Administração americana congela programa de defesa anti-míssil
E.U.A. não instalarão mísseis na Europa de leste
ÁREA MILITAR
E.U.A. não instalarão mísseis na Europa de leste
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Em declarações à imprensa, proferidas pelo primeiro ministro da República Checa, foi-lhe confirmada ontem à noite pelo presidente norte-americano, a decisão de não prosseguir com o programa de instalação de mísseis de defesa antiaérea na Polónia e com a correspondente instalação de radares de detecção na República Checa.
O cancelamento daquele sistema tinha já sido previsto por políticos polacos, que já tinham afirmado que após a vitória do candidato democrata Barak Obama nas presidenciais americanas, o projecto de colocar na Polónia mísseis do sistema interceptor norte americano estava provavelmente comprometido.
A Polónia encontra-se na rota que qualquer míssil balístico deverá seguir, se for lançado do norte do Irão com destino à costa nordeste dos Estados Unidos, a única área daquele país que poderia ser atingida por engenhos iranianos, caso o desenvolvimento desses mísseis prosseguisse ao ritmo esperado.
Fontes próximas do Pentágono revelaram já que o presidente norte-americano pediu que fosse feita uma avaliação sobre as reais capacidades iranianas para conseguir disparar um míssil sobre os Estados Unidos e o resultado aparentemente indicou que embora com um programa relativamente avançado de mísseis de curto e médio alcance, os iranianos não têm nem é previsível que venham a ter capacidade para atingir os Estados Unidos num futuro próximo. Estimativas de 2005 indicavam que os iranianos poderiam ter capacidade para atacar os Estados Unidos a partir de 2012 / 2013.
Míssil iraniano Sejil 2. Foto: Reuters
Embora os 10 mísseis que deveriam ser instalados na Polónia não tivessem capacidade para impedir um ataque nuclear russo contra os Estados Unidos, a instalação daquele sistema foi aproveitada pelo líder russo Vladimir Putin para defender a tese eterna de tentativa de cerco da Rússia pelas potências ocidentais.
Alcance do sistema shahab 3
Na verdade, os Estados Unidos não declararam o final do seu programa «Guerra das Estrelas», apenas demonstraram flexibilidade suficiente para seguir por outros caminhos, entre os quais está a utilização dos mísseis com base nos contra-torpedeiros da esquadra norte-americana.
O medo da Rússia na Europa de leste
Mas mesmo sem ter capacidade para impedir um ataque russo, a instalação do sistema era vista como uma forma de garantir a segurança dos países da Europa de Leste através da dissuasão.
A colocação daqueles sistemas, levaria os russos a pensar duas vezes antes de intervir num país onde se encontravam sistemas de armas norte-americanos.
Naqueles países existe entre a população um grande ressentimento contra a Rússia, resultado dos crimes contra a humanidade cometidos pelos russos.
A presença russa naqueles países, foi acompanhada durante décadas por um comportamento de inexcedível crueldade, com perseguições, assassinatos, humilhações e toda a sorte de comportamentos criminosos por parte do exército de ocupação soviético, que impôs um regime de terror que nada ficou a dever ao terror das tropas hitlerianas durante a II Guerra Mundial.
Para a Europa de Leste, e embora do ponto de vista técnico a opção norte-americana possa fazer sentido, o resultado deixa um travo amargo, pois faz pairar sobre os povos da Europa, a nuvem cruel de uma Rússia que continua a achar que é um Império com o direito de vida ou de morte sobre os países vizinhos, que continua a ameaçar e a olhar com cobiça.
Temendo este desfecho, recentemente vários presidentes e chefes de estado de países da Europa de Leste publicaram conjuntamente um artigo em que alertavam Barak Obama para o problema russo e para a sua agressividade de cariz imperial.
Se em termos económicos a Europa de leste é parte da União Europeia, do ponto de vista militar, os países da Europa ocidental são vistos pelos políticos e por parte da opinião pública de leste como pouco mais que um grupo de governos cobardes.
Para estes sectores políticos, só os Estados Unidos poderiam garantir a segurança daqueles países contra a Rússia e as suas pretensões imperiais.
Os países da Europa de leste deverão solicitar agora outro tipo de garantias por parte dos países da União Europeia, embora a incapacidade dessa organização para fazer frente à chantagem russa que utiliza como arma de pressão os combustíveis de que a Europa necessita, tornem qualquer auxilio pouco mais que simbólico.
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