O engenheiro alemão Wernher von Braun, considerado o pai dos mísseis nazistas V2, teve também um papel importante na construção do foguete Saturno V, que auxiliou a missão Apollo 11, tripulada pelos astronautas norte-americanos Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins, a pousar na Lua em 20 de julho de 1969.
Nascido em 1912, Von Braun foi, segundo a descrição que consta do site da Nasa, "um dos mais importantes desenvolvedores de foguetes e campeão da exploração do espaço durante o período entre 1930 e 1970".
O engenheiro nascido em Wirsitz (hoje Wirzyzk, na Polônia) se tornou um cidadão dos Estados Unidos em 1955 e morreu em 1977 no estado da Virgínia, vítima de câncer no fígado, aos 65 anos.
Von Braun era um apaixonado por voos espaciais e em 1929, com apenas 17 anos, filiou-se à Verein für Raumschiffahrt, a associação alemã para viagens espaciais. "Quando eu tinha 13 anos, ganhei um telescópio dos meus pais. E por muitas noites me ocupei dele, observando a Lua e as estrelas", relatou certa vez.
Mísseis V2 e o nazismo
Von Braun explica o funcionamento de um foguete num filme da Disney
Para realizar o sonho de construir foguetes, em 1932 ele ingressou no Exército alemão para trabalhar na construção de mísseis balísticos. Paralelamente, seguiu seus estudos, obtendo um doutorado em Física em 1934.
Von Braun obteve fama por ter liderado a equipe que produziu os primeiros mísseis balísticos, os V2, utilizados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Até hoje, o papel do engenheiro nesse projeto é alvo de debates e polêmicas.
Os foguetes eram produzidos na fábrica de Nordhaussen, perto do campo de concentração de Dora, conhecido pelo uso de trabalhos forçados. Estima-se que milhares de pessoas morreram durante a produção dos mísseis V2.
Com 15 metros de comprimento e pesando 12 toneladas, tais mísseis desenvolviam uma velocidade superior a 5.000 quilômetros por hora e eram equipados com motores movidos a combustível líquido.
Eles podiam carregar mais de uma tonelada de explosivos por até 750 quilômetros. A partir de setembro de 1944, seu potencial de desvastação foi comprovado em ataques a diversas cidades europeias, principalmente a Londres e a Antuérpia.
Rendição aos EUA
No início de 1945, Von Braun percebeu que a Alemanha perderia a guerra e começou a organizar sua rendição, junto com cerca de 500 dos melhores cientistas e pesquisadores alemães, às forças dos Estados Unidos.
No centro de controle da Nasa em Cabo Canaveral em 1975 (2º da esq. para a direita)
Nos 15 anos que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial, Von Braun e equipe trabalharam no desenvolvimento de mísseis balísticos para o Exército dos Estados Unidos, incluindo os mísseis Júpiter.
Em 1960, seu centro de pesquisa e desenvolvimento de foguetes foi transferido do Exército para a então recém-criada agência espacial Nasa. As instruções eram claras: trabalhar na construção dos gigantescos foguetes Saturno.
Isso incluía o mais importante de todos, o Saturno V, que equipou tanto a missão Apollo 8 – que levou os astronautas à órbita lunar – quanto a Apollo 11, que pela primeira vez levou um ser humano a pisar no satélite terrestre.
Quando Armstrong desceu do módulo lunar, Von Braun estava na base de controle da Nasa, em Houston, aplaudindo o feito.
A importância da Apollo 11
Ao lado da esposa Maria (1973)
"O valor da Apollo para a humanidade não se resume ao fato de seres humanos terem pousado na Lua. Tão importante quanto isso é o fato de que, graças à Apollo, as ciências naturais e a técnica deram um salto quântico do qual o mundo todo tira proveito", afirmou o engenheiro.
Em 1970, a Nasa pediu a Von Braun que liderasse o planejamento estratégico da agência em Washington. Ele concordou, deixando a sua casa em Huntsville, no Alabama, mas decidiu deixar a Nasa em 1972.
Antes de falecer, em 1977, lançou um livro sobre a história da tecnologia de foguetes e das viagens espaciais. Mais tarde, se tornou, ele mesmo, objeto de inúmeros estudos.
AS/afp/dw/dpa
Revisão: Rodrigo Rimon
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