O Comandante da Armada, Melo Gomes, garantiu que os polémicos submarinos adquiridos por Paulo Portas na altura em que este era ministro da Defesa são essenciais para o País e que seria muito mais dispendioso não os ter, em especial para as gerações vindouras.
Apesar de rejeitar um envolvimento no "Caso dos Submarinos", investigado pela Procuradoria-geral da República, o Comandante realçou, num discurso proferido na quinta-feira, a importância desta aquisição, uma vez que, segundo o próprio, "o País não pode ceder a outros a sua responsabilidade soberana e de intervenção nas zonas oceânicas do seu interesse estratégico."
Recorde-se que os submarinos vão chegar em 2010 e 2011, mas o seu processo de aquisição nunca foi pacífico. O programa de reequipamento militar envolve mil milhões de euros e o contrato levanta dúvidas que estão a ser investigadas pelo Ministério Público.
O NRP Tridente é uma versão dos submarinos alemães da classe U-209 e teve, como madrinha de baptismo Alda Taborda, a mulher do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama. Esse vaso de guerra chega a Portugal no início de 2010.
O programa dos submarinos foi lançado há mais de uma década e formalmente assinado em 2004, exigindo um investimento da ordem dos mil milhões de euros. Os SS PO 2000 - como são designados os dois submarinos portugueses que substituem os da classe Albacora (em rigor apenas um, o Barracuda, uma vez que os outros já não navegam) - colocam a Armada ao nível das melhores Marinhas europeias em matéria de capacidade submarina, segundo os especialistas.
O Tridente e o Arpão (o segundo dos novos submarinos, que poderá chegar a Portugal apenas em 2011 devido a questões de contabilidade financeira) têm capacidade para navegar em quase todo o Atlântico Sul, circum-navegando o continente africano através do Oceano Índico e do Mar Mediterrâneo, passando pelo Golfo Pérsico. O Mar das Caraíbas passa a estar igualmente ao alcance do poder naval lusitano.
Missões de protecção e apoio a forças navais e anfíbias (vigilância, reconhecimento, recolha de informações em áreas hostis), projecção de força e manutenção de paz, operações de contraterrorismo e combate ao narcotráfico "num contexto alargado de segurança e defesa" são, segundo a Armada, algumas das potencialidades oferecidas pela esquadrilha dos dois SS PO 2000. Destaque ainda para as operações submarinas contra navios de superfície e outros submarinos, ou também para interditar determinadas áreas, portos, faixas costeiras e zonas de navegação de interesse, sublinhou o ramo.
O programa permite reduzir também os custos de operação e manutenção da actual esquadrilha de submarinos, bem como os de pessoal, pois as novas guarnições passam a ter apenas 33 efectivos, menos 21 que as do Barracuda.
Os novos SS PO 2000 conseguirão atingir uma velocidade máxima de 20 nós e ter uma autonomia de 45 dias. A profundidade máxima operacional será de 300 metros.
O presidente do Parlamento, Jaime Gama, o ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, o presidente da Comissão de Defesa, Miranda Calha, e os chefes do Estado-Maior--General das Forças Armadas (CEMGFA) e da Armada (CEMA), general Valença Pinto e almirante Melo Gomes, foram alguns dos convidados que assistiram à cerimónia de ontem nos estaleiros do fabricante alemão HDW.
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