Durante a década de 1930, a principal base de testes do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) era Wright Field, próxima a Dayton, Ohio, terra dos irmãos Wilbur e Orville Wright. No entanto, o Exército abriu várias outras bases de testes, em locais mais isolados, para fazer experiências longe das aglomerações urbanas e dos olhares curiosos dos espiões.
Em 1933, o Exército instalou uma base na borda oeste do Lago Seco Rogers, uma extensa planície salgada situada no Deserto de Mojave, longe das áreas urbanizadas mas perto o suficiente da área de Los Angeles, um grande polo de construção aeronáutica e sede das empresas Lockheed, North American Aviation e Douglas.
Apesar de inóspito, o Lago Rogers era ideal para a Força Aérea do Exército: o leito seco e salgado do lago, por ser muito plano e livre de obstáculos, servia como extensão natural das pistas da base. Muitas pistas, aliás, foram delimitadas inteiramente dentro do lago, oferecendo amplas áreas de escape, ideais para pousos de emergência. As condições meteorológicas eram ideais, ainda que o vento fosse bastante forte, mas esse último problema podia ser contornado facilmente com o uso de pistas em várias direções diferentes. Chuvas são muito raras, mas podem eventualmente cobrir o Lago Rogers com uma fina lâmina de água (abaixo).
O local da Base já tinha sido uma parada de abastecimento de água da Southern Pacific Railway desde 1876, mas era praticamente inabitado até que, em 1910, os irmãos Ralph, Clifford e Effie Corum fixaram residência no local, provendo-o de uma boa infraestrutura para atrair outros moradores. O lugar foi denominado, então, Muroc (Corum ao contrário).
A base aérea do Exército foi denominada Muroc Field. Nessa época, o único local disponível para as confraternizações e festas do pessoal lá baseado era o Rancho Oro Verde, de Pancho Barnes, que se tornou uma verdadeira lenda entre os pilotos de prova.
Quando o General Henry Arnold assumiu o comando do USAAC, em 1938, o local teve sua importância incrementada como base de pesquisas e desenvolvimento, graças às suas pistas gigantescas e ao relativo isolamento. Um dos projetos desenvolvidos lá durante a Segunda Guerra foi o Bell XP-59 Airacomet, o primeiro caça a jato norte americano, em 1942. Como durante a guerra dinheiro não faltava para desenvolver as mais estranhas invenções aeronáuticas, dezenas de aeronaves esquisitas foram testadas em Muroc naquela época.
Terminada a guerra, o local continuou sendo importante, pois novas tecnologias desenvolvidas durante o conflito necessitavam de espaço para serem testadas. Em setembro de 1947, foi criada a Força Aérea do Estados Unidos - USAF, que passou a administrar a base. Em Muroc, estabeleceu-se também a National Advisory Committee for Aeronautic - NACA, uma organização governamental não militar de pesquisas aeronáuticas, antecessora da NASA.
Em 1946, desenvolveram-se em Muroc, pela primeira vez, testes de aeronaves puramente experimentais, como "provas de conceito", também denominadas aeronaves "X". A primeira dessas aeronaves foi o X-1, que se tornou célebre ao romper a barreira do som sobre Muroc, pela primeira vez, em 14 de outubro de 1947, pilotado pelo Capitão Charles "Chuck" Yeager, cuja proeza realmente merece um artigo a parte.
Left to Right.... Glenn Anderson, Glenn Edwards, Gene May, Fred Ascani and Davis Seawell in front of the XB-42 in which Capt. Edwards set a cross country speed record. This picture came from Capt. Edwards personal scrapbook, courtesy of the Edwards Historical Center
Em 8 de dezembro de 1949, o nome da base foi mudada para Edwards, em homenagem ao piloto de provas Glenn Edwards, que havia morrido lá 18 meses antes ao testar um bombardeiro tipo "asa voadora" Northrop YB-49.
As instalações em Edwards cresceram muito desde então. Em 1958, mais de 10 mil pessoas já trabalhavam lá, tanto para a USAF quanto para a National Aeronautics and Space Administration, a NASA.
Durante a década de 1960, algumas das mais fascinantes aeronaves já construídas no mundo foram testadas em Edwards. O Lockheed YF-12A, precursor do SR-71 Blackbird, bateu em Edwards nove recordes em um único dia, entre os quais os de velocidade e altitude, em 1º de maio de 1965, ao atingir velocidade sustentada de 2070 MPH (3.330 Km/h) e altitude de 80.257 pés (24 km). Em 03 de outubro de 1967, a partir de Edwards, o X-15 bateu o recorde de velocidade em voo na atmosfera de Mach 6,7, que persiste até hoje. O X-15 também se tornaria o primeiro avião a atingir a borda do espaço, ao subir a 347.800 pés (aproximadamente 106.000 metros).
Durante os anos 70, Edwards tornou-se a principal base de testes do Space Shuttle, o Ônibus Espacial e, embora tenha sido substituída, devido aos problemas de transporte, como pista de pouso para o retorno das naves, ainda hoje é a principal base de alternativa para as missões.
Hoje, Edwards sedia o Dryden Flight Research Center, da NASA (na foto abaixo, aeronaves da NASA) e o Air Force Rocket Research da USAF, e é o campo de testes para os projetos F-35 Lightning II, F-22 Raptor, RQ-4 Global Hawk, YAL Airborne Lase e B-51 Synthetic Fuel, entre outros, alguns ainda altamente secretos. Aeronaves civis em fase de certificação também usam as pistas de Edwards para operações arriscadas, como pousos com fortes ventos cruzados.
Edwards AFB possui o código ICAO KEDW e o código IATA EDW. Tem 2302 pés de elevação média, e 3 pistas pavimentadas na base principal: 04R/22L, com 4579 x 91 metros, 04L/22R, com 3.700 x 61 metros, e 06/24 com 2400 x 15 metros.
O leito seco do lago possui ainda 13 pistas oficiais, demarcadas com óleo queimado na superfície de sal do Lago Rogers, das quais a 17/35, com 12.000 x 270 metros, é a maior pista do mundo.
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