Boeing F-15SE - Silent Eagle

Conheça o F-15 Silent Eagle, o mais novo modelo do caça que é considerado um dos melhores aviões de combate do mundo

Fonte: Avião Reuve - Fernando Fischer / texto: Luis Calvo e Santiago Oliver


Chamado F-15SE (Silent Eagle ou Águia Silenciosa), esta nova versão do famoso jato norte-americano, utiliza vários avanços tecnológicos descobertos desde que foi lançado o modelo anterior, o F-15E, no qual estão baseadas as versões adaptadas para os últimos clientes: Israel (F-15I), Coréia do Sul (F-15K) e Cingapura (F-15G).

Após comprar a McDonnell Douglas, a Boeing era um dos principais fornecedores das Forças Armadas dos EUA, mas ficou de fora das concorrências para a nova geração de caças. A do F-35 a perdeu e, no F-22, embora seja sócia da Lockheed Martin, seu papel é de fornecedor de componentes.

Contudo, o nercado internacional pedia um avião com capacidades semelhantes aos chamados jatos de quinta geração, porém, com preço acessível.

Imaginemos que o governo dos EUA veta a venda de aeronaves F-22 a Austrália e ao Japão e que o F-35 não é a opção adequada para suas necessidades. A Austrália comprou o F/A-18E/F Super Hornet para substituir seus F/A-18A/B Hornet, enquanto Japão, usuário do F-15 está pendente de uma decisão sobre a substituição da sua frota de F-4 Phantom II. É importnate levar em conta que tanto o F-22 quanto o F-35 podem transportar cargas externas, pelo qual, as suas características de furtividade diante dos radares inimigos praticamente desaparecem. Todo armamento pendurado é um autêntico refletor de radar.

Por isso, em 17 de março de 2009, a Boeing Company mostrou na sua fábrica de St Louis, no Estado de MIssouri, EUA, o F-15SE (Silent Eagle), que não é simplesmente uma modernização com novos equipamentos e armas, trata-se de uma nova configuração do F-15 projetada para atender às futuras necessidades de clientes estrangeiros.

De acordo com Mark Bass, vice-presidente da Boeing para o programa F-15, "o F-15 Silent Eagle foi projetado para atender aos nosso clientes internacionais, antecipando as suas necessidades de uma aeronave que possa transportar grandes e variadas cargas úteis de armas , além de tecnologias stealth (furtivas), com boa relação custo-benefício".

Do ponto de vista puramente visual, o que mais chama a atenção são as novas derivas, as quais deixam de ser verticais para estar agora inclinadas para fora e que se trata de um avião totalmente limpo, sem cargas externas.

As derivas inclinadas 15º ajudam a reduzir a assinatura de radar, melhoram a eficiência aerodinâmica, proporcionam sustentação, reduzem o peso e melhoraram o comportamento aerodinâmico do F-15. Outro elemento que melhora a aerodinâmica da aeronave é o DFCS (Digital Flight Control System ou Sistema Digital de Controle de Voo) que aumenta a segurança do avião e diminui o peso da célula.


Para reduzir ainda mais a assinatura de radar, além de usar um novo tipo de pintura absorvente das ondas dos radares (principalmente nos bordos das asas, estabilizadores, derivas, entradas de ar do motores e boca do canhão) a Boeing equipou o F-15SE com quatro compartimentos que ocupam parte dos tanques de combustível localizados em ambos os lados da fuselagem, os quais podem transportar mísseis AIM-9 Sidewinder, AIM-120 AMRAAM e bombas SDB e inteligentes do tipo JDAM. Todo o armamento é controlado por um DEWS (Digital Electronic Warfare System ou Sistema Digital de Guerra Eletrônica).

Dessa forma, o F-15SE transforma-se num interceptador puro, capaz de atacar aeronaves inimigas sem ser detectado pelos seus radares, ou num bombardeiro com capacidade de se aproximar do alvo e lançar as sua armas inteligentes.

Nesse tipo de missão ele poderia substituir os Lockheed F-117 Nighthawk, cuja retirada de serviço já está prevista. Essas aeronaves foram as primeiras a atacar no Panamá e no Iraque, destruindo centros de comunicações e de comando, antes da chegada das primeiras ondas de ataque.

De acordo com alguns analistas, a Boeing teria conseguido diminuir a assinatura de radar do F-15 de cerca de 15 m² para 0,1 m², o que, apesar de tudo, continua sendo muito maior que a do F-22 ou a do F-35, mas, segundo parece, é inferior à do Rafale e à do Eurofighter.

Entretanto, o F-15SE não é um avião para uma única missão. Em cerca de duas horas ele pode ser convertido com a instalação de suportes sob as asas e na fuselagem para transportar, de forma tradicional, até 13 400 kg de cargas externas e cumprir qualquer missão realizada pelos F-15 atualmente em serviço. A modificação consiste em substituir os tanques adaptados à fuselagem equipados com os compartimentos de armas, por outros sem eles, como os usados nas versões anteriores do F-15.

Por enquanto, a Boeing apresentou um demonstrador que deverá iniciar os ensaios em voo no primeiro trimestre de 2010,com teste que incluirão o lançamento de armas a partir dos novos compartimentos, inclusive um míssil real.

Esse demonstrador não é mais que o protótipo do F-15E ao qual foram acrescentados modificações extrernas e compartimentos falsos. Até a data do voo, as peças falsas serão substituídas pelas reais.

Os novos compartimentos de armas estão, como já dizemos, ocupando parte do volume dos tanques de – pouco mais de 2 000 litros – de ambos os lados da fuselagem do F-15. Isso implica em uma redução da capacidade de combustível e deve ser lembrado que a aeronave não conta com outros tanque externos.

Essa diminuição do combustível não é totalmente compensada pelas melhorias aerodinâmicas do avião, pelo fato de não transportar cargas externas. A Boeing destaca que um F-15 SE em missão ar-superfície com cargas externas, possui um raio de ação de 1 850 km e, em uma missão ar-ar, esse raio cai para 1 650 km. Sem cargas externas, esses raios seriam de apenas 1 500 km e 1 300 km, respectivamente. Ou seja, cerca de 80%.

Os compartimentos de armas estão equipados com pontos duros que podem transportar várias configurações de arma mento. Para missões ar-superfície, ele consiste de oito bombas de pequeno diâmetro (SDB ( em suas siglas em inglês) ou quatro JDAM (bombas conjuntas de ataque direto) de 230 kg (500 lb). Para missões ar-ar, o armamento pode consistir de quatro mísseis, combinando AIM-9 Sidewinder e AIM-120 AMRAAM.

Também foi definida uma configuração de ataque ao solo, que consiste de duas bombas JDAM de 454 kg (1 000 lb) e dois mísseis AIM-120 AMRAAM (míssil ar-ar avançado de médio alcance), para defesa aérea. Tudo isso, mantendo o canhão interno M61A-1 Vulcan de 20 mm, com 502 projéteis.

Em configuração multimissão com cargas externas, o F-15SE dispõe de oito pontos duros para mísseis e 15 para armas ar-superfície, além de tanques alijáveis extras de combustível.

Para realizar a suas missões, o Boeing F-15SE contará com um radar APG-63(V)3 AESA, laçadores de iscas e dipolos na fuselagem (oito) e nos cones de cauda (dois em cada um), o que representa uma capacidade de lançamento de iscas térmicas e redar cerca de 50% superior à do F-15C.

Ele dispõe, também, de um sistema de detecção de ameaças semelhante ao dos Lockheed F-22 Raptor e F-35 Lightning II, com antenas que cobrem 100% do volume que rodeia a aeronave.

Além disso, no modo multimissão, o avião pode carregar até três sensores diferentes para navegação e ataque.

Entre outras características, o F-15SE terá capacidade para compartilhar a informação recolhida com seus sensores e receber diretamente a de outras aeronaves, sem a necessidade de utilizar a comunicação oral e o piloto poderá contar com um novo capacete equipado com um sistema integrado de aquisição de alvos.

Não é a primeira vez que a Boeing reinventa o F-15. Já o fez com o F-15E. Agora realiza uma aposta que pode ser considerada segura. Com novos sistemas que o equiparam aos mais modernos caças cuja disponibilidade no mercado é duvidosa, e com um preço muito inferior, o F-15SE poderá ser o avião de combate multimissão de muitos países que, até poucos anos atrás não podiam nem sonhar com possuir uma aeronave semelhante.