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Iranianos não querem bomba, diz pesquisa
Levantamento de universidade dos EUA com cidadãos do país persa mostra, porém, que população não abre mão de programa nuclear Dos entrevistados, 38% foram favoráveis à produção do artefato militar, enquanto 55% disseram que o país deve buscar somente energia

Fonte: Folha de São Paulo Por: CLAUDIA ANTUNES

Uma pesquisa feita pelo projeto Opinião Pública Mundial, da Universidade de Maryland (EUA), sugere que a maioria dos iranianos é contrária a que seu país produza a bomba atômica, mas defende a continuidade do programa de enriquecimento de urânio.

A pesquisa, que ouviu por telefone 1.003 pessoas no Irã, em agosto e setembro, está em relatório recém-divulgado pela universidade, no qual são comparados levantamentos sobre as eleições do ano passado, o regime islâmico e a política externa do país.

O próprio diretor do projeto, Steven Kull, disse em conferência na semana passada que os dados devem ser analisados com cuidado, já que é impossível medir o quanto os entrevistados disseram o que pensam ou foram afetados pelo medo da repressão que se abateu sobre a oposição ao presidente Mahmoud Ahmadinejad depois do pleito de junho.

Mas Kull afirmou que a maioria dos resultados se mostrou coerente com os de levantamentos anteriores às eleições, quando o debate político iraniano se dava em ambiente mais aberto.

Na seção sobre política externa, 38% dos entrevistados foram favoráveis à produção da bomba, enquanto 55% disseram que o país deve desenvolver somente energia nuclear. A maioria foi favorável a diálogo "incondicional" com os EUA (60%) e ao restabelecimento de relações diplomáticas com Washington (63%).

Questionados sobre o impacto das sanções internacionais ao Irã, 60% disseram que ele é muito ou bastante negativo. A maioria também previu que certamente (35%) ou provavelmente (30%) as punições seriam ampliadas se o país não cumprisse a exigência do Conselho de Segurança da ONU de que suspendesse o enriquecimento de urânio.

No entanto, 55% se disseram contrários a um acordo em que essa exigência fosse cumprida. Em contraste, 65% admitiriam que inspetores internacionais tivessem "acesso irrestrito" a todas as instalações nucleares do país, desde que o Irã mantivesse a produção do combustível nuclear.

Embora tenha assinado o Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação, abrindo caminho para inspeções intrusivas, o Irã não o ratificou. Por outro lado, nenhuma proposta feita ao país desde 2003, quando foi acusado de ter programa militar secreto, admitiu que ele mantenha o domínio do ciclo do combustível -direito dos signatários do TNP que não detêm armas atômicas.

Na política interna, a pesquisa sugere que a legitimidade de Ahmadinejad poderia ser maior do que se crê -66% disseram que sua reeleição, apontada como fraudulenta pela oposição, foi "livre e limpa".
No entanto, quando questionados em quem votariam se a votação se repetisse, 49% apontaram o presidente (que teve oficialmente 62,7% dos votos), 8% seu principal opositor, Mir Hossein Mousavi (que teve 33%), e 26% disseram não saber ou se negaram a responder.

Kull, o coordenador da pesquisa, foi ainda mais cauteloso ao analisar essa parte do levantamento, afirmando que os dados não permitem "respostas definitivas", negativas ou positivas, sobre a popularidade do atual governo iraniano.



http://msnbcmedia.msn.com/i/msnbc/Components/Interactives/News/International/Mideast/Iran_ballistic_missiles.jpg


Entenda o caso:

1) O que causou a nova onda de alarme com o programa nuclear iraniano? O Irã anunciou que irá produzir urânio mais enriquecido em sua usina de Natanz. Até agora, o país enriquecia o material a 3,75%, suficiente para um reator civil, mas passará a enriquecer a 20%, o que diz visar a alimentação de um reator medicinal que pesquisaria tratamentos para o câncer. Mas poucos países creem que o Irã realmente quer -ou conseguiria- desenvolver tais tratamentos

2) Se o nível de enriquecimento ainda está longe dos 90%, qual é a gravidade da ação? Enriquecer urânio a 20% é um grande passo em direção ao nível necessário a uma bomba nuclear (90%). Segundo físicos, o processo mais difícil é o inicial, quando se aprende a passar de um enriquecimento de 0,7% para 3,75%. Uma vez que um país domina a tecnologia necessária para chegar a 20%, elevar o enriquecimento a 90% não é tão difícil

3) O Irã tem os meios para isso? Sim. Precisa apenas reconfigurar a tubulação e algumas características técnicas da usina de Natanz. A expectativa é que o pais produza urânio enriquecido a 20% antes mesmo do fim deste ano

4) O quão avançado é o programa nuclear do país? Não tanto quanto Teerã gostaria. A usina de Natanz não é tão eficiente quanto o esperado. O número de centrífugas operacionais de enriquecimento de urânio caiu de 4.920 em maio para 3.936 em novembro, sugerindo problemas de falhas e falta de peças de reposição. Mas a quantidade de reservas de urânio pouco enriquecido do Irã já é suficiente para uma bomba, se forem enriquecidas em nível ainda mais alto

5) Em quanto tempo o Irã poderia conseguir uma bomba nuclear? Segundo a AIEA, o país começará a produção de urânio mais enriquecido em questão de dias. Os EUA dizem que o Irã é tecnicamente capaz de produzir material suficiente para uma bomba nos "próximos anos" -o que significa, para analistas, de 2 a 3 anos. O Irã está tendo sucesso com o desenvolvimento de mísseis balísticos de médio alcance. Não está claro como está em termos do desenho de uma ogiva nuclear, mas há uma crença crescente entre serviços de inteligência de que o país está investindo neste aspecto do programa

6) Como é possível impedir esse desenvolvimento? Os EUA esperam que outra rodada de sanções da ONU force o Irã a repensar seus planos. A retórica russa tem endurecido, mas a China ainda reluta em apoiar sanções

7) Qual o risco de um ataque militar contra o Irã? Israel está hoje menos inclinado a um ataque imediato devido aos problemas em Natanz. Mas os israelenses poderão atacar se Teerã chegar realmente perto de alcançar um artefato nuclear

Fonte: "Financial Times".


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