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Alencar defende arma nuclear e orçamento fixo para as Forças Armadas
Segundo ele, pré-sal e fronteiras justificam maior investimento em defesa.
'Arma nuclear utilizada como instrumento dissuasório é importante', disse.
Jeferson Ribeiro do G1, em Brasília


O presidente em exercício, José Alencar, defendeu nesta quinta-feira (24) que o Brasil desenvolva armas nucleares para efeito de "dissuasão". Segundo ele, o descobrimento de petróleo na camada do pré-sal e o tamanho do Brasil justificam o desenvolvimento de energia nuclear.

“O brasileiro é muito tranquilo. Nós dominamos a tecnologia da energia nuclear, mas ninguém aqui tem uma iniciativa para avançar nisso. Temos que avançar nisso aí. É vantagem? É, até do ponto de vista de dissuasão é", disse Alencar.

Segundo o vice-presidente, o Brasil utilizaria a energia nuclear para fins pacíficos, apenas para proteger o país de intervenções internacionais. "Nós temos que nos despertar que o Brasil para ser um país realmente forte tem que avançar nisso aí. Especialmente para fins pacíficos. E mesmo a arma nuclear utilizada como instrumento dissuasório é de grande importância para um país que tem 15 mil quilômetros de fronteiras a oeste e tem um mar territorial e agora esse mar do pré-sal, de 4 milhões de metros quadrados de área”.

Para Alencar, o pré-sal vai despertar o interesse de outros países. “Isso abre cobiça internacional. Agora está tudo bem, mas não sabemos o dia de amanhã. Custa muito, mas a prontidão tem custo”, disse.

O presidente em exercício fez questão, contudo, de dizer que não estava dizendo que o Brasil tomará esse caminho. “Não estou dizendo que o Brasil vai fazer isso ou não e nem quero dizer se quero ou se não quero. Estou fazendo uma análise como brasileiro. A respeitabilidade do país cresceria muito. Tem aquela frase ‘a força é o direito e a justiça é o poder do mais forte’”, afirmou.

A defesa de Alencar ao desenvolvimento de tecnologia nuclear não é inédita no governo Lula. Na primeira semana do primeiro mandato do presidente, o então ministro de Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, causou polêmica ao dar uma declaração sobre o tema numa entrevista à emissora de TV inglesa BBC.

“Nós somos contra a proliferação nuclear, nós somos signatários do tratado de não-proliferação [de armas nucleares], mas não podemos renunciar ao conhecimento científico”, disse, na época.

Questionado para esclarecer o que queria dizer quando falava de conhecimento, o ex-ministro acrescentou: “Inclui todo o conhecimento. O conhecimento do genôma, conhecimento do DNA, conhecimento da fissão nuclear”. À época ele foi acusado de defender a construção da bomba atômica.

Orçamento

Alencar também defendeu que as Forças Armadas tenham um orçamento fixo, assim como acontece com saúde e educação. Segundo ele, um percentual entre 3% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB) devia ser destinado especificamente para a área da defesa.

“Está faltando dinheiro, até mesmo para a manutenção dos quadros atuais. Nós temos que ter percentual razoável do orçamento da União para as Forças Armadas. Acho que tem ficar de certa forma fixar tipo saúde, tipo educação, que são prioridades. Nós precisamos de alguma coisa abaixo de 5% (do PIB). Acho que alguma coisa entre 3% e 5% do PIB daria muita força para o reaparelhamento do nosso sistema de defesa", disse.

Alencar ressaltou que é preciso reaparelhar as Forças Armadas, porque há equipamentos de 40, 50 anos sendo usados. "O sistema de defesa tem que ser cuidado seriamente. Está abandonado há muito tempo. Temos casos de equipamentos de 40, 50 anos”.