Fonte: Último Segundo - Via Plano Brasil
“Há contestação de algumas áreas fora do pré-sal. Por diferença de interpretação de limites, por parte de outros [países]. Então, em conseqüência disso, o Brasil não fechou ainda acordo internacional das novas áreas [de fronteiras]”, explicou Gabrielli.
Após a entrevista ao iG, nesta manhã, na sede da Petrobras, no Rio, Gabrielli seguiu para Brasília, para um encontro com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. O ministro é responsável pelas discussões sobre limites de fronteiras junto à ONU, mas Gabrielli nega que este seja o tema do encontro. O executivo se limitou a dizer que a reunião com Jobim vai tratar de questões de “logística, poluição, desenvolvimento tecnológico, infraestrutura” e assuntos “amplos, gerais e irrestritos”.
É importante ressaltar que, recentemente, o Ministério da Defesa manifestou intenção de contratar submarinos para proteger a produção de campos de petróleo.
Até a África
Gabrielli confirmou que pode haver grandes reservatórios de petróleo abaixo da camada pré-sal ao longo do oceano Atlântico, entre a costa brasileira e a africana. Mas ele explicou que, por causa da estrutura geológica dos oceanos, os reservatórios não são contínuos.
“A partir de determinadas profundidades não tem petróleo por causa da pressão. A pressão da água, em lâminas d’água muito profundas, não permite que tenha petróleo. [...] Isso [possibilidade de reservatórios no oceano Atlântico, longe da costa brasileira] depende da anatomia dentro do mar. As fossas entre os dois continentes são de quatro mil metros. Mas em alguns locais podem existir [reservatórios]”.
O geológo Márcio Mello, presidente da HRT Petróleo, também avalia que o petróleo pré-sal extrapola as fronteiras do Brasil. “Você acha que o petróleo do pré-sal acaba justamente onde termina a fronteira do Brasil?”, indaga. Onde há fissuras e a profundidade não é tão grande, segundo ele, há reservas, como indicam estudos baseados em satélites.
Gabrielli, contudo, sinaliza que não há necessidade de discutir ou pleitear a ampliação das fronteiras brasileiras em relação ao pré-sal, mesmo que ali haja petróleo. Dada a dimensão do que já está legitimamente nas mãos do Brasil, não haveria recursos para explorar as demais áreas.
“Nós temos tanta coisa ainda a fazer aqui … São 149 mil quilômetros quadrados dos quais só 42 são concedidos. [O que foi licitado] É aquela picanha do pré-sal”, concluiu.
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