XIAN AIRCRAFT COMPANY (XAC) JH-7 FLOUNDER.
O Leopardo voador chines

Fonte: Campo de Batalha Aérea


A industria aeroespacial chinesa tem perseguido obstinadamente o desenvolvimento nacional chinês e independência tecnológica, coisa que se observa em todos os setores industriais daquele enorme país. Os caças de origem chinesa começaram a ser construídos sob licença da industria russa e a partir daí os chineses testaram diversas modificações nesses projetos, sendo algumas dessas modificações, algo tímida, outras mais radicais, como o JL-9, um MIG-21 sem a entrada de ar frontal que caracteriza aquele famoso caça. Logicamente que além do custo financeiro dessa independência, há ainda, um custo técnico de forma que os primeiros sistemas de armas gerados dessa postura não são tão eficientes quantos os similares de industrias mais tradicionais. Para se entender o que eu quero dizer, posso exemplificar com o submarino Type 091, o primeiro submarino nuclear chinês, que embora representasse a e entrada da China no seleto grupo de nações possuidoras de submarinos nucleares, ainda tinha uma deficiência acústica porque ele se mostrou mais ruidoso que submarinos nucleares de outras nações. Hoje, a China, já modernizou estes submarinos com revestimento anecóico para reduzir esta deficiência. Os submarinos chineses de nova geração são bem mais silenciosos, ou seja, a segunda geração já apresentou um resultado desse investimento em independência tecnológica.
Acima: O JH-7A pode ser considerado um caça de grandes dimensões, se aproximando do tamanmho de um MIG-31. Essa caracteristica facilitou a instalação de tanques combustivel internos dando uma excelente autonomia a este jato.

O caça bombardeiro que trataremos nesse artigo é justamente um jato de projeto próprio chinês que, mesmo não tendo destaque em capacidade de combate, quando comparado com aeronaves do mesmo tipo, ainda sim representa um passo importante na conquista dessa independência na área do desenvolvimento aeroespacial chinês. Conhecido como JH-7 “Flounder” (designação da OTAN), ou ainda FBC-1 Flying Leopard, este grande jato biplace possui um desempenho similar ao do Tornado IDS, europeu, porém o desenho é bem mais convencional apresentando asas fixas alta, como no jato de ataque AMX usado pelo Brasil e Itália.
Acima: O JH-7 visto desse angulo se assemelha ao jato de ataque italo-brasileiro AMX, devido as asas altas e as entradas de ar em posição alta na fuselagem. Porém as semelhanças acabam aqui. O JH-7 é muito mais capaz que o pequeno jato AMX.

O projeto do JH-7 começou na década de 70, visando preencher os requisitos de um substituto para o jato de ataque Q-5 da força aérea chinesa. O projeto do JH-7 teve uma gestação bastante lenta chegando a um primeiro protótipo só em 1988. Esse primeiro protótipo apresentou inúmeros problemas, notadamente com os motores Xian WS-9, que é a versão do Rolls Royce Spey MK-202, do mesmo tipo usado nos caças F-4K/ M da Royal Navy e RAF, fabricado sob licença chinesa que consegue produzir 9120 kg de empuxo usando o pós-combustor. A versão chinesa desse motor teve sérios problemas o que acabou levando a força aérea chinesa adotar caças Su-27 e Su-30 Flanker russos para a missão de interceptação e interdição.

Mesmo com a aquisição desses caças russos o desenvolvimento do JH-7 continuou até se resolverem os problemas, o que aconteceu em 1994 quando o JH-7 entrou em serviço naquela força aérea com 20 unidades entregues. O JH-7 tem uma velocidade máxima de mach 1.7 (1800 km/h) e seu raio de ataque é considerado muito bom, chegando a 1759 km e o alcance de translado é de 3700 km, também considerado muito bom. Esse bom desempenho é resultado do baixo consumo dos motores Spey e da boa capacidade de transporte de combustível do JH-7.
Acima: A China possui 80 caças bombardeiro JH-7A que são operados em missões de bombardeiro e ataque antinavio, normalmente.

Com a aquisição dos caças Flankers, pela força aérea chinesa, os caças JH-7 não seriam necessários para cumprir as missões que o Flanker já estava cumprindo e por isso, o JH-7 passou a ser usado como um avião de bombardeiro e ataque naval. Um detalhe é que, mesmo o JH-7 tendo sido projetado para operar em missões ar ar, ele ainda tem uma capacidade de manobra limitada em 7 Gs, índice, este, bem inferior ao dos caças Flankers.

O JH-7 pode ser armado com mísseis antinavio C-802 guiados por radar ativo e com alcance de 120 km. Este míssil usa uma ogiva de 165 kg de alto explosivo perfurante de blindagem detonada com retardo para permitir que a explosão se inicie dentro do navio, causando danos muito mais sérios. Uma versão de ataque terrestre deste míssil, chamada de KD-88, com alcance aumentado para 200 km e ogiva de 165 kg pode ser usada pelo JH-7, também. Embora este míssil use radar ativo e sistema inercial para guiamento, no futuro ele será aperfeiçoado com guiagem por GPS com sistema de TV na fase terminal, para melhorar ainda mais sua precisão.

Para missões de supressão de defesa antiaérea, o JH-7 usa o míssil KR-1, que é a versão chinesa do míssil russo KH-31P Kripton. O KR-1 é guiado pelas ondas do radar inimigo para poder destruir suas antenas e assim inutilizar as baterias de mísseis antiaéreas inimigas. O KR-1 tem alcance de 110 km e sua ogiva de carga moldada tem 87 kg de alto explosivo. Um dado interessante é que o sistema de guiagem do KR-1 está otimizado para seguir ondas de radar das bandas D e F, que são as bandas padrão dos radares de Taiwan, país com que a China mantém uma tensão devido ao não reconhecimento da autonomia deste.

O JH-7 pode ser armado com bombas guiadas a laser de 227 kg, fabricadas pela China ou bombas de queda livre de diversos tipos. As bombas guiadas a laser, especificamente, são orientadas por um casulo com um designador laser integrado ao sistema Blue Sky, similar ao casulo LANTIRN usado nos caças F-16 e F-15E dos Estados Unidos. O JH-7 pode, ainda, ser armados com casulos de foguetes não guiados de 53 ou 90 mm para saturação de área.

Para auto defesa, pode ser usados os mísseis de curto alcance PL-5, similar ao míssil AA-2 Atoll, míssil de curto alcance PL-8, versão chinesa do míssil israelense Python 3 e o míssil de curto alcance PL-9, de fabricação original chinesa. Todos os três mísseis mencionados são guiados por calor e possuem alcances entre 15 e 22 km. Um canhão GSh-23L de cano duplo em calibre 23 mm de fabricação russa está instalado internamente no JH-3. Esse canhão possui uma cadencia de 3600 tiros por minuto e a capacidade do JH-7 é de 300 cartuchos.
Acima: Aqui temos um desenho de um JH-7 armado com dois misseis C-802 nos cabides externos, dois misseis KR-31 nos cabides internos e dois mísseis PL-5 de curto alcance nas pontas das asas.

O JH-7 é equipado com um radar JL-10A de fabricação chinesa. Este radar é de varredura mecânica e tem antena plana, como no radar APG 68 usado nos caças F-16C. Este radar é capaz de detectar um navio a 104 km, e um caça do tamanho de um MIG-21 pode ser detectado a 80 km no modo look up e a 50 km, no modo look down. O JH-7 pode receber um sistema de detecção por infravermelho montado em um casulo. Há um sistema GPS instalado sendo que sua aviônica é bem completa, contendo ainda um sistema ECM T-605B para guerra eletrônica causando interferência nos radares inimigos. Há um sistema de alerta de radar (RWR) RW-1045 e um sistema IFF (identificação amigo/ inimigo) KJ-8602.

O JH-7 usa um barramento padrão ocidental MIL/STD 1553B, facilitando a integração de armas e aviônicos de procedência ocidental, caso um cliente quisesse modificar algum sistema. O JH-7 não tinha todos estes “apetrechos” originalmente. Esses equipamentos foram colocados na versão mais atual, conhecida como JH-7 A, sendo que todos os JH-7 anteriores a este padrão passaram por uma atualização para os elevar ao padrão atual.
Acima: O painel do JH-7 é similar a de um caça F-16A concentrando a maioria dos dados de navegação e combate em 2 displays multifunção e tendo alguns instrumentos analógico que são usados como backup em caso de falha dos sistemas digitais.
O JH-7 é fruto da decisão chinesa de desenvolver sua industria militar. Com 80 caças JH-7 em serviço, divididos em 4 regimentos com 20 unidades cada, o JH-7 certamente não é o caça bombardeiro mais moderno do mundo, porém o know how adquirido no desenvolvimento deste avião, somado a continuação dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento tem apresentado resultados visíveis na qualidade e capacidades dos novos sistemas de armas chineses. Outro exemplo disso é o caça J-10, já apresentado nesse blog e que, realmente, é uma aeronave moderna e perigosa no combate aéreo.
Acima: Desenho em 4 vistas do JH-7A.
FICHA TECNICA
Velocidade de cruzeiro: mach 0.80 (950 km/h)
Velocidade máxima: mach 1,7 (1800 km/h)
Razão de subida: 5000 m/min (estimado)
Teto operacional: 16000 m
Peso/Potência: 0,84
Fator de carga: +7 Gs.
Taxa de giro: 14º/s (estimado)
Razão de rolamento: 200º/s (estimado)
Raio de ação/ alcance: 1759 km/ 3700 km.
Radar: JL-10 A com 104 km de alcance contra alvos do tamanho de um navio e 80 km contra um alvo do tamanho de um caça.
Empuxo: 2 motores Xian WS-9 com 9120 kg de empuxo cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 22,32 m
Envergadura: 12,8 m
Altura: 6,22 m
Peso: 14500 Kg (Vazio).
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil PL-5, PL-8 e PL-9
Ar superficie: Bombas de queda livre (burras); Bombas guiadas a Laser de 227 kg; Míssil C-802 antinavio, Míssil de cruzeiro KD-88, Míssil KR-1 anti-radar; casulos de 57 e 90 mm.
Interno: 1 canhão GSh-23L de canos duplos em calibre 23 mm e 300 cartuchos.
Total de 6500 kg de armamento externo transportado em 9 pontos fixos.
Vídeo: