O Governo da Argentina começou hoje a tomar medidas para evitar que o Reino Unido dê andamento ao plano de iniciar prospecção petrolífera nas ilhas Malvinas, cuja soberania é disputada pelos dos países.
A primeira delas foi proibir a operação em todos os portos do país da embarcação “Thor Leader”, que transportou ao arquipélago material para a exploração petrolífera planejada por uma empresa britânica, atividade rejeitada pelo Governo argentino.
A segunda foi começar a trabalhar na apresentação de uma queixa nas Nações Unidas, segundo acordaram o chanceler argentino, Jorge Taiana, e Fabiana Ríos, governadora da província da Terra do Fogo, jurisdição em que estão as ilhas.
O “Thor Leader”, ancorado em um porto de Buenos Aires desde 4 de fevereiro, levou peças às Malvinas para a empresa Desire Petroleum em janeiro passado.
“Está proibida toda operação em portos argentinos da embarcação ‘Thor Leader’, de bandeira das Ilhas de Man, até que cumpra a normativa vigente”, afirmou hoje em resolução o Subsecretariado de Portos e Vias Navegáveis da Argentina.
O Governo impediu nesta quarta-feira o embarque no “Thor Leader” de canos de aço fabricados pela empresa argentina Techint por considerar que o navio violou as normas relativas a operações portuárias vigentes no país.
A siderúrgica negou hoje que a carga tivesse como destino as Malvinas e afirmou que era para ser levada a portos do Mediterrâneo.
Fontes da embaixada britânica em Buenos Aires consultadas pela Agência Efe não quiseram se pronunciar sobre a situação específica do “Thor Leader”.
“Este é um tema para a Argentina e de como aplica suas leis em seu próprio território. O Reino Unido não tem nenhuma dúvida sobre sua soberania sobre as Falkland (Malvinas) e as áreas marítimas do em torno e está claro que a prospecção de hidrocarbonetos é uma tarefa legítima”, assinalaram.
Enquanto isso, Taiana e Ríos se reuniram hoje na sede da Chancelaria para analisar a estratégia legal que levará adiante o país, e acordaram um “trabalho conjunto” para apresentar uma queixa perante a ONU.
“Nossa exigência é permanente. Vamos continuar fazendo e tomaremos todas as medidas que forem necessárias no marco jurídico e diplomático para preservar nossos direitos”, destacou Taiana.
“Nós nas Nações Unidas temos nossa presença e nossa exigência de soberania reiterada. E certamente, no Comitê de Descolonização (do organismo), vai estar presente a posição argentina em junho e nunca descartamos ter presença adicional quando isso for oportuno”, apontou.
Ríos, por sua vez, considerou “uma intromissão” a intenção britânica de iniciar a busca de petróleo.
Segundo ela, a escalada do conflito com o Reino Unido começou “a partir da definição dos limites da província da Terra do Fogo”, que foram fixados por lei pelo Parlamento e promulgados em dezembro de 2009.
Em virtude dos anúncios de iminente perfuração nas Malvinas, na semana passada o Governo da Argentina apresentou um protesto perante o Reino Unido e renovou suas advertências às petrolíferas que operam no arquipélago.
Segundo Buenos Aires, as empresas serão “passíveis de ações judiciais nos máximos tribunais pela potencial prospecção e exploração de recursos argentinos”.
O conflito pela soberania das ilhas Malvinas provocou em 1982 uma guerra entre Argentina e Reino Unido, que terminou com a derrota do país sul-americano e a morte de quase mil soldados.
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