Fonte: Correio da Manhã - Por Patricia Rondón Espín, reportagem adicional de Frank Daniel
O diário austríaco ‘Salzburger Nachrichten’ avançou esta sexta-feira a informação de que o cargueiro ‘Arctic Sea’, desviado no final de Julho em águas suecas, transportava mísseis terra-ar S-300 para o Irão expedidos por um grupo mafiosos russo.
De acordo com a publicação, o Irão terá entrado em contacto com um grupo da máfia russa composto por militares russos que terão assinado contratos duvidosos em que se responsabilizavam pela entrega daqueles mísseis.
O cargueiro Arctic Sea, desviado em finais de Julho, não transportava mísseis para o Irão, garante Moscovo. “A presença de [mísseis de terra-ar] S300 a bordo do Arctic Sea é absolutamente falsa”, afirmou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, citado pela AFP.
O cargueiro, com tripulação russa, esteve desaparecido no oceano Atlântico durante mais de um mês, com as autoridades russas a afirmar que tinha sido sequestrado por um grupo de piratas, que pretendiam um resgate pelo seu carregamento de madeira estimado em 1,5 milhões de euros.
O diário britânico Times noticiou no domingo, citando uma fonte militar russa, que a bordo do Arctic Sea seguiam mísseis de alta tecnologia S300, destinados ao Irão. A informação era confirmada também por responsáveis israelitas que quiseram manter o anonimato. Media britânicos apontavam ainda para o envolvimento da Mossad, os serviços secretos israelitas, no ataque à embarcação.
O analista russo Mikhail Voitenko, editor do jornal online Boletim Marítimo, foi o primeiro a avançar com a possibilidade de haver mísseis a bordo do cargueiro – disse depois ter sido obrigado a fugir da Rússia por ter recebido ameaças.
Moscovo mantém a tese de que o Arctic Sea foi sequestrado a 24 de Julho, três dias depois de ter partido da Finlândia rumo à Argélia; e que desapareceu dos radares quando se encontrava no Canal da Mancha, próximo da costa francesa. A 17 de Agosto, as autoridades russas anunciavam que o cargueiro tinha sido encontrado junto à costa ocidental africana, e capturado oito piratas a bordo (quatro estónios, dois russos e dois letões).
Sistema antiaéreo S-300
O presidente de Israel, Shimon Peres, disse hoje que o chefe de Estado russo, Dmitri Medvedev, lhe prometeu que voltará a estudar a venda ao Irã de baterias antiaéreas com foguetes S-300.
"O presidente Medvedev prometeu reconsiderar este assunto, já que, como eu lhe expliquei, isso afetaria o equilíbrio de forças na região" do Oriente Médio, disse Peres, no balneário de Sochi (Mar Negro), segundo as agências russas.
Peres, que se reuniu na véspera com o líder russo, também afirmou que este lhe disse que a Rússia "fará tudo o possível para não permitir que o Irã obtenha armas nucleares".
"Posso constatar que as posturas da Rússia e de Israel a respeito se aproximaram", disse.
Além disso, o líder israelense afirmou que "a comunidade internacional deve colocar sobre a mesa a pergunta de para que objetivo o Irã está desenvolvendo foguetes-portadores, se oficialmente Teerã não produz ogivas nucleares".
A respeito, Peres destacou que, "se não fosse pelo programa nuclear iraniano, os atritos entre EUA e Rússia sobre o escudo antimísseis americano na Europa Oriental desapareceriam".
"O povo iraniano não é nosso inimigo. O problema está nas autoridades iranianas, especialmente no presidente Mahmoud Ahmadinejad, que deixou de utilizar esquemas políticos racionais e realiza ações destrutivas na arena internacional", disse.
O presidente israelense também lembrou que o Irã é o único país da ONU que ameaça destruir outro membro dessa organização, Israel.
Os sistemas S-300, similares aos Patriot americanos e capazes de abater vários alvos simultaneamente, têm alcance de até 200 quilômetros de distância, podem derrubar aviões, mísseis estratégicos e de cruzeiro que voem a uma velocidade de até 2,8 mil metros por segundo.
Caso receba os foguetes, segundo especialistas russos, Teerã estaria capacitado para fazer frente a uma possível invasão ou ataque aéreo em massa israelense ou americano com caças da classe Stealth, helicópteros, bombardeiros e mísseis balísticos e de cruzeiro.
O Irã deseja proteger com os sistemas antiaéreos russos suas instalações estratégicas, como a principal usina nuclear do país, a de Bushehr, que está sendo construída por engenheiros russos às margens do Golfo Pérsico.
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