Acordos com Brasil, Marrocos e Arábia Saudita levaram a uma alta de 13% na venda de armas pela França no ano passado, o nível mais alto desde o ano 2000, informou o governo francês nesta segunda-feira, salientando os esforços feitos por Paris para conquistar novos mercados.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, lançou uma iniciativa para garantir novos negócios para 50 mil trabalhadores da área de alta tecnologia empregados de forma direta ou indireta na indústria de armas da França e tentar deter a escassez de pedidos de exportação para o caça francês Rafale.
As companhias francesas levaram 6,6 bilhões de euros em novas encomendas no ano passado, fortalecendo a posição da França no quarto lugar entre os maiores exportadores mundiais de armamentos, atrás dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da Rússia, informou o Ministério da Defesa.
Entre os contratos ganhos estão a parte da França nos acordos aeroespaciais com o Brasil e a Arábia Saudita assegurados pelo grupo franco-alemão-espanhol EADS e um contrato de fragatas com o Marrocos, que impulsionará o grupo privatizado do setor de eletrônica Thales.
A França tem cerca de 7% do mercado global de armas, que está se afastando da forte dependência do Oriente Médio.
Ainda este mês, Sarkozy enviou uma delegação de exportação de armamentos ao Brasil, que está com um acordo em andamento para comprar quatro submarinos franceses, além de 50 helicópteros EC725 Super Cougar, encomendados à Eurocopter, subsidiária da EADS, no ano passado.
"Estamos nos afastando da ideia clássica de que a França exporta apenas para o Oriente Médio e fazemos o que é necessário para responder às necessidades da Europa, da Ásia e da América Latina", disse o porta-voz do Ministério da Defesa francês, Laurent Teisseire.
O Brasil também avalia se compra os caças francesas Rafale, fabricados pela Dassault Aviation.
O maior país da América Latina selou uma aliança de defesa estratégica com a França e o governo já manifestou preferência pelo avião Rafale, da Dassault, que compete com os modelos da Boeing e da sueca Saab.
A Força Aérea brasileira, porém, estendeu na semana passada o prazo para 2 de outubro para que as companhias apresentem suas propostas melhoradas.
O Brasil busca uma proposta ampla de transferência tecnológica e montagem local como parte do contrato para comprar 36 caças. O negócio pode ainda ser estendido para a compra de mais de 100 aeronaves.
A disputa ilustra como os compradores estão forçando a realização de negócios difíceis em troca de contratos lucrativos, enquanto as companhias ocidentais enfrentam uma estagnação dos gastos em defesa em seus países de origem.
"A crise financeira global funciona como uma ficha de barganha útil", disse Paul Holtom, funcionário do Stockholm International Peace Research Institute, do comércio de armas mundial.
"No Brasil, a França demonstrou que está disposta a transferir muita tecnologia; é um caso onde os compradores não querem apenas o equipamento pronto, mas em boa parte os projetos."
Os EUA e a Suécia também disseram que serão capazes de cumprir as exigências de transferência de tecnologia feitas pelo Brasil.
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