Defesa: CEMFA alerta para "desequilíbrio" entre pilotos aviação militar e civil e diz que "urge tomar medidas"


Fonte: Lusa

O chefe de Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA) voltou hoje a alertar o "acentuado desequilíbrio" entre o número de pilotos na aviação militar e civil, referindo que é urgente "tomar medidas de carácter legislativo" que evitem esta situação.

Discursando na cerimónia de comemoração do 57.º aniversário da Força Aérea, na base aérea n.º1, em Sintra, e dirigindo-se especificamente ao ministro da Defesa, o general Luís Araújo afirmou que o elevado "conteúdo tecnológico" das várias especialidades leccionadas na Força Aérea leva a que os seus pilotos sejam requisitados pela aviação civil e acabem por sair por motivos financeiros, o que está a conduzir a "um acentuado desequilíbrio" entre os dois sectores.

Perante uma plateia de dezenas de oficiais - onde se contavam o presidente da Liga dos Combatentes, general Chito Rodrigues, e o antigo governador de Macau, general Rocha Vieira - e onde estiveram o presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara, o conselheiro de Estado Miguel Anacoreta Correia e alguns deputados da comissão de Defesa, o CEMFA referiu que este cenário "tem conduzido a uma rarefacção nos quadros" da Força Aérea Portuguesa e está já a originar "problemas graves".

"Urge tomar medidas de carácter legislativo" que suprimam estas carências, afirmou o chefe militar numa cerimónia onde desfilaram mais de 500 militares e inúmeros meios aéreos e terrestres, acrescentando que "as medidas tomadas até agora não se afiguram suficientes".

Ao longo da sua intervenção, o general Luís Araújo frisou também que o poder político deve rever os "suplementos remuneratórios para os militares em missões de elevado risco", até pela "expectativa criada em torno do processo de reestruturação das carreiras militares".

Sobre os meios materiais, Luís Araújo apontou como situações de "elevada prioridade" para a Força Aérea as "modificações ao nível de equipamentos e comunicações na frota dos C-130, indispensáveis para a projecção e sustentação de forças destacadas", a continuação "da regeneração de motores e da modernização das aeronaves F-16 e respectivos sistemas de emissão para garantir as capacidades destes instrumentos de poder aéreo" e a "renovação progressiva das frotas de instrução elementar básica e avançada de pilotagem em aviões e helicópteros".

"É indispensável que a atribuição orçamental e o ressarcimento atempado de alguns serviços prestados pela Força Aérea permitam a manutenção e a regeneração dos equipamentos, pois a sua não consideração obriga a um consumo de potencial de voo não regenerável com incontornáveis consequências para o ciclo de vida dos meios aéreos", declarou.

Por seu lado, em declarações aos jornalistas no final da cerimónia, o ministro da Defesa, Severiano Teixeira, disse que a saída de pilotos é uma "preocupação antiga" do Governo e que se verifica "em vários países".

"Os quadros da Força Aérea Portuguesa e em particular os pilotos são de alta qualidade e portanto o mercado procura atraí-los", assinalou Nuno Severiano Teixeira, referindo que "há dois tipos de medidas que se podem tomar" e que há uma que "já está tomada" e outra que "está em curso".

"Aquela que está tomada é o aumento da permanência dos pilotos nos quadros, de oito para 12 anos, isso está já aprovado e permite algum respiro, mas depois é preciso pensar sobre outro tipo de incentivos em sede de suplementos, isso está a ser trabalhado, é uma preocupação e é uma das questões que tem de ter, em sede legislativa, uma resolução", afirmou.