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Discurso verde acelera projeto de usinas nucleares no mundo

Fonte: O Globo

A crescente preocupação com o aquecimento e a busca por diversificação estão impulsionando investimentos em nuclear. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), 53 usinas estão em construção hoje no mundo, com capacidade total de 47.223 megawatts (MW) e previsão para entrada em operação até 2017. Se os cronogramas forem cumpridos, a capacidade global de geração nuclear terá crescido 12,7% até lá. Atualmente, existem 436 centrais em atividade, totalizando 370.304 MW, mostra reportagem de Danielle Nogueira, publicada nesta segunda-feira pelo jornal O GLOBO.

O avanço será ainda maior, se forem consideraradas as usinas planejadas. Segundo a Associação Mundial de Energia Nuclear, que reúne empresas do setor, há projetos de 135 centrais (148 mil MW), que, somadas às 53 em obras, elevariam a capacidade atual em mais de 50%. Não há, porém, datas estabelecidas para que elas comecem a funcionar, pois muitas ainda dependem de autorizações. Angra 3, por exemplo, foi incluída nesta conta, apesar de as obras de preparação do terreno da nova usina estarem em andamento desde o fim de 2009.

Ainda que a expansão do uso da energia nuclear fique limitada aos quase 13% nos próximos oito anos, é um aumento significativo, se comparado aos mais de 20 anos ao longo dos quais a oferta se manteve estagnada. Desde 1986, quando o acidente de Chernobyl - na Ucrânia que à época integrava a União Soviética - assustou o mundo, a construção de centrais foi praticamente paralisada.

Sem novos grandes acidentes desde então, a bandeira da energia limpa é o principal argumento no qual se apóiam os defensores das usinas nucleares. Estudos mostram que, levando em conta todas as etapas da produção, incluindo a extração do urânio e a fabricação de equipamentos usados na geração de energia, a nuclear é a que menos emite CO2.

Com isso, vários governos deram sinais de que vão retomar seus programas nucleares este ano, mesmo em meio à polêmica quanto ao destino final dos rejeitos de alta radioatividade, já que inexistem depósitos definitivos em operação no mundo. Quem lidera a corrida é a China, cujo histórico de preocupação com as mudanças climáticas não é dos mais admirados, seguida da Rússia, Coreia do Sul e Índia.

O caráter estratégico da energia nuclear - dominar a tecnologia a partir do beneficiamento do urânio para energia é visto por muitos como o primeiro passo para seu uso para fins bélicos - também está por trás da retomada, especialmente no Oriente Médio.