Ilha da Trindade
Com a Marinha do Brasil, o Terra da Gente desembarca no ponto mais extremo do nosso território em busca de descobertas e aventuras

EPTV.com - Programa Terra da Gente

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Programa 576 – Trindade

Uma aventura para chegar até a Ilha da Trindade, no ponto mais extremo ao leste do Brasil. Esta é a viagem do programa Terra da Gente deste sábado (05). Na missão da Marinha brasileira, o trabalho de militares e cientistas para preservar o paraíso ecológico no meio do Oceano Atlântico. Rochas e lavas vulcânicas criaram este ponto distante do nosso continente. A cada dois meses, a Marinha realiza missões na Ilha da Trindade, numa viagem de quase mil e duzentos quilômetros em direção à África e que, normalmente, exigem dois dias de navegação. Mas nossos repórteres embarcam nessa viagem e descobrem: quando o clima muda, o mar se agita e haja paciência para chegar ao destino final, são cinco dias de balanço no mar. E no primeiro amanhecer em Trindade, começa uma operação de guerra: hora de transportar equipes de trabalho e equipamentos até a ilha. Como descobridores de um mundo novo, nossos aventureiros dão os primeiros passos para exploração em terra firme, passos que exigem muita desconfiança, onde se pisa tem caranguejo pra todo lado. De mochilas nas costas e muita disposição, nossos repórteres encaram subidas e paredões para chegar até o pico mais alto da ilha. No caminho, todo cuidado é pouco ao passar à beira de precipícios. Entre as belezas da trilha, um jardim de samambaias gigantes. Na aventura pelas praias da ilha observamos polvos e peixes à flor d'água. Nas encostas dos penhascos, ninhos de aves raras, que não sentem medo do homem. E num cenário que parece de outro planeta, encontramos o maior berçário de tartarugas verdes do Brasil.

Dia “D”

O Sol sobe imponente e doura as águas da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. É aqui que fica o Distrito Naval da Marinha Brasileira, nosso ponto de partida para mais uma aventura. O estímulo é grandioso, o único porta-aviões do Brasil, o gigante São Paulo, de duzentos metros de comprimento, bem ao nosso lado. A grande novidade do porto, porém, é vermelha e branca. Embarcamos para a primeira viagem do navio científico Almirante Maximiano, recém-incorporado pela Marinha Brasileira.

O embarque dos marinheiros enche de vida o convés. Depois de soltar as cordas, a liberdade. Nada nos prende ao continente.

Nas primeiras horas da manhã a névoa cobre a Baía da Guanabara. Em cadência reduzida, passamos pelos fortes de Copacabana, à direita, e pela Fortaleza de Santa Cruz, à esquerda, em Niterói. Vista do mar, a cidade fica ainda mais maravilhosa, com o Pão de Açúcar em primeiro plano. Sob a benção do Corcovado, entramos em mar aberto. Daqui pra frente, nosso horizonte é o mar. Nosso chão, o navio.

A viagem deve durar cinco dias até a Ilha da Trindade, a 625 milhas náuticas, ou aproximadamente 1200 quilômetros, de Vitória, no Espírito Santo. Com sorte, tentaremos ainda um salto a mais: alcançar o arquipélago de Martin Vaz, que fica 48 quilômetros à frente da Trindade. É o extremo leste do Brasil.

Como sempre acontece com os navios militares, o polar Almirante Maximiano sai do porto com uma missão: transportar o material para a construção da primeira estação científica da Ilha da Trindade. Para nós, a viagem será mais do que uma operação militar pioneira.

Sob ordens do almirante

O imediato sênior é o responsável pela operação do navio. Ele convoca a tripulação para as instruções gerais. Capacetes, óculos de proteção, abafador de ouvido. Algo está pra acontecer. Apesar de estarmos navegando há mais de uma hora, ainda falta um integrante da equipe. E ele chega voando.

É uma descida espetacular. O helicóptero jet ranger, da Marinha Brasileira, pousa, trazendo quatro pilotos. A aeronave vai fazer o transporte de pessoas, do navio para a ilha, e ajudar no desembarque do material para a ampliação da estação científica.

“Na Ilha da Trindade nós temos um posto oceanográfico desde 1957”, explica o capitão da marinha Camilo Menezes. “É uma demanda da comunidade científica ampliar as pesquisas. A cada dois meses, ela mantém esses 30 militares lá na ilha. No futuro, queremos que essa estação científica seja modelo”.

Até lá, muita água pela frente. Seguimos a onze nós, ou, vinte quilômetros por hora. Tempo suficiente para explorar o gigante onde estamos. O navio é uma embarcação chamada de polar porque tem capacidade para navegar em águas geladas ou com camadas de até cinco centímetros de gelo. Foi fabricado na Noruega e reformado na Alemanha. Equipado com laboratórios e computadores, o Almirante Maximiano tem a vocação de dar apoio logístico a projetos de pesquisa. Tem noventa e três metros de comprimento e 14 de largura. Acomoda até 106 pessoas, como nesta expedição, de ocupação máxima. É um prédio de oito andares, com seis metros e vinte centímetros de calado. No navio, cada piso é chamado de convés. Dois deles, ficam embaixo d’água. Onde só se pode ir passando por escotilhas.

Na sala das máquinas, 50º. Dois motores, potência de 7.200 cavalos e consumo de doze toneladas de Óleo diesel por dia. Um coração valente, controlado por computadores e doze pessoas.

De olho no horizonte

A vida a bordo não é fácil, mas é farta. Uma tonelada de carne, peixes, frango, 220 quilos de arroz, 120 de batatas, macarrão, feijão, entre outros que compõe os mantimentos para quinze dias. E olha que são quatro refeições diárias.

No passadiço, o comandante Segóvia está no controle. Do andar mais alto, a visão dele vai longe. De olho no mapa, ele sabe que a Ilha da Trindade é muito mais que um pontinho no oceano. É uma questão de estratégia:

“Pelo direito internacional, a ilha, ou rochedo, que sejam permanentemente guarnecidos, passam a ser zona econômica exclusiva. Então, a área de jurisdição passa a ser de 200 milhas da linha da costa. Há um ganho para o país e para o estado ribeirinho que tem direito à pesca e à exploração do solo e sub-solo marinho. Se você olhar a área de jurisdição brasileira, ela irá até 200 milhas da Ilha da Trindade e depois volta acompanhando a plataforma continental”, explica Segóvia.

A ciência que o comandante apóia já está a bordo. Carlos Fugita, oceanógrafo há seis anos, coleta dados sobre as temperaturas do Atlântico, num estudo maior das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. É o único autorizado a lançar torpedos. Inofensivos, claro.

O projétil desce 760 metros e o nome certo não é torpedo. “este é o ‘xbt’ [expandable bathy thermograph]”. Ele mede a temperatura das águas. O objetivo da pesquisa é avaliar o transporte de calor das correntes do Brasil. Depois, ela será utilizada para concluir o estudo sobre mudanças climáticas.

Em nossa viagem, não há dúvidas. O tempo muda... E muito!

A tempestade

O que era céu de fogo com água azul, em poucos minutos, vira mar revolto. As cores desaparecem sob uma imensa cortina de água. O horizonte se transforma num palco de tempestade.

Por causa do mar bravo o comandante reduziu a velocidade e a viagem que poderia ser feita em dois agora vai durar quatro dias. O navio prossegue com um alerta pra se evitar as partes abertas do convés. Se uma pessoa cair no mar agora, dificilmente será encontrada. Por conta disso, passamos a maior parte do tempo dentro do quarto. As camas têm distância de apenas meio metro e o tempo é longo. A paciência torna-se o melhor exercício para se praticar a bordo. Para não pegar as ondas de lado, o comandante ainda muda a rota. O desvio nos custa mais 24 horas. No total, são cinco dias de viagem.

Nove e meia da noite. Há 15 minutos o comandante deu a ordem para que a âncora fosse solta. Nós não pudemos acompanhar o procedimento de ancoragem, por segurança e porque está muito escuro. Nós estamos a mil metros da ilha, mas não podemos ver nada. O único sinal de que a gente chegou foi uma certa correria. Assim que o comandante liberou, os marinheiros se animaram. É hora da pescaria.

A maioria vai de linhada. As garoupetas e as mariquitas, vermelhas, enchem os caixotes. O melhor da noite quem consegue é o sargento Fabrício com uma garoupa verdadeira. Depois da tempestade e o peixe, no convés é só alegria.

Uma festa antes da operação principal. Ainda não podemos ver, mas já estamos em frente ao nosso objetivo, a Ilha da Trindade. Amanhecer num lugar desconhecido é despertar para novas emoções.

A primeira visão do paraíso

O dia nos presenteia com uma visão rara e inesquecível. Estamos na Baía do Príncipe, encosta sul da ilha. O helicóptero decola para o reconhecimento aéreo. O entusiasmo é grande. Mal podemos esperar a hora de saltar para a terra. Sabemos que estamos onde pouca gente já chegou.

A ilha não tem porto. O mar não está nos melhores dias. Para o translado, dependemos totalmente do helicóptero. No navio, uma reunião séria dos oficiais planejando a operação de desembarque.

O esquema da equipe aero-naval é de extrema segurança. Tudo feito com habilidade e coordenação. Depois de uma hora, chega a vez de nossa equipe. Voamos rapidamente até a ilha. Deixamos o navio e subimos para ver, do céu, o paraíso.

A Ilha da Trindade foi descoberta em 1501, pelo navegador espanhol João da Nova, que viajava a serviço de Portugal. Pela localização estratégica, entre a América do Sul e a África, foi usada como entreposto no tráfico de escravos. Foi invadida pela Inglaterra e abandonada várias vezes. Foi presídio e base militar durante as guerras mundiais. Em 1957, a marinha brasileira estabeleceu o posto oceanográfico e, desde então, mantém a guarnição militar. Trindade não tem turismo. O desembarque só é feito com a autorização da Marinha.

O posto oceanográfico da Marinha fica na face leste da ilha, voltada para a África. São cinco construções essenciais para a permanência dos 32 militares, que cumprem períodos de serviço de dois a quatro meses. Onde celular não conta nada, a cabine telefônica é o metro quadrado mais disputado. A única possibilidade de comunicação, via satélite com o mundo e com a família.

Operação desembarque

Tudo que é necessário para a vida, vem de navio, uma vez a cada sessenta dias. Um rebocador acaba de atracar, mas entregar a encomenda é tão difícil como chegar. Às vezes, o tempo vira de uma hora pra outra e a tempestade complica a operação da balsa, que eles chamam de cabrita. A plataforma flutuante, de cinco metros por seis, segue o cabo guia preso do rebocador a terra. Um trabalho de risco.

Debaixo de chuva, os marinheiros engatam os cabos no guindaste horizontal e a balsa finalmente encalha na praia. É quase uma operação de resgate, mas os mantimentos chegam em segurança. Bom para todos nós. Temos três dias antes de zarpar de volta. Por isso, não podemos perder tempo.

A primeira recomendação que recebemos é nunca andar sem um guia. A segunda é manter-se dentro das trilhas. Essa rigorosidade é necessária porque não vemos muitos dos animais que cruzam o caminho. No meio do mato, o que parece uma moita, quase sempre é mais do que isso.

Na praia

Perto da praia, difícil encontrar um ponto desabitado. A ilha tem uma concentração incrível de caranguejos terrestres. Os bichos estão por toda parte. Aos milhares. Mais para cima, a vegetação desaparece e os caranguejos, não.

Nem bem começamos e já encontramos uma cachoeira e suas marcas da história. Algumas pedras amontoadas aparentam ser alicerces de antigas casas de açoreanos em uma das poucas tentativas de colonização da ilha.

Sob a total influência do oceano, o clima da ilha é famoso pelas mudanças repentinas.
O dia amanhece com sol. Bom para o helicóptero, que começa o trabalho de desembarque do material. Os militares dão início à obra de construção da estação científica.

Melhor para nós, que temos à frente uma expedição de um dia inteiro. Na mochila, mantimentos e, principalmente, líquido. Nosso objetivo é chegar ao Pico do Desejado, a montanha mais alta, no centro da ilha.

Trilha pelo desconhecido

Nas terras onde poucos chegam, a noivinha estranha o movimento. Quer saber quem somos. Outras três se apresentam, desconfiadas. É a guarda do território. Elas são territorialistas. Quando tem um ninho, as outras vêm para tentar expulsar os invasores, às vezes, à bicadas.

A expedição segue pelo chão vermelho. Não muito tempo atrás, este foi palco de intensas atividades vulcânicas. Em termos geológicos, Trindade é uma ilha jovem. Os penhascos íngremes e os picos pontiagudos são sinais desta juventude geológica. O processo de trans formação é muito claro na ilha. O solo se esfarela com facilidade.

A paisagem é de um mundo em transformação. O que era crista vai virando vale. Vossorocas evoluem para gargantas e cânions. O sargento André sabe onde pisa.

Aos poucos, e com cuidado, vencemos os paredões. O percurso fica mais perigoso onde a paisagem é mais refrescante. Passamos por um dos poucos córregos perenes, que correm o ano inteiro. A primeira parada é numa plataforma coberta de capim, a quatrocentos metros de altitude. Um respiro necessário que dura pouco.

As samambaias gigantes

Podemos agora ver de cima os vales que desembocam no mar e percebemos que, na verdade, Trindade não está só. A ilha pertence a uma cadeia de montanhas submarinas, que vem em linha reta do continente, em direção à África, até o arquipélago de Martin Vaz. Trindade foi formada pela ação de quatro vulcões principais, a partir de uma fenda no solo marítimo a cinco mil metros de profundidade. Calcula-se que a fenda tenha expelido magma por pelo menos dez milhões de anos até chegar à superfície.

De volta a nossa subida, descobrimos uma vegetação completamente diferente que não tínhamos visto ainda. O topo do morro é coberto por uma manta de samambaias rasteiras, agrupadas em moitas densas. A paisagem muda a cada passo. É como se a ilha fosse compartimentada, dividida em setores separados uns dos outros, definidos pelos degraus da altitude, pelos vales e pela direção que a encosta se vira.

No topo da montanha, uma surpresa. Não estamos sós. O professor Rui Valkas é geólogo e botânico do Museu Nacional do Rio de Janeiro, e está num trabalho de campo. Ele nos chama e nosso encontro dá numa paisagem mais especial. Uma floresta de samambaias gigantes. Aqui existem espécies endêmicas, que só são encontradas na ilha, segundo o botânico. Contente com o isolamento da ilha, ele nos mostra um resultado deste controle que ele chama de progresso da natureza.

Chegamos ao que parece um pequeno arbusto. É uma plantinha muito especial, só cresce aqui, mas por algum tempo foi dada como extinta, a Plantago trinitatis. Mostrando-a para nós, Rui Valkas exclama, "eu posso dizer com toda a certeza que eu estou maravilhado com o que vi". Para os cientistas, a Ilha da Trindade é um laboratório vivo.

Espécies nativas

O biólogo João Luiz Gasparini, da Universidade Federal do Espírito Santo, tem o privilégio de pesquisar as águas inexploradas. Os mergulhos no mar bravo costumam trazer recompensas. O peixe-ventosa, que vive nas áreas de arrebentação, aderido às pedras, parece uma miniatura de arraia. A biologia dele é praticamente desconhecida.

Outros são endêmicos, ou seja, só existem aqui, como o neon goby, como ele mesmo descreveu. Comprido e com listras amarelas. É um peixe limpador que presta um serviço de saúde pública nos recifes. Se alimenta dos parasitas de companheiros maiores. Um outro, que parece um emboré, o pesquisador acaba de recolher. Ainda nem tem nome.

Pegando peixe com a mão

Saímos de manhã. Passamos por praias, cruzamos uma paisagem seca e encostas de cascalhos. Aqui não tem trilha. A gente tem que adivinhar o caminho e escolher o melhor rumo. Atrás de cada rocha tem um cenário diferente. Se a gente não abre o olho acaba perdendo vários deles. O basalto negro abriga uma aquarela de cores, piscinas naturais, vida e beleza preservadas, distantes dos olhos da civilização.

A maré baixa expõe um chão de corais. O cenário agora é um mundo cor de rosa. Onde mais se poderia encontrar um polvo passeando tranquilamente pela praia? Ao aproximarmos, o esguicho de tinta mostra que ele não está a fim de companhia.

No limite da linha d’água, outra vez os caranguejos. O desfile de moradores parece não ter fim. Riscos azuis cruzam as águas rasas. Um cardume de peixes porquinhos nada incrivelmente perto da gente.

É difícil acreditar nos olhos.

Eles ficam tão no raso que dá para pegar com a mão. Quando se sentem em perigo, se estressam. O peixe que era verde e azul, quando retirado da água, vai escurecendo. Soltamos o pequeno sem criar problemas, mas notamos que eles ficam presos nas poças perto das pedras.

Aves ingênuas

Subimos uma ribanceira. Do outro lado, descemos por uma duna que leva a uma baía protegida por um semicírculo de montanhas. Olhamos para o céu e, num sobrevôo, avistamos mais moradores. É um petrel, ou melhor, uma mamãe petrel. E pelo jeito, é muito cuidadosa. Precisa-se escalar para descobrir o ninho.

O filhote tem poucos dias de vida. Por instinto, porém, já sabe se comportar. Ele fica imóvel, de olhos fechados. A penugem ajuda a manter o corpo aquecido e serve de disfarce, pra não chamar a atenção. O petrel é um tipo de albatroz. Segundo o professor Gasparini, alguns ornitólogos acreditam que essa espécie só vive aqui, mas a teoria ainda está em estudo.

Dois filhotes crescidos pousam na areia. Um terceiro chega. Os três ficam bem à nossa frente. Ingênuos, se aproximam sem medo. Não tem um mínimo se malícia. Estávamos sentados quando ele pousou a dez centímetros de nós. O biólogo explica que aqui não há predadores naturais. Desse modo, eles não se sentem ameaçados.

O abraço da onda

O isolamento da ilha reserva ambientes especiais. Numa baía, que parece uma paisagem lunar cheia de crateras, antigos ninhos. Chegamos ao maior berçário das tartarugas verdes marinhas da Ilha da Trindade. Atrás desta sensação de conforto e proteção que as tartarugas têm voltado à mesma praia para desovar, há milhares de anos, geração após geração.

Além de monitorar a área, os pesquisadores do Projeto Tamar têm um serviço de tatu. Eles se debruçam no trabalho, se afundam nos buracos em busca de ovos. No primeiro ninho, contam sessenta e duas cascas de ovos eclodidos.

Assim que saem do ninho, os bebês disparam. Tudo o que querem – e precisam - é chegar ao destino tão almejado: o mar. Suas vidas dependem disso, porém, nem sempre é fácil. Um dos filhotes nasceu com um defeito, um problema na nadadeira direita. A tartaruguinha gira e quase não consegue avançar. A deficiência pode encurtar a vida que acaba de começar. Desorientada, a pequenina parte em direção errada. O mar está a uns quinze metros. Muito, para quem está em desvantagem.

A luta se torna dramática. Enquanto as outras já estão na água, nossa amiga se arrasta, briga para retomar o caminho da luz. O esforço descomunal, enfim, vence a deficiência e nossa amiguinha chega ao mar. O abraço da onda é um afago de salvação.

O esforço da tartaruguinha é o mesmo dos cientistas e marinheiros para manter a soberania brasileira neste paraíso. E esse é o motivo da nossa última aventura, antes de ir embora.

Na pequena ilha de Martin Vaz, uma cerimônia simples, mas marcante. Atobás e noivinhas são nossas testemunhas. Se comparada ao tamanho do continente, Martin Vaz é só um grão de areia no meio do oceano. Voltados para a imensidão azul, hasteamos a nossa bandeira para mostrar que mesmo aquele grão é muito importante para nós. Quando o sol nascer, agora, será aqui o primeiro amanhecer no Brasil.

Agradecimentos:

MARINHA DO BRASIL

Programa Terra da Gente:
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O Terra da Gente é exibido também para todo o Brasil, aos domingos, às 7:00h, via antena parabólica (o canal Superstation da Globo) e para 116 países dos 5 continentes pelo Canal Internacional da Globo.