Na mais recente missão a Lua, um foguete da NASA se chocou contra a Lua. A pesquisa é para a Nasa saber se existe água no único satélite natural da Terra. Os cientistas garantem que a primeira etapa da pesquisa foi um sucesso.
Por trás da meta de regresso à Lua, muita conversa e pouco dinheiro
Fonte: New York Times - Via Olhar Direto
Quarenta anos após colocar o homem pela primeira vez na Lua, a Nasa (agência espacial norte-americana) tem poucas chances de repetir esse feito no 50º aniversário da Apollo 11. Aliás, talvez nem no 60º.
Atualmente, cinco anos após receber a meta de retornar à Lua até 2020, a agência está chegando a uma desconfortável conclusão --a de que o programa norte-americano de voos espaciais tripulados pode simplesmente não realizar nada novo por um bom tempo.
"A menos que o presidente esteja disposto a se colocar e dar um ousado passo, como fez o presidente Kennedy, o programa de voos espaciais tripulados irá para o buraco", disse o senador Bill Nelson, democrata da Flórida.
O plano atual da Nasa é aposentar os ônibus espaciais até setembro de 2010, após completar a construção da ISS (Estação Espacial Internacional). Depois disso, pretende depender dos foguetes russos até que a nova geração de foguetes, Ares 1, esteja pronta, em março de 2015.
Posteriormente, a agência iria aposentar e descartar a estação espacial em 2016, e usar o dinheiro liberado no desenvolvimento do foguete Ares 5, de um módulo lunar e da tecnologia para construção de um assentamento lunar.
O plano surgiu da "visão de exploração do espaço" que o presidente George W. Bush anunciou em janeiro de 2004, um ano após a perda do ônibus espacial Columbia e seus sete astronautas. Porém, em sua requisição de orçamento, Bush nunca pediu as quantias exigidas pela visão lunar; e o Congresso, apesar de expressões bipartidárias de apoio ao programa, nunca concedeu o dinheiro.
O pedido de orçamento do presidente Barack Obama para o próximo ano fiscal, que começa em outubro, delineou ainda mais cortes em 2011 e adiante.
Desperdício
Nos últimos meses, um painel reunido pela administração Obama atingiu dois pontos de amplo consenso. Um foi que fazia pouco sentido passar dez anos construindo a estação espacial, para então jogá-la no lixo após apenas cinco anos de operação.
O segundo foi que, nos níveis atuais de financiamento, cerca de US$ 100 bilhões para voos espaciais tripulados por humanos na década de 2010 a 2020, o atual programa era, nas palavras do painel, "não executável".
Na verdade, a Nasa pode não chegar à superfície lunar nem mesmo em 2030, segundo a conclusão do painel. Estender a vida da estação espacial desviou ainda mais verba dos esforços lunares. Cumprir a meta de retornar à Lua até 2020 pode exigir US$ 50 bilhões adicionais.
Nenhum plano alternativo cabe no orçamento, disse o painel. "Nossa visão é que será difícil, com o orçamento atual, fazer qualquer coisa que seja realmente inspiradora na área dos voos espaciais", disse Norman Augustine, ex-diretor executivo da Lockheed Martin e presidente do painel, durante sua última reunião pública, em 12 de agosto.
Pouco interesse
"Acho que muita gente se importa pouco com o espaço", disse Bob Werb, presidente da Space Frontier Foundation, organização que defende a povoação do espaço. "Trata-se de um assunto essencial apenas para uma pequena porcentagem da população. Foi declarado que o apoio ao espaço tem um quilômetro de largura e uma polegada de profundidade, e há muito de verdadeiro nisso".
Um site montado para o painel recebeu apenas 1.500 comentários até o fim de julho. A pergunta, "O que você considera mais instigante a respeito das atividades de voos espaciais tripulados da NASA, e por quê?", gerou apenas 147 respostas.
"O povo norte-americano não tem ideia do que está acontecendo", disse a congressista Gabrielle Giffords, do Arizona, e presidente do subcomitê espacial e aeronáutico. "O norte-americano médio não sabe que o ônibus espacial irá embora no fim de 2010".
Esperança
Até agora, ao menos, sair inteiramente do negócio dos voos espaciais não parece estar sendo considerado.
Como candidato presidencial no ano passado, Obama disse apoiar o objetivo de retornar à Lua até 2020. Desde que se tornou presidente, ele tem dito repetidamente que a Nasa tem de ser inspiradora, mas sem dizer o que ele acha que seria uma missão inspiradora.
Com a chegada do relatório final do painel, esperado para meados de setembro, Obama terá de tomar algumas decisões essenciais e descrever sua visão para a Nasa.
A primeira decisão é uma das completas: aumentar a verba para o programa espacial para pelo menos US$ 130 bilhões ao longo da próxima década, o nível necessário segundo o painel, ou segurar as maiores ambições e manter os astronautas na órbita baixa da Terra pelas próximas duas décadas.
"Essa não é uma escolha que a Casa Branca queria ter", disse Giffords.
Conforme solicitado, o painel oferecerá diversas opções a serem consideradas pela administração, nenhuma recomendação em particular, e todas as opções incluem compromissos --como contornar o pouso na Lua e focar em voos espaciais de longa duração, pelo menos inicialmente. Isso economizaria o custo de se desenvolver um módulo lunar e um habitat, mas Giffords, entre outros, disse que não acha esse plano empolgante, e que seus eleitores tampouco achariam.
Além de decidir para onde ir, a administração precisa decidir como chegar lá. A opção mais simples seria seguir com o programa atual, mas num ritmo mais lento para se adequar ao financiamento disponível, chegando à lua por volta de 2025.
Ou Obama poderia decidir que agora é o momento para o pontapé inicial do nascente negócio comercial do espaço. A Nasa já está contando com empresas privadas para levar cargas à estação espacial após a desativação dos ônibus, contudo, outra possibilidade pode ser cancelar o Ares 1 e entregar todo o transporte de e para a órbita baixa da Terra à iniciativa privada.
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