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, está na França acertando os últimos detalhes”, esclareceu. Segundo ele, o projeto arquitetônico será aprovado em agosto, a construtora será escolhida em seguida, as obras começam em janeiro de 2010 e a operação está prevista para 2011. “A entrega será na data acordada”, frisou.
Os empresários mineiros veem oportunidades. “Eles não usam sistema de imagem e visão computacional para inspeção, automação e controle de processos industriais. Isso abre espaço para a gente”, disse Geraldo Pedrosa, diretor de Novos Negócios da Nansen, de Belo Horizonte. “Já somos fornecedores da Helibras na área de eletromecânica e engenharia elétrica. Para atender a nova demanda, já planejamos aumentar nosso quadro, hoje com 16 funcionários”, afirmou Alexandre Ribeiro da Luz, diretor-comercial da Artrel, de Itajubá. “Ainda há uma neblina. Para saber se vale a pena é preciso conhecer os detalhes, porque a demanda é específica e a quantidade é pequena”, ponderou Carlos Alberto Fructuoso, diretor-administrativo da Linear Equipamentos Eletrônicos, de Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas).
Mais contratações
A Helibras começou a seleção de 300 profissionais para dobrar seu quadro de funcionários. Para a expansão da fábrica de Itajubá (Sul de Minas) serão contratados cerca de 200 mecânicos de montagem, chapeadores e eletricistas, com salário entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. Admite ainda 25 mecânicos de manutenção aeronáutica, com vencimentos de pelo menos R$ 4 mil. As inscrições devem ser feitas no site www.helibras.com.br. O governo de Minas anuncia nas próximas semanas os detalhes da abertura de 240 vagas para curso profissionalizante de mecânico de avião.
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