Em 1958, o mundo já entrava na era do jato, e os Boeing 707 e Douglas DC-8 anunciavam ruidosamente o fim da romântica e inesquecível era dos grandes aviões comerciais de motores a pistão. Todavia, estes aviões iriam se despedir da aviação comercial em grande estilo.
A Deutsche Lufhansa recomeçou suas operações no pós-guerra com grande dificuldade, mas já em 1958 começou a operar seu primeiro avião capaz de cruzar o Oceano Atlântico sem escalas: o Lockheed L-1649 Starliner, um desenvolvimento dos Super Constellation com novas asas e maior autonomia.
Era o auge e, ao mesmo tempo, o ocaso dos grande aviões de passageiros movidos a hélice, e o fim de uma era. Os Starliners e os Douglas DC-7 Seven Seas representavam o ponto máximo de desenvolvimento da aviação comercial com motores a pistão que, entretanto, reinariam por um curtíssimo espaço de tempo e dariam lugar aos rápidos e barulhentos jatos.
De fato, os Constellation, Starliners e DC-7 saíram de cena tão rapidamente que quase ninguém se deu conta disso. Alguns voaram por menos de 5 anos antes de serem aposentados ou transformados em cargueiros descartáveis.
Quase cinquenta anos depois da introdução em serviço dos belos Starliners na Lufthansa, e do Senator Service, um luxuoso serviço de bordo de primeira classe até então inédito no mundo, poucos aviões daquela era ainda restam inteiros. Três Constellation ainda voavam, mas nenhum Starliner.
Foi quando a fundação histórica Deutsche Lufthansa Berlim-Stiftung (DLBS), resolveu solicitar à Lufthansa Technik AG a restauração completa de um dos quatro Lockheed L-1649 da Lufhansa, o D-ALAN, chamado na empresa de Super Star. O avião deveria ser colocado em condições de voo, e realizar voos nostálgicos, como os realizados pelo Junker Ju-52 da DLBS, que transportou 8.000 passageiros só em 2007.
A tarefa não é fácil. O velho Starliner calou seus motores em 1968. Colocá-lo em voo novamente é um grande desafio para a Lufthansa Technik. Mas os técnicos da empresa colocaram mãos à obra, e adquiriram em um leilão, em 18 de dezembro de 2007, no Estado do Maine, nos EUA, duas células bem preservadas de L-1649 antes voados pela TWA (foto abaixo), mais um grande lote de peças sobressalente, manuais técnicos e documentação de manutenção.
Os técnicos da Lufthansa Technik avaliaram o material e consideram possível recolocar um dos três aviões em condições de voo, com os outros dois servindo de fonte de peças. Os trabalhos de restauração e recertificação da aeronave, assim como o treinamento dos tripulantes, devem ocorrer todos nos Estados Unidos, e assim que concluídos, a aeronave irá fazer um translado até a Alemanha, onde será colocada em serviço ativo junto com o Ju-52 da DLBS. O voo de translado deve ocorrer em 2010.
“O Super Star foi o ponto culminante do desenvolvimento de aviões comerciais a hélice, mais ou menos do mesmo modo como foi o Super Constellation, símbolos do retorno da aviação comercial na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial,” disse em agosto de 2007 W. Henningsen, CEO da Lufthansa Technik. “Reconstruir um Super Star em condições perfeitas de aeronavegabilidade é, uma vez mais, uma honra especial e um desafio para a Lufthansa Technik. Para os entusiastas entre nossa equipe de funcionários, será indubitavelmente um dos destaques de sua carreira profissional.”
Os entusiastas de aviação aguardam ansiosamente o dia em que o Lockheed Starliner voará novamente e atravessará o Atlântico, assim como fizeram os 43 outros aviões do mesmo tipo construídos há meio século atrás pela Lockheed. O Super Star da Lufthansa será pintado com o esquema original usado na sua introdução ao serviço, em 1958, e em breve seus quatro poderosos motores Wright R-3350 Turbo Compound de 3.400 HP estarão novamente rugindo nos céus da Europa.
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