Gráfico com o projeto do escudo antimísseis

EUA confirmam ajuste no sistema antimísseis

Fonte: AFP


Os Estados Unidos anunciarão nesta quinta-feira um importante ajuste e melhoria do sistema de defesa antimísseis europeu, declarou à AFP o porta-voz do Pentágono, Geoff Morrell, enquanto várias fontes indicam que o governo de Barack Obama vai abandonar o projeto atual.

O primeiro-ministro da República Tcheca, Jan Fischer, afirmou à imprensa que recebeu uma ligação de Obama para anunciar que Washington renunciou ao projeto de escudo antimísseis na Europa.

Ao mesmo tempo, o porta-voz do Pentágono destacou que o governo dos Estados Unidos reavaliou para baixo a ameaça de mísseis de longo alcance do Irã, com base em informações do serviço de inteligência.

"O projeto anterior se baseava na estimativa de que o Irã estava decidido a desenvolver um programa de mísseis de longo alcance, mas, segundo as últimas informações de inteligência, estão muito mais concentrados no desenvolvimento de capacidades de curto e médio alcance", disse Morrell.

Ao mesmo tempo, ele fez questão de destacar que os novos planos que a Casa Branca anunciará não têm nada a ver com a Rússia, que sempre foi contrária ao projeto de escudo antimísseis americano na Europa.

Segundo uma fonte do Departamento de Defesa, o sistema americano se afasta do conceito de um grande escudo antimísseis, de um grande radar, para ser mais versátil.

O presidente americano, Barack Obama, anunciou por telefone ao primeiro-ministro tcheco, Jan Fischer, que os Estados Unidos desistiram do projeto de escudo antimísseis na Europa central, declarou o próprio Fischer à imprensa.

"O presidente americano Barack Obama me ligou depois da meia-noite para dizer que seu governo abandonou a intenção de construir uma base de radar no território tcheco", declarou.

"A República Tcheca toma nota da decisão", completou Fischer.

Funcionários do governo americano pretendem informar na tarde desta quinta-feira aos países da Otan a decisão tomada por Washington sobre o projeto de escudo antimísseis na Polônia e República Tcheca, afirmou à AFP um diplomata da aliança.

Uma delegação dos Estados Unidos já se reuniu nesta quinta-feira com autoridades polonesas para abordar o assunto. Os participantes no encontro não fizeram comentários.

Em 2008, Varsóvia e Washington chegaram a um acordo sobre a instalação, até 2013, de 10 interceptores de mísseis balísticos de longo alcance, que seriam completados com um potente radar na República Tcheca.

O presidente Barack Obama havia determinado uma nova análise do projeto do antecessor, George W. Bush, oficialmente destinado segundo Washington a conter as ameaças procedentes de países como o Irã, enquanto a Rússia o considerava um risco para sua própria segurança.

A intenção dos Estados Unidos de abandonar o projeto de escudo antimísseis havia sido antecipada pelo jornal Wall Street Journal.

"A decisão deve alegrar Moscou e ofuscar o debate sobre a segurança na Europa", destaca o jornal.

"Os Estados Unidos basearão a decisão no fato de que o programa iraniano de mísseis de longo alcance não progrediu tão rapidamente como previam as estimativas, reduzindo a ameaça para o continente americano e as grandes capitais europeias", completa o WSJ, com base em fontes da atual e de antigas administrações americanas.

"Estas conclusões, que devem ser finalizadas na próxima semana constituirão uma grande mudança em relação à administração Bush, que atuou ativamente pelo estabelecimento deste sistema antes que (o ex-presidente George W. Bush) deixasse o poder em janeiro", completa o WSJ.

Uma fonte do Pentágono, contactado pela AFP, não comentou a informação.

A Rússia sempre considerou a instalação uma ameaça a sua própria segurança e, segundo a agência Interfax, uma fonte do ministério das Relações Exteriores já afirmou nesta quinta-feira que se a notícia do abandono do projeto por Washington for confirmada será uma boa notícia.

"Esperamos uma confirmação oficial de Washington. Se esta decisão for tomada, as inquietações russas terão sido levadas em consideração e isto contribuirá para o desenvolvimento das relações entre os dois países", declarou a fonte.

EUA vão suspender projeto de escudo antimísseis, dizem jornais

Fonte: BBC Brasil - Via Plano Brasil

O governo americano vai abandonar seus planos de construir um sistema de defesa antimísseis na Polônia e na República Checa, segundo reportagens publicadas pelo jornal americano Wall Street Journal e pelo jornal britânico Finacial Times nesta quinta-feira.

Informações da agência de notícias AP dizem que o secretário de Defesa americano, Robert Gates, e comandantes militares devem fazer um anúncio sobre o assunto nesta quinta-feira.

Segundo o Wall Street Journal, o polêmico plano será suspenso porque o programa de mísseis de longo alcance do Irã está menos avançado do que se pensava.

Na quarta-feira, o presidente americano Barack Obama conversou com o primeiro-ministro checo sobre o escudo antimísseis, segundo confirmaram autoridades checas.

Um funcionário do governo polonês também disse que há sérias chances de mudança de planos.

O presidente Obama ordenou uma revisão do sistema de defesa, introduzido pelo presidente anterior, George W. Bush.

Em agosto de 2008, os Estados Unidos assinaram um acordo com o governo polonês para instalar um sistema de defesa antimísseis no Mar Báltico e outro acordo para construir uma estação de radar na República Checa.

Proteção europeia

A expectativa era de que o sistema estivesse em operação até 2012. A Casa Branca alegava que o escudo era necessário para proteger aliados europeus e forças americanas na Europa da ameaça iraniana ou de outros países.

Mas, segundo o Wall Street Journal, “os Estados Unidos vão basear sua decisão na determinação de que o programa de mísseis de longo alcance do Irã não progrediu tão rapidamente como previamente estimado, reduzindo a ameaça para os Estados Unidos e as principais capitais europeias, segundo funcionários e ex-funcionários do governo”.

Citando fontes não identificadas, o jornal afirma que a Casa Branca vai ordenar uma “mudança em direção ao desenvolvimento de sistemas de defesa antimísseis regionais para o continente” para combater a ameaça dos mísseis iranianos de curto e médio alcance.

Diálogo com o Irã

O Irã afirma que seu programa de desenvolvimento de mísseis é apenas para fins científicos, de vigilância e defesa, mas tanto o Ocidente como alguns países vizinhos temem que os foguetes possam ser usados para transportar ogivas nucleares.

No próximo dia 1º de outubro, o Irã voltará a discutir seu programa nuclear com a Grã-Bretanha, China, França, Rússia e Estados Unidos – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – e a Alemanha.

Segundo o Wall Street Journal, o governo Obama “deve deixar aberta a possibilidade de reiniciar a introdução do sistema de defesa na Polônia e República Checa se o Irã avançar em seu programa de mísseis de longo alcance no futuro”.

A Rússia via o plano de defesa americano como uma ameaça direta, apesar das promessas americanas de que o sistema seria voltado apenas para Estados que considera rebeldes, como o Irã.

Em novembro, o governo russo mudou seus mísseis balísticos para Kaliningrado, enclave russo situado entre a Lituânia e a Polônia – países membros da Otan. O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse na época que a intenção era “neutralizar, se necessário, o sistema (americano) de defesa antimísseis”.

Medmedev também disse que a Rússia ia interferir nas transmissões eletrônicas do sistema.