INS Arihant - foto: Reuters/DAWN.com

Índia lança o seu primeiro submarino nuclear

Fonte: Publico.PT - Francisca Gorjão Henriques

A Índia lançou hoje o seu primeiro submarino nuclear, a que chamou "Arihant", ou seja, “destruidor de inimigos”. O acontecimento foi considerado “histórico” pelo chefe do Governo, uma vez que até agora apenas cinco países o tinham feito.

Este será apenas o primeiro de dois submarinos que Nova Deli desenvolveu com ajuda russa, adianta a Reuters. O "Arihant" será propulsionado por um reactor de 85 megawatts e atingir uma velocidade de 44 quilómetros por hora.

A cerimónia decorreu na localidade de Visakhapatnam, no estado de Andra Pradesh, com o primeiro-ministro, Manmohan Singh, a assegurar que “não temos nenhum objectivo agressivo e não queremos ameaçar ninguém”, cita a agência oficial indiana PTI. “É um momento histórico no quadro da nossa defesa nacional”.

Até agora, a Índia contava com submarinos nucleares russos. O projecto, de cerca de dois mil milhões de euros, incluía no entanto a construção de um total de cinco submarinos; problemas técnicos levaram ao seu adiamento.

Ainda antes de entrar no activo, o "Arihant", de seis toneladas, vai passar dois anos em testes nas águas do golfo de Bengala. Depois, e se não se verificarem problemas, esta será mais uma forma à disposição de Nova Deli, para além dos mísseis e caças que já possui, para transportar ogivas nucleares e disparar mísseis contra alvos a 700 quilómetros de distância.

A BBC online adianta que até agora, a Índia apenas conseguia lançar mísseis balísticos por terra e ar; com o Arihant poderá fazê-lo também por mar. O submarino terá capacidade para transportar uma centena de marinheiros e ficar debaixo de água por longos períodos de tempo, aumentando as suas capacidades de permanecer indetectável, acrescenta a estação britânica.

Rivalidades regionais

Coincidência ou não, assinalam-se hoje os dez anos de um confronto armado entre a Índia e o Paquistão junto à Linha de Controlo (LOC), que separa os dois lados de Caxemira. A mini-guerra eclodiou depois de o chefe do Exército paquistanês de ajudar militantes islamistas caxemires a transpor a LOC. Morreram 1100 soldados de ambos os lados.

A Índia, que conduziu o seu primeiro teste em 1974, deverá possuir entre 45 e 90 armas nucleares. O rival Paquistão, que também desde a década de 1970 desenvolve um programa nuclear, anunciou em Maio de 1998 que realizara cinco ensaios atómicos.

Mas não terá sido apenas por rivalidades com o seu arqui-inimigo que o Governo indiano investiu tanto na construção dos submarinos. As autoridades vêem também com apreensão o fortalecimento militar chinês, que não só tem tornado a China numa forte potência regional, operando na zona de influência de Nova Deli, como lhe tem permitido vender armamento aos vizinhos indianos, Paquistão e Sri Lanka.

A necessidade de um reforço das defesas marítimas tornou-se ainda mais evidente depois dos atentados de Bombaim, em Novembro do ano passado, uma vez que foi por mar que os atacantes chegaram a solo indiano. “O mar está a tornar-se cada vez mais relevante no contexto dos interesses de segurança da Índia, e temos de reajustar a nossa preparação militar a este ambiente em mudança”, acrescentou Singh.

Neste contexto, foi assinado em 2005 um acordo para a compra de seis submarinos franco-espanhóis Scorpène, de propulsão clássica, acompanhada pela venda de mísseis, num montante de 2400 milhões de euros, adianta a AFP.


Índia lança primeiro submarino nuclear construído no país

Fonte: BBC

O premiê indiano, Manmohan Singh

Para analistas, objetivo da Índia é contrabalançar poderio da China

A Índia lançou neste domingo o seu primeiro submarino nuclear, o INS Arihand, tornando-se o sexto país do mundo a integrar este seleto clube.

Pesando cerca de 6 mil toneladas e com capacidade de lançar mísseis contra alvos a uma distância de 700 quilômetros, o submarino foi apresentado pelo primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, em uma cerimônia no porto de Visakhapatnam, no sudeste do país.

A embarcação foi construída inteiramente na Índia, mas com ajuda da Rússia, e passará por testes nos próximos anos antes de ser utilizada em operações militares. Um segundo exemplar deve ser terminado em breve.

Em seu discurso, Manmohan Singh disse que a Índia não alimenta ambições de agredir nenhum de seus vizinhos, mas que há cada vez mais "ameaças" no mar da região.

"Temos a incumbência de tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança de nosso país e nos mantermos atualizados com os avanços tecnológicos mundiais", afirmou.

O repórter da BBC em Nova Déli Sanjoy Majumder disse que o lançamento do Arihant é um sinal claro da tentativa indiana de equilibrar a poderio militar da China, hoje potencia naval na região.

Para o repórter, o submarino agregará uma "terceira dimensão" à capacidade defensiva indiana. Até agora, o país só era capaz de lançar mísseis balísticos no ar e na terra.

A embarcação indiana poderá levar cem marinheiros e permanecer subaquático por um longo período de tempo, aumentando suas chances de permanecer sob sigilo.

Hoje, os submarinos indianos precisam voltar à superfície frequentemente para recarregar as baterias.

Submarino indiano

Submarinos indianos atuais têm de subir à superfície constantemente

Com o anúncio, a Índia entra para o seleto clube dos países com capacidade de construir submarinos nucleares, formado por Estados Unidos, Rússia, França, Grã-Bretanha e China.

No fim do ano passado, o Brasil assinou com a França um acordo que, entre outras cláusulas, prevê cooperação militar com fim de assistir a Marinha brasileira a construir o seu próprio submarino nuclear.

Isto faria com que o Brasil se tornasse o primeiro país da América do Sul a possuir a tecnologia, fato que analistas destacaram como uma grande vantagem militar em comparação com o resto do continente.