Venezuela prepara corte de relações com a Colômbia

Acusações mútuas de ingerência chegam à OEA


Hugo Chavez aproveitou a recente conclusão de negociações par a utilização de bases na Colômbia por parte dos Estados Unidos, destinadas a apoiar o combate ao terrorismo e ao narcotráfico. Entre os principais alvos está organização FARC, a maior das Máfias que opera na América do Sul, e que controla áreas da Amazónia, onde gere todos os processos do lucrativo negócio da cocaína, com cultivo, colheita, processamento e comercialização. As FARC (que também são consideradas o braço armado do Partido Comunista colombiano) não são no entanto o único dos alvos das organizações de luta contra o narco-tráfico.

Em tom professoral, apontando para Nicolas Maduro (o ministro dos negócios estrangeiros venezuelano) como se de um aluno se tratasse, Chavez afirmou «… Temos que preparar o corte de relações com a Colômbia, Nicolas, isso vai ocorrer … »

Inimigo externo, desvia atenções
O comportamento do líder venezuelano tem-se vindo a aproximar do típico comportamento do líder político que tenta criar problemas exteriores para desviar ao atenção da opinião pública dos problemas internos. Chavez, começa a perder o apoio da população, perante os problemas ditados por uma politica económica influenciada pela Cuba de Fidel Castro. A situação económica da Venezuela ameaça ficar fora de controlo.
Em Caracas faltam bens de primeira necessidade. A violência urbana atingiu níveis nunca vistos. O ministro das finanças e economia Alí Rodríguez Araque, anunciou ontem que a inflação anual acumulada descerá dos 31% para os 26%, mas essa descida deve-se à queda de preço das matérias primas resultado da recessão internacional. A queda da inflação também ocorre na vizinha Colômbia, onde a descida se prevê seja de 7.7% para 2.2%. A título de comparação, a inflação brasileira é inferior a 5% e a mexicana ronda os 4%. Argentina e Chile têm taxas entre 8% e 9%.

Mas a mais terrível das notícias, e a que explica as reações virulentas de Chavez contra a Colômbia, são as recentes pesquisas junto da opinião pública, que afirmam que cerca de 62% dos venezuelanos não são favoráveis a que Chavez continue como presidente. Quando perguntados sobre quem é o culpado da crise, 42% culpam Chavez e o seu governo, enquanto que 25% culpam os governadores regionais e os municípios, enquanto que 8% culpam a oposição.

O presidente venezuelano tinha já há dias atrás declarado que se deviam congelar as relações económicas entre a Venezuela e a Colômbia, tentando encontrar fornecedores alternativos. A determinação de Chavez prejudica especialmente as regiões fronteiriças do Oeste da Venezuela, que por coincidência correspondem às regiões onde os seus opositores conseguem mais votos.
Vários pequenos empresários dos dois lados da fronteira queixam-se dos problemas fronteiriços criados por Chavez. Dezenas de milhares de famílias vivem dos proventos do comércio transfronteiriço.

O problema afeta especialmente a Venezuela, que compra à Colombia 13.5% do total de suas importações, que atingem os U$ 7.2 bilhões. Já a Colombia depende muito menos da Venezuela, importando daquele país apenas 4.2% do total de suas importações, ou seja cerca de U$ 1.63 bilhões.

Colômbia queixa-se à OEA.
Entretanto e perante as continuas acusações e comentários por parte do dirigente venezuelano, o governo da Colômbia anunciou que apresentará uma queixa formal junto da Organização do Estados Americanos contra o presidente da Venezuela, por tentativa de ingerência nos assuntos internos da Colômbia.
Hugo Chavez é acusado de «intervenção aberta» e ingerência nas questões colombianas.

Ministro brasileiro diz que Colômbia dá garantias
Em declarações à imprensa o ministro brasileiro da defesa Nelson Jobim, afirmou que a Colômbia terá dado garantias jurídicas sobre a presença de forças dos Estados Unidos nas suas bases no centro do país. Representantes do governo brasileiro afirmaram também que é necessário que se criem mecanismos de verificação, e negociação, que possam impedir a eclosão de conflitos na América do Sul.


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Chávez: país se prepara para romper com a Colômbia

AE-AP - Agencia Estado

A Venezuela se prepara para romper relações diplomáticas com a Colômbia e justifica a medida por causa do plano do vizinho de ampliar o acesso de tropas dos Estados Unidos a bases militares colombianas. A afirmação foi feita ontem pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez. "É preciso preparar a ruptura de relações com a Colômbia, isso vai ocorrer." A escalada retórica ocorre às vésperas da cúpula da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), marcada para sexta-feira em Bariloche. No encontro, devem estar presentes Chávez e o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.

O líder venezuelano afirmou que "não há possibilidade" de reparar as relações com o governo colombiano. Ele deu instruções a seu ministro de Relações Exteriores, Nicolás Maduro, para que comece a preparar a ruptura com o vizinho. "Vamos nos preparando, porque essa burguesia colombiana nos odeia e já não há possibilidade de um retorno."

A Venezuela e a Colômbia discutem há mais de um mês as negociações entre Bogotá e Washington, que permitiriam às forças norte-americanas ampliar sua presença em sete bases colombianas, por meio de um acordo de dez anos. Chávez já mandou seus militares se prepararem para um possível enfrentamento e anunciou planos para comprar dezenas de tanques russos, a fim de aumentar a capacidade militar do país. Também ordenou o fim dos envios de combustíveis à Colômbia e a substituição de importações de bens e serviços do vizinho.

A Venezuela importa da Colômbia uma ampla variedade de produtos, em particular alimentos. Para compensar a perda, Chávez prevê aumentar as importações de produtos de outros países, como Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Nicarágua. A balança comercial entre Venezuela e Colômbia alcançou no ano passado US$ 7,2 bilhões, sendo bastante favorável aos colombianos, segundo dados oficiais.

Narcotráfico
As autoridades colombianas e norte-americanas dizem que o acordo militar é necessário para se combater com maior efetividade o narcotráfico e o terrorismo. Chávez qualificou a Colômbia como um "narco-Estado", afirmando que a liderança política do país "vive" do comércio da cocaína. "O governo colombiano não está interessado em acabar com o narcotráfico porque é um narco-Estado e sua economia é uma narco-economia. Isso é uma verdade que se pode demonstrar com cifras." O líder venezuelano afirmou que o acordo com Washington é uma "declaração de guerra contra a revolução bolivariana e assim o assumimos", disse, referindo-se a seu projeto político socialista.

A relação entre Bogotá e Caracas entrou em crise em novembro de 2007, após Uribe retirar Chávez da mediação para a troca de reféns por prisioneiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O pior momento foi em março de 2008, quando tropas colombianas atacaram um acampamento das Farc em território equatoriano, atitude que levou a críticas iradas do venezuelano. A cúpula extraordinária da Unasul deve ter o pacto entre Bogotá e Washington como tema principal, com Uribe presente defendendo seus pontos de vista.