França critica concorrentes e se compromete a transferir tecnologia de produção de caças
GABRIELA GUERREIRO - da Folha Online, em Brasília
GABRIELA GUERREIRO - da Folha Online, em Brasília
Representantes da empresa francesa Dassault apresentaram nesta quinta-feira à Comissão de Relações Exteriores do Senado a proposta da França de vender ao Brasil 36 aviões-caças Rafale. Com críticas às propostas da Suécia e dos Estados Unidos, que também estão na disputa, os franceses se comprometeram em transferir tecnologia de produção da aeronave se forem escolhidos na operação --embora reconheçam que o preço dos Rafale é mais alto que o apresentado pelos demais concorrentes.
"Gastamos 75% pelo Estado e 25% pela indústria o total de 7 bilhões de euros para conseguir fazer voar essa aeronave. É outra maneira de se dizer que fazer transferência de tecnologia é evitar que o Brasil tenha que gastar esse dinheiro. Já fabricamos aviões de combate há pelo menos 100 anos, temos bastante experiência", disse Edouard Guillaud, chefe do gabinete militar da França.
Numa crítica à proposta da Suécia, que pretende fabricar os aviões Super Gripen em conjunto com o Brasil, Guillaud disse que a França oferece aos brasileiros uma aeronave que já está na ativa, sem "surpresas" futuras.
"Falo de aeronaves que voam em combate, não aeronaves que voarão daqui a oito ou dez anos apenas. Ou outras aeronaves que estão numa versão que eu qualifico de versão de papel, muito teórica. Temos Rafale no Afeganistão, que usam armamentos com capacidade militares comprovadas verificáveis e garantidas pelo governo francês", afirmou.
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Em relação à proposta dos Estados Unidos de vender caças F-18 Super Hornet, fabricados pela Boeing, o chefe do gabinete militar francês disse que o programa de produção de aeronaves norte-americano tem um retorno tecnológico abaixo do esperado.
"Não compramos F-16, não participamos de programa americano. Todos que dele participam acham que o retorno tecnológico é muito fraco comparado aos investimentos que fizeram. Se quiserem a minha opinião, vale a pena", afirmou.
Além dos Rafale, estão no páreo para a venda ao Brasil os caças Gripen, da empresa sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da americana Boeing.
Guillaud não apresentou detalhes sobre o acidente com dois caças Rafale, há duas semanas, que caíram sobre o Mar Mediterrâneo. O chefe do gabinete militar francês disse apenas que o acidente foi consequência de uma colisão entre as aeronaves --sem relações com a qualidade do avião.
"O assento [do caça] salvou um dos pilotos nossos na colisão. Encontramos um piloto na noite passada, era uma colisão mesmo", afirmou em referência a um dos pilotos da aeronave que estava desaparecido.
Preço
O representante francês admitiu que o preço dos Rafale é mais alto se comparado com as propostas dos demais concorrentes, mas sinalizou que as demais ofertas podem subir com o desenvolvimento de novos modelos de caças. "A aeronave é cara, é verdade. Qualquer caça custa caro, mas, afinal, só se sabe o preço de um avião depois dele construído. Quando estiver no papel, são apenas projeções que na história nunca se verificaram", afirmou.
Segundo Guillaud, o Rafale tem vida útil de 35 a 40 anos e possui capacidade de transporte de armas nucleares. "Substitui sete aeronaves diferentes na Marinha francesa. Essa aeronave tem potencial de crescimento formidável. Estamos disposto a explorá-lo com o Brasil. Se você fabricar peças de reposição mais barata para o Rafale aqui que na França, eu mando a Marinha francesa comprar aqui no Brasil, não na França."
Assim como os suecos e os norte-americanos, os franceses fazem lobby junto aos senadores na expectativa de fecharem negócio com o Brasil. O prazo oficial de entrega de propostas ao governo brasileiro termina amanhã, mas a palavra final sobre o tipo de aeronave vencedora será da Aeronáutica.
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