Água, água!

Fonte: G1


O que parecia improvável aconteceu: acharam água na Lua! Não nas crateras, o lugar mais procurado por ser o mais propício, mas na maior parte da superfície da Lua!

A missão LCROSS que eu citei neste post aí abaixo tem por objetivo verificar se existe água nas sombras das paredes de crateras nos polos lunares. A ideia é que nestas encostas o Sol nunca bate e, por isso, toda a água proveniente de impactos de cometas não deve se evaporar. Ninguém tinha pensado antes que pudesse haver água em regiões onde bate o Sol, mas isso foi refutado agorinha há pouco.


Usando dados de duas sondas que estudaram a Lua, a americana Deep Impact e a indiana Chandrayaan-1, a equipe liderada pela astrônoma americana Jessica Sunshine, da Universidade de Maryland, publicou um artigo nesta quinta-feira (24) mostrando a presença de água em sua superfície. A descoberta veio da detecção de moléculas de hidroxila e de água.

A explicação para a existência de água na superfície da Lua vem, ironicamente, da ação do Sol. Provavelmente, átomos de hidrogênio existentes no vento solar se combinam com o oxigênio de materiais presentes no solo lunar, desta maneira é possível formar OH e H2O. Mas, os dados da sonda Deep Impact revelaram que havia um ciclo de criação e destruição da água.

A sonda Deep Impact não foi projetada para estudar a Lua, na verdade ela foi planejada para estudar o cometa Tempel 1 em 2005, quando lançou um pedaço de metal para se chocar com o seu núcleo e levantar um nuvem de destroços estudados também na Terra. A missão da Deep Impact foi estendida para se encontrar com o cometa Hartley 2 em 2010 e, para isso acontecer, algumas monobras orbitais foram necessárias. Algumas dessas manobras incluíam alguns sobrevoos pela Lua e a Terra. Foi durante essas passagens que os instrumentos da nave viram o tal ciclo de vida da água.

A água deve se formar nos períodos em que o Sol bate rasante na superfície lunar, o que acontece pela manhã e ao fim do dia. Conforme o Sol vai subindo, a água criada momentos antes evapora, mas volta a se formar com o entardecer.

A própria Jessica disse que quando viu esses dados não acreditou neles, achava que havia um erro de calibração nos instrumentos. Depois, olhando os mapas da Chandrayaan-1 ela se convenceu de que não havia nenhum erro e estava descoberta a água na Lua!


Ainda que a quantidade de água formada por este processo seja ínfima, uma camada com a espessura de poucas moléculas, as implicações da descoberta são bastante importantes. Imagine agora que objetos tão áridos quando a superfície da Lua, como são muitos dos asteróides, devem estar formando água em suas superfícies. Além disso, a presença de água na Lua (em qualquer quantidade) tem sido o Santo Graal dos astrônomos lunares por décadas e, finalmente, a primeira evidência dela surgiu!