Não seja ingénuo senhor Obama !
Ex chefes de estado alertam para abandono da Europa de Leste
Area Militar
Ex chefes de estado alertam para abandono da Europa de Leste
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Numa carta aberta publicada em vários órgãos de comunicação social e sites na Internet, vários antigos chefes de estado de países do antigo pacto de Varsóvia e de antigas repúblicas da União Soviética alertaram na passada Quinta-Feira para as possíveis consequências de um acordo entre a Rússia e os Estados Unidos que esquecesse a Europa de Leste.
Na passada semana, em negociações ocorridas em Moscovo, o presidente dos Estados Unidos pediu que se fizesse um recomeço a partir do «zero» nas relações entre os Estados Unidos e a Rússia.
Esse recomeço implica não só o estudo das limitações aos armamentos nucleares, como também aos sistemas de defesa que a Rússia considera serem uma ameaça para a sua segurança.
Os antigos líderes da Europa de leste, entre os quais se contam Lech Walesa da Polónia, Vaclav Havel da república Checa e os antigos presidentes da Roménia, da Letónia e da Lituânia afirmaram que acolhem positivamente a intenção de começar do zero, mas recomendaram a Barak Obama que não fosse ingénuo.
O mal estar na Europa de Leste, agravou-se especialmente depois de há quase um ano em Agosto de 2008, a Rússia ter invadido a república da Geórgia, numa demonstração de poder e brutalidade que em tudo fez lembrar a União Soviética de Estaline.
«… A Rússia, está de volta com uma agenda revisionista, perseguindo objectivos do século XIX e utilizando tácticas do século XX. A Rússia utiliza pressões de forma aberta e encapotada, com guerra económica, bloqueios económicos, subornos e manipulação da imprensa …» acrescentaram os antigos líderes europeus.
A carta aberta, avisou ainda que não fazer nada perante o revivalismo dos russos, poderia levar a que a Europa de Leste fosse efectivamente neutralizada pela influência Russa, que pretende utilizar os combustíveis como arma económica contra toda a Europa.
Para evitar isso, Barak Obama foi incentivado a desenvolver a cooperação com os países europeus, em iniciativas como o oleoduto «Nabuco» que pretende transportar petróleo da Ásia central para a Europa, sem passar por território russo.
Os Estados Unidos também não devem ceder às pressões russas para não apoiar a defesa dos países da Europa de leste, nomeadamente prosseguindo com os planos destinados a instalar componentes do sistema anti-míssil norte-americano na Polónia e na República Checa.
Entendendo o problema
O principal problema dos antigos líderes dos países da Europa de leste, é a possibilidade de os Estados Unidos optarem estrategicamente por abandonar a defesa da independência dos países da antiga cortina de ferro, quando a Rússia aparece com um ressurgimento das suas velhas tradições imperiais, que começaram no Século XVII com a expansão do país para a Ásia, para o Mar Negro e para a Europa oriental.
A Rússia, a partir do século XVII criou um Império Colonial gigantesco, que ao contrário dos restantes impérios europeus, tinha contiguidade geográfica com o território da potência colonial, o que facilitou a transmigração e o envio de colonos russos para os territórios que sendo embora colónias, passaram a ser considerados como domínios do Czar.
O Império Russo expandiu-se para a Ásia e chegou mesmo ao Alaska na América, lançou-se contra a Turquia no Mar Negro, ocupou o Cáucaso e durante e depois da II Guerra Mundial, ocupou os estados do Báltico, e transformou quase todos os países do bloco de leste em meros estados fantoche.
Com o colapso do regime comunista, começou um rápido processo de descolonização em que o Império Russo foi forçado a conceder a independência aos países que faziam parte da URSS e a abandonar o controlo dos estados fantoche da Europa de leste.
Porém, o problema dos colonos continua. Existem minorias étnicas russas em várias regiões do antigo império que foram parte do processo de genocídio étnico levado a cabo pelo império russo contra os povos dos territórios ocupados.
Hoje, a Rússia volta a ameaçar os países que entretanto ascenderam à independência, considerando como cidadãos russos todos os colonos que continuaram a habitar nos países que se tornaram independentes, como aconteceu em 2008 com a invasão da Geórgia.
A brutalidade com que as tropas russas receberam ordens para agir, bombardeando propositadamente civis sem qualquer preocupação, foi vista pelos países da Europa de leste como um aviso, de que os métodos antigos continuavam a ser utilizados. Aparentemente o aviso foi levado a sério.
Países como a Polónia têm uma muito má memória das garantias dadas pelos países ocidentais perante a invasão alemã de 1939, em que o país foi dividido ente a Alemanha e o Império Russo.
A Polónia considera que será mais seguro ter o apoio dos Estados Unidos, que o apoio da Europa Ocidental, que está demasiado dependente da Rússia para poder enfrentar a Rússia seja de que forma for.
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