EMBRAER 195 da Air Dolomiti pertencente ao grupo Lufthansa

Embraer vai ampliar uso de materiais compostos


Fabricante brasileira segue tendência adotada pela Boeing e Airbus

Fonte: Valor Econômico - Virgínia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos - Via: Alide

O material composto voltou a ter um maior apelo, nos últimos anos, com a decisão dos principais fabricantes de aviões de usarem essa tecnologia em estruturas primárias (asas e fuselagem). A Boeing impulsionou essa decisão ao lançar o modelo 787 Dreamliner, que tem 50% desses materiais em sua estrutura. No Airbus A380, o material composto é utilizado em um quinto da estrutura da aeronave. O material composto pesa menos que o aço e isso representa um gasto menor de combustível, o que reduz custo na operação, além de ser um material mais limpo, contribuindo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

A Embraer não está à margem da tendência e, há cerca de três anos, lançou um programa que prevê elevar o patamar tecnológico da empresa com o uso mais intensivo de novas tecnologias. A Embraer trabalha com material composto desde a década de 80, mas a utilização da tecnologia em superfícies primárias é recente.

Entre os modelos 145 e 170/190 o material composto está presente nas carenagens, portas e superfícies móveis (flaps, profundor, leme e aileron). Nos jatos executivos Phenom 100 e Phenom 300, projetos mais novos, o percentual de utilização de material composto é da ordem de 20% e inclui partes estruturais maiores. "Investimos em pesquisa e em novos processos industriais com o objetivo de capacitar a companhia para que ela possa utilizar as novas tecnologias quando seja necessário e estratégico para o cliente", diz o presidente da Embraer, Frederico Curado.

No ano passado, a Embraer investiu US$ 197 milhões em P&D e US$ 234 milhões em produtividade e capacitação industrial. Na área de pesquisa aplicada, segundo o presidente, o investimento foi de US$ 50 milhões, valor também previsto para 2009. Atualmente os engenheiros trabalham em 30 projetos de novas tecnologias.

Entre os novos processos que vem sendo investigados pela Embraer na área de compostos, Curado destaca o Automatic Tape Layer (ATL), onde a deposição da fibra é feita de maneira automática.

Os novos jatos executivos Legacy 450 e Legacy 500 serão os primeiros aviões a se beneficiar da tecnologia de ATL . "Já temos os corpos de prova das primeiras peças projetadas para receber o ATL, que deverá estar qualificado nos próximos quatro meses", explica o vice-presidente de Operações Industriais da Embraer, Artur Coutinho.

Segundo o executivo, o atual processo de Hand Lay Up (HLU), onde as camadas da fibra são depositadas manualmente, será mantido, mas gradualmente transferido para seus fornecedores de material composto. "Só os novos projetos irão se beneficiar do sistema de ATL, porque as peças precisam ser projetadas na nova tecnologia", explica.

O passo inicial nesse sentido foi dado com o investimento de US$ 4 milhões na compra da primeira máquina de ATL, para a fábrica de São José dos Campos. Mais duas máquinas serão instaladas, sendo uma em São José e outra na unidade da Embraer em Évora, Portugal, escolhida como uma das áreas de desenvolvimento de tecnologia de material composto da empresa.

Na comparação feita com o metálico, o material composto nem sempre é a solução mais barata, por isso sua utilização deve sempre levar em conta a relação custo benefício. Mas as vantagens do material composto , segundo Coutinho, levaram a Embraer a investir nessa tecnologia. O executivo cita como exemplo a redução do número de componentes da peça e o fato de não ser corrosivo.

"Um dos grandes problemas do material composto era a dificuldade de ser reparado e este fato retardou o seu uso em estruturas primárias. Com a tecnologia das resinas de cura a fria, esse problema foi resolvido", completa.