O ministro da Defesa francês, Herve Morin, prometeu nesta terça-feira uma investigação transparente das alegações publicadas em um jornal local de que o governo da França teria exposto deliberadamente seus soldados a contaminação nuclear durante testes.
O jornal Le Parisien alega que teve acesso a documentos secretos que mostrariam que a França expôs seus soldados a explosões nucleares na Argélia na década de 1960.
O objetivo seria estudar o efeito da radiação atômica nos seres humanos. Segundo o jornal, 300 militares foram deliberadamente expostos, participando de experiências que os obrigavam a entrar em áreas contaminadas.
Morin afirmou que todos os testes efetuados na época ocorreram de forma segura, mas afirmou que uma nova investigação será realizada.
Manobras arriscadas
Segundo a correspondente da BBC em Paris, Emma Kirby, o Le Parisien citou um relatório oficial do Ministério de Defesa.
De acordo com os documentos, o Exército francês enviou seus soldados em manobras arriscadas, deliberadamente, no dia 25 de abril de 1961, com o objetivo de "estudar o efeito físico e psicológico de armas atômicas em humanos", para prepará-los para a guerra moderna.
O jornal afirmou que o documento detalhava como a experiência funcionava, explicando que cerca de 300 soldados vestidos apenas com bermudas e camisetas receberam ordens de se deitar e cobrir os olhos durante as explosões.
Outros teriam sido obrigados a entrar na área contaminada para checar o impacto da explosão e determinar se teriam capacidade física de resistir no caso de um ataque nuclear.
O ministro da Defesa insistiu que as doses de radioatividade recebidas pelos soldados naquela ocasião foram baixas, mas prometeu a realização de mais pesquisas científicas e a divulgação total dos resultados ao público.
O governo francês já concordou em indenizar as vítimas de experiências nucleares realizadas na década de 1960 na Argélia, reconhecendo a ligação entre as explosões realizadas no país e doenças como câncer diagnosticadas em veteranos.
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