O desenvolvimento nacional depende, essencialmente, de investimentos públicos em projetos capazes de consolidar a infraestrutura industrial. Sem essa diretiva, não há atrativos para o capital privado, nem empreendimentos capazes de expandir o mercado de emprego, a renda e o crescimento. Essa premissa macroeconômica precisa ser lembrada, tempestivamente, de modo especial quando questões de menor porte tentam frustrar iniciativas relevantes.
Como parte dessa conjuntura, tornou-se rotina, no País, a procrastinação dos grandes projetos, imprescindíveis às transformações econômicas e sociais de regiões carentes do suprimento de energia, transportes, industrialização e geração de oportunidades de trabalho. Os obstáculos levantados para barrar ou, no mínimo, retardar a execução desses empreendimentos transformadores têm sido, por excelência, a legislação ambiental.
Ora, o País registra, na evolução de sua história, a pilhagem desbragada de seu vasto patrimônio natural, iniciada com as primeiras aventuras comerciais dos descobridores, continuando esse sistema desigual mediante a imposição de um comércio bilateral nem sempre baseado no interesse comum das partes contratantes. Hoje, as consequências da política colonialista se projetam nas disparidades regionais cada vez mais acentuadas.
Portanto, corrigir a defasagem imposta pelo tempo exige pressa dos formuladores da política nacional de desenvolvimento, sem que essa presteza signifique um salvo-conduto para o agravamento do meio ambiente, já por demais afetado pela cobiça e o imediatismo de seus exploradores. Implantar hidrelétricas no Norte do Brasil, atrofiado no seu crescimento pela ausência de um insumo básico, como a energia elétrica, não significa, necessariamente, desequilibrar a floresta. Pelo contrário. Contribuirá para preservá-la.
O Ceará vive um impasse dessa ordem. O programa nacional de modernização e renovação da frota de navios gaseiros da Petrobras prevê a construção de oito dessas embarcações como parte de uma encomenda maior de 49 navios. O revigoramento da indústria naval virá com o surgimento de 6 estaleiros, sendo 3 no Nordeste, 2 no Rio de Janeiro e um em Santa Catarina. Na cota do Nordeste, um ficaria em Fortaleza.
O empreendimento prevê investimento de US$ 100 milhões, a oferta de 1.500 empregos diretos, 6 mil indiretos, localização no Mucuripe, faturamento anual de US$ 200 milhões e índice de nacionalização de 70%. Esse estaleiro não pode encontrar barreiras ilógicas para tentar impedir sua concretização, como vem sendo arguido com as terras previstas para a instalação da refinaria de petróleo. Iniciativas dessa ordem denotam visão mesquinha sobre um projeto desenvolvimentista.
O governador do Estado tem se voltado com entusiasmo para essa nova indústria naval. A ele devem ser oferecidas as condições políticas e institucionais para viabilizá-la. A enseada do Mucuripe oferece as condições marítimas para um estaleiro desse porte, num litoral de águas rasas e de falta de oportunidades para impulsionar a exploração de seus recursos naturais.
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Os projetos compreendem uma nova ponte de acesso ao quebra-mar existente com 1.800 metros de extensão, pavimentação de 1.000 metros sobre o quebra-mar; a construção de 930 metros de cais de atracação com três berços para a exportação de placas produzidas pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), projetos conceituais de dois píeres de granéis líquidos para as operações da Refinaria Premium II, um píer de granéis sólidos para a operação da Transnordestina Logística e edificações de apoio."
http://www.psbnacional.org.br/index.php/content/view/7501.html