Que falta faz uma Marinha preparada

Fonte: Poder Naval

O terremoto no Haiti vai mostrar novamente a fragilidade da capacidade de apoio logístico das Forças Armadas brasileiras, em particular a da Marinha.

Logicamente, ainda é cedo para se saber tudo o que é necessário mandar para a área (já há informações sobre o envio de equipamento capaz de produzir água potável), embora os EUA já tenham se antecipado enviando um navio-aeródromo de propulsão nuclear, que de imediato pode contribuir com suas instalações médicas e seus helicópteros. Há que se levar em conta, porém, que a distância dos EUA para o Haiti é pequena. Mas o fato é que os EUA são um país preparado para oferecer o mesmo tipo de assistência em âmbito global, devido a seus interesses também globais.

O Brasil, por sua vez, não pode enviar o NAe São Paulo, que ainda não voltou a operar depois do longo período de reparos.

Conta-se nos dedos de uma mão os navios que a Marinha poderá dispor para enviar ao Haiti, na sua maioria navios comprados usados e que não estão com suas máquinas em condição 100%.

Novamente também, o fato da Marinha estar quase toda concentrada no Rio de Janeiro (no caso da esquadra e suas unidades de grande porte) não permite uma reação rápida para locais mais distantes, como aconteceu na operação de resgate do voo AF447.

É preciso que nossas autoridades percebam que uma Marinha não se improvisa e que leva décadas para se preparar uma força de apoio logístico capaz de atuar com eficiência tanto na paz quanto na guerra, em qualquer lugar de interesse nacional.

O Brasil almeja um lugar no Conselho de Segurança da ONU e quer ampliar ainda mais sua participação no cenário internacional. Mas, infelizmente, sua capacidade militar e de projeção de poder atuais não dão respaldo a essa aspiração.