Peruanos e equatorianos foram à guerra no início de 1995 por causa da Cordilheira do Condor, ou Alto Cenepa, um pedaço de selva ao pé dos Andes em que não há acordo sobre a fronteira. Para manter os dois exércitos afastados, Brasil, Argentina, Chile e Estados Unidos criaram uma zona desmilitarizada e a Missão de Observadores Militares de Equador e Peru (Momep) para vigiá-la. Não é uma intervenção, já que conta com o apoio dos países em conflito, que, inclusive, racham a conta de US$ 5 milhões por ano. Tampouco há mandato de uma organização internacional como a ONU.

Peru e Equador aceitam cessar-fogo
Os governos do Peru e do Equador concordaram em um cessar-fogo na região fronteiriça da Cordilheira do Condor sob a condição de que os países avalistas do Protocolo do Rio de Janeiro (assinado em 1942 com o intuito de pôr fim aos conflitos na região) enviassem comissões de observadores ao local dos combates. As comissões integradas pelos adidos militares do Brasil, Argentina, Chile e Estados Unidos partiram no dia 2 das capitais dos países em conflito. A parte mais difícil das negociações foi convencer os equatorianos a aceitarem o apelo de cessar-fogo, feito pelo Peru no dia anterior.

O Equador tinha como princípio não aceitar a mediação dos países garantidores, porque rompera unilateralmente com o Protocolo do Rio de Janeiro, em 1960, mas acabou cedendo devido à pressão dos membros da Organização dos Estados Americanos (OEA). “Os representantes da Argentina, Brasil, Chile e Estados Unidos expressaram aos governos amigos do Peru e do Equador sua profunda satisfação diante da decisão de pôr fim a um conflito que inquietava a todo o continente, criando assim novas condições para a consolidação da paz”, dizia uma nota do Itamaraty, onde foram feitas as negociações de cessar-fogo durante quase uma semana.

Nos Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores equatoriano, Alfonso Barrera, disse que o cessar-fogo entre ambos os países, acertado em Brasília, devia ser visto como a “abertura de uma porta” para a negociação, no âmbito da OEA, de “acordos dignos” para uma paz duradoura.

Os conflitos na fronteira mal delineada entre o Peru e o Equador se agravaram na guerra declarada de 1941, quando os peruanos invadiram o país vizinho em um ataque surpresa, que só terminou em 1942, com a assinatura do Protocolo do Rio de Janeiro.
Por não ser muito preciso, o documento foi contestado pelo Equador em 1981, devido aos erros geográficos, o que, segundo ele, propiciou o ataque armado ao Peru. Mesmo com o cessar-fogo mediado pelo Brasil em 1981, a área continuou tensa, provocando outros embates em 1995.